"Eu confesso" [2]

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"Incendeie seu coração, e se lembre de respirar."
Capítulo 1 [2] • "Eu confesso."

  Tanjiro, como mandado de seu antigo amigo, foi procurar o caderno que dizia coisas sobre a respiração das chamas. E sendo uma boa oportunidade para se fortalecer, tanto o físico, quando o psicológico.
  Quando achou o caderno, observou uma foto de Rengoku, Gyuu, Sanemi e Obanai, percebendo que antes da morte do hashira, eram bastante próximos.
  Suspirou e saiu do quarto sem muita demora. Olhou em volta, percebendo seu professor andando até o mesmo:
- Vamos, Tanjiro. Hoje, será mais pesado, então se prepare, não vai ter descanso.
Ordenou, e o menino apenas afirmou, entendendo e compreendendo o espaço, e a dor de Gyuu Tomioka.
  Antes que fosse procurar algo, guardou a espada em seu quarto, a deixando nas mãos de Nezuko. E assim, foi procurar o que queria.

  Chegaram no meio de uma floresta, e Tomioka lhe entregou uma espada nova:
- Desta vez, a luta é comigo.
  E assim, começaram seu treinamento.
   Tanjiro já havia chegado ao seu ápice, mas ainda focava em manter sua respiração. Quando Tomioka foi atacar novamente, desta vez pelo lado esquerdo, o menino desviou e pensou em como fazer para vencer Gyuu. Não sendo um completo idiota, segurou firme a sua espada, decidindo usar a respiração da água, primeira forma. Mas Tomioka sendo experiente, não deixou e prendeu Kamado contra a árvore, segurando seus braços. Gyuu estava diferente, ele estava totalmente desigual. Decidindo não dizer nada, Tanjiro se rendeu, e a luta acabou com um clima tenso entre os dois. Não era tão confortável quanto costumava ser, mas ainda assim, Kamado havia de aceitar aquilo.
  Voltando à base dos hashiras, Shinazugawa estava escorado no portão principal. Tanjiro apenas adentrou sem dar muita atenção àquilo, mas Sanemi não deixou Gyuu passar, e o prendeu contra a parede:
- Cara, você tá muito estranho. - Lhe encarou de cima a baixo- Por que, está sentindo tanta falta do Rengoku! Aceita, ele já está morto!
- Ele morreu me protegendo. - Sussurrou com peso em sua consciência- De novo... De novo, mais uma pessoa morreu me protegendo!
Seus olhos começaram a despejar lágrimas, Tomioka já não aguentava mais. Aquilo doía tanto, para si mesmo, que precisava apenas conversar, mas nem ele sabia daquilo. Fugindo de si mesmo, de seus próprios demônios que corriam lhe atormentar. A água não é uma respiração, mas ajuda ainda mais Gyuu se afogar em suas profundezas. Sanemi lhe encarou com pena, mas sabia que Tomioka não gostava daquele olhar, então desviou, o mais baixo tentou se soltar, mas foi uma tentativa falha, fazendo apenas o pilar do vento, lhe fitara novamente:
- Me solta, me solta! Eu só quero ficar sozinho... - Reclamou tentando sair. Por mais que pudesse sair, já que era um hashira, estava sem força para aquilo. E achava impiedoso chorar na frente de seu amigo e inimigo- Shinazugawa...
Sussurrou, apenas queria ser solto, mas Sanemi encarou seus lábios e desviou o olhar com uma expressão irritada. Apertou ainda mais os punhos do outro, e lhe olhou. Antes que Tomioka reclamasse de novo, Sanemi lhe deu um beijo, selando seus lábios com agressividade. Tomioka ficou totalmente surpreso por aquilo, mas não negou que estava bem. Cruzou seus braços na nuca do maior, e Shinazugawa segurou sua cintura, prensando ainda mais sobre a parede, o corpo de Tomioka. Por fim, Sanemi encerrou o beijo, mordendo o lábio inferior de Tomioka. Se encararam por um tempo, estando poucos rubros com o que acabará de ocorrer. Mas ainda assim, não se soltaram:
- O que foi isso?
- Um beijo. - Respondeu com um sorriso de canto- Inesquecível, né?
- Não sei... - Aproximou o rosto- eu tenho que recordar o sabor.
E agora, Tomioka tomou iniciativa, apertando os cabelos brancos do outro que colou seus corpos ainda mais.
  Gyuu se sentia bem ao lado de seu querido "inimigo" e dizia aquilo, porque eles apenas competiam, em mínimas coisas, Tomioka e Sanemi estavam competindo sobre tal assunto. E sempre acabava em um único vencedor, e outro perdedor.
  Por mais que, sentiam algo um pelo outro, não iriam admitir jamais. Até porque, quem admitirá algo pelo próprio íntimo, a não ser desgosto?
  Eram rivais, mas... Bons rivais. Conseguiram considerar a amizade e a rivalidade em uma balança que estava minimamente equilibrada. Então não havia do que reclamar, se estavam bem assim, então, que continue assim.:
- Tomioka, olha... Faz tempo que eu queria te falar isso. - Olhou nos olhos azuis- Eu sei, parece meio surreal. Mas... Eu, - a esse ponto Shinazugawa estava totalmente vermelho, ele realmente estava prestes a fazer isso?- não sei por onde começar.
Tomioka sorriu fraco, e deitou a cabeça na clavícula do outro:
- Pode dizer, sem medo, eu não vou questionar.
Sanemi soltou um suspiro cansado e nervoso, e assim, começou a falar:
- Desde o momento em que eu percebi que estava apaixonado, eu não sabia o que era. Estava totalmente confuso sobre mim, e sobre meus sentimentos. Seus olhos, tão azuis, quanto a própria água do oceano, e profundos quanto o próprio abismo, não deixavam de passar por minha mente. Eu sempre reparava minimamente em você, e muitas vezes, acabava por sentir um interesse. Mas meu coração palpitava fortemente, porém eu me sentia calmo e confortável com a sua presença. Eu confesso, Gyuu, gosto de você, e não quero perder o meu Tomioka.
Tomioka sorriu minimamente, e fechou seus olhos se confortando ainda mais no corpo de Sanemi, até que ambos ouviram uma voz reconhecível:
- Casal gay!
Gritou correndo até ambos, e advinha, era Uzui Tengen, o hashira que usa a respiração do sol. Sanemi acabou por xingar o outro, e Gyuu apenas considerou Uzui um fantasma e esqueceu de sua existência. Só sabia que estava tudo bem, e era aquilo que importava.

  "Mas a felicidade pode acabar... E sempre há cheiro de sangue."

Um Sol na escuridão [Muitan]Onde histórias criam vida. Descubra agora