Flórida
St. Augustine, 1750
Ava estava sentada no banco da igreja ouvindo o padre reger a missa. Enquanto a maioria das crianças dormiam sobre os ombros dos pais, Isobel preferia se atentar ao que o padre Michael tinha a dizer.
Ainda era manhã, mas a pequena Ava estava tão radiante quanto o sol que brilhava lá fora. Sentada entre seus pais, ela sentia-se segura por estar ali e gostava bastante do cheiro de margaridas que exalava de sua mãe.
Elizabeth, assim como sua filha, adorava as manhãs de domingo na igreja. Por outro lado, Edgar detestava acordar cedo para sair de sua fazenda e ir à missa. Ambos eram diferentes, mas os dois amavam Ava incondicionalmente e fariam de tudo para vê-la feliz.
Ava olhou para seus pais com um sorriso no rosto: Elizabeth, com seus olhos castanhos, olhava atentamente para o altar; já Edgar cochilava brevemente no assento, enquanto sua cabeça despencava vagarosamente para o lado. Ava quis rir daquilo e acordá-lo, mas preferiu deixar que ele dormisse um pouco mais antes da missa chegar ao fim.
Ao terminar, Ava e sua família se despediam das pessoas amigavelmente. Por motivos que não entendia, algumas pessoas preferiam passar por eles sem cumprimentar e saíam cochichando umas com as outras enquanto olhavam de relance para a pequena garota. Era um comportamento estranho, mas frequente em todos os lugares que ela visitava.
- Vamos, querida? - Elizabeth chamou por sua filha, enquanto Edgar se preparava para sair.
- Espera um pouco, mamãe, o padre Michael está vindo.
Ao ver o homem se aproximando, Ava abriu um grande sorriso e o abraçou no momento em que ele se abaixou para ficar mais ou menos na altura dela. Os pais da menina observavam tudo com olhares carinhosos e sorrisos largos; eles adoravam as interações entre eles dois.
O homem de cabelos grisalhos soltou-se do abraço e tirou uma mecha de cabelos alaranjados que caía no rosto da pequena.
- É incrível olhar para você e perceber que já está tão crescida, minha pequena. Parece que foi ontem mesmo que você era um bebezinho nos braços da sua mãe!
- Mas a mamãe ainda me deixa ficar no colo dela, às vezes. Então ainda não sou tão grande assim, padre.
- Verdade, verdade. Você ainda é pequena.
O padre se ergueu e dirigiu-se aos pais da menina, levando-a consigo enquanto andava.
- Essa garotinha é uma graça. Não vão acreditar no que ela me contou esses dias: disse que a irmã Abigail a assustava quando a encarava durante as missas.
O padre riu e a pequena Ava o acompanhou, mas sua mãe não acreditou no que acabara de ouvir e a repreendeu:
- Ava isobel feyler, isso não é coisa que se fale de uma freira! vai pedir desculpas a ela por isso da próxima vez que a virmos.
- Desculpe, mamãe.
A pequena isobel entristeceu-se por ver que seus pais não achavam tão engraçado quanto o padre. Baixou a cabeça envergonhada e se aproximou do pai que a recebeu com um leve carinho no ombro.
- Não se preocupem, a irmã Abigail não é muito agradável para as crianças mesmo. A maioria delas tem medo de que ela os coloque de castigo em algum lugar escuro do convento.
Elizabeth aceitou aquilo com um breve sorriso e um balançar de cabeça, enquanto Ava permanecia em silencio, porém com um sorrisinho no canto da boca.

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Filha Do Mal (Pausado)
ParanormalUma enfermeira do St. Augustine Hospital fica responsável por dar assistência a uma idosa que acabou de fazer uma cirurgia. Ao ver que a mulher não tem acompanhantes, a enfermeira passa a dar mais atenção para a senhora e acabam se tornando muito pr...