capítulo 15

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Jack entra na casa e tudo esta quieto, as luzes estão apagadas e o silêncio paira no ambiente, cambaleia até o móvel mais próximo e joga as chaves do carro e o celular em cima do mesmo, dirige-se a cozinha tropeçando na cadeira, fazendo-a cair provocando um estrondo alto.

Elle aparece na porta com cara de sono e vestindo um robe de seda branco acinzentado.

- Você chegou - fala bocejando.

Jack a ignora e abre uma cerveja bebendo um gole.

- Acho que já bebeu o suficiente, não acha? - pergunta cautelosa de braços cruzados encostada na parede.

- Desde quando virou fiscal? - responde Jack rudemente.

- Não preciso ser fiscal para perceber isso, é só olhar pro seu estado.

- E de quem acha que é a culpa, Eleanor? - fala em voz baixa - por sua causa fui feito de idiota e ridicularizado pelo Will hoje.

- Jack...

- Cala a boca, ainda não terminei - bebe mais um gole da cerveja.

Elle congela, pode-se ouvir as batidas de seu coração, como se fossem tambores dentro do peito.

- Você é casada, e saiu de casa, roubou dinheiro da minha carteira para realizar tal façanha, passou semanas sem que eu sequer soubesse de seu paradeiro, quando finalmente te encontro, você está... - ri - trabalhando em uma lanchonete como uma garçonete qualquer e toda derretida por um babaca aproveitador, sabe quão ridículo isso soa?

- Jack você...

- JA MANDEI CALAR PORRA DA BOCA - grita jogando a garrafa na parede ao lado dela, ela grita e se encolhe com o susto - eu não terminei de falar - completa falando normalmente.

- Olha o que me fez fazer Elle, eu mal tinha tomado aquela cerveja.

Elle esta paralisada e começa a chorar, rapidamente enxuga as lágrimas que insistem em cair, não consegue fazer parar apesar de lutar muito contra elas, na sua mão ele vê sangue. O estilhaço da garrafa havia cortado seu rosto, só então ela sente o ferimento queimar.

- Esta chorando porquê? Acha que tem motivos pra isso? - pergunta abrindo outra garrafa de cerveja.

Não consegue parar e agora estava sentada no chão enquanto soluçava descontroladamente. Jack se levanta com dificuldade e vai até ela a puxando pelo braço para que se levante.

- PARE DE CHORAR - grita.

Ela balança a cabeça negativamente e abre a boca para falar, mas nenhum som sai de sua boca, a não ser o soluço de seu choro deseperado.

Jack a estapeia no rosto.

Elle coloca a mão sob o local atingido, não mais soluçava, mas as lágrimas ainda caiam em suas bochechas, ela sente a lágrima descer gelada na parte quente onde a mão de Jack a acertou.

- Melhorou - disse indiferente bebendo mais um gole de sua cerveja - não podia ser diferente, você só escuta assim, não é?

Elle não responde, mas Jack percebe algo diferente em seu olhar.

- Que foi, por quê esta me olhando desse jeito? - franze o cenho e bebe mais um gole.

- N-Não vou mais aceitar ser tratada dessa forma, Jack. - fala gaguejando com um pingo de coragem que surge.

- E vai fazer o que? - questiona entredentes se aproximando dela - Acha que pode fazer algo pra me impedir? - A empurra contra a parede e ela bate de costas na estrutura e com o impacto e a dor, desliza sentando-se no chão, mas antes que conseguisse sentar-se Jack a puxa de volta pelos cabelos fazendo-a se levantar e aproximando seu rosto ao dele.

- Eu sou mais forte que você, Elle.

Ela tenta tirar as mãos dele de seus cabelos, mas isso só faz com que ele segure com mais força, ela fecha os olhos com a dor, com a outra mão Jack bebeu mais um gole de sua cerveja, e ela aproveitou para empurrá-lo, ele cambaleou pra trás, tentando recuperar o equilíbrio e Elle correu para tentar fugir, mas ao chegar a porta, ele a alcança e a puxa pelos cabelos, a fazendo cair no chão atrás dele, ela grita.

- Pare Jack, por favor - suplica aos prantos.

- Você não vai fugir Eleanor, e você sabe que ninguém vai te ouvir, esqueceu que escolhemos essa casa pelo sossego de ser longe da cidade... e de vizinhos - fala abrindo um sorriso assustador para ela.

Elle levanta e vai até a cozinha ficando atrás da mesa de jantar.

- Qual é, pare de joguinhos Elle, você não tem pra onde correr - fala impaciente.

- Não se aproxime Jack.

- Ou o quê? - fala se aproximando.

Elle tenta usar a mesa para mantê-lo afastado.

- Uma hora eu vou pegar você, e vai se arrepender de estar fazendo isso.

Elle vê a porta e tenta traçar um modo de chegar lá sem que Jack a alcance, quando vê a oportunidade corre para entrada da cozinha, mas Jack a alcança e joga o peso de seu corpo sobre ela, a imprensando na parede, segura seu pescoço apertando-o.

- Viu Elle, como essas pessoas te influenciaram pro mal, o que te fizeram pensar? Que podia me enfrentar? Você não é capaz disso, nunca será, ENTENDEU?

Elle segura sua mão tentando livrar seu pescoço, não conseguia respirar, seu rosto ja estava ficando vermelho. Seus olhos enchem de lágrima novamente, sente sua visão embaçar e tudo que vê é o rosto de Jack, que era puro ódio, seus olhos estavam vermelhos e ele fitava seus olhos enquanto ela sentia a vida esvaindo-se lentamente.

Em um último ato de desespero um pico de adrenalina toma conta do corpo de Elle e ela usa toda força que lhe resta para tentar empurrar Jack, ele se afasta um pouco e escorrega na cerveja derramada no chão. Tudo depois disso acontece em câmera lenta.

Jack escorrega no piso molhado, se desequilibra e cai, batendo a cabeça na mesa de jantar que estava atrás deles, imediatamente o sangue começa a escorrer pelo chão misturando-se com a cerveja derramada.

- Jack? - o chama sacudindo-o - Jack, acorde - chora desesperadamente.

O desespero toma conta de Elle e ela corre até a sala, pegando o celular dele, ligando para emergência.

- A-Alô? É da emergência? Meu marido caiu e bateu a cabeça esta saindo muito sangue e ele está desacordado, por favor, venham rápido.

Volta para a cozinha e senta ao lado do Jack enquanto aguarda a ambulância chegar segurando sua mão e com a cabeça entre os joelhos, tentando controlar o choro.

- Por favor senhor, não permita que ele morra, por favor - suplicava baixinho de olhos fechados.

Ao longe podia-se ouvir as sirenes da ambulância se aproximando.

Se não sou eu, quem vai me fazer feliz?Onde histórias criam vida. Descubra agora