Acordes de Amor Sob o Sol

Ⅷ. Sem Nada a Dizer

A semana começou como qualquer outra semana em minha vida, porém, a maior diferença era James, nós estávamos nós vendo todos os dias. Depois daquele beijo, algo mudou entre nós, não claramente, em nem colocado em palavras, mas algo havia mudado em ambos. A conexão que sentíamos era clara, mesmo sem palavras.

Na segunda-feira, nos encontramos para que tomássemos café antes do trabalho, ou seja, quase as cinco horas da manhã. James estava me esperando em um carro muito bonito e chique, os vidros eram tão escuros que não se podia ver nada dentro. Como esperado ele estava com café e pãezinhos recheados. Ele sorriu quando me viu entrar, e eu me derreti dentro de mim, com um calor desconhecido no peito.

— Bom dia, Sol, raio de Sol brilhante. — Disse cantarolando enquanto me entregava um dos cafés. — Não lembrei de te perguntar como gostava do café e como você vive sem telefone não pude perguntar. Então adivinhei, pedi com leite e açúcar.

— Bom dia, você acertou, de amargo em minha vida não quero nem o café. — Falei enquanto bebericava a bebida que estava ainda muito quente.

Tomamos café e conversamos amenidades como dois amigos de anos, a nossa proximidade só crescia. Nossos olhares não se desviavam e havia sempre um sorriso em meus lábios, sem nenhum esforço.

Na terça-feira, James me buscou no trabalho. E nesse dia caminhamos, conversamos e eu contei sobre o meu dia, James me contou sobre a entrevista que deu a uma grande emissora e me contou quando iria ao ar. Sentamos em uma praça deserta e provavelmente perigosa para se estar a noite, mas não tinha nada melhor do que estar ali, fazendo nada e ao mesmo tempo aproveitando tudo.

Na quarta-feira, dia de jogo, era um clássico, a cidade estava um inferno, então resolvemos que iriamos ao cinema, haviam tantos filmes em cartaz, mas eu pedi para vermos "Um Lugar Chamado Notting Hill" e James me contou como conhecia os atores e enquanto assistíamos notei que eles faziam parte da trilha sonora. Quando acabamos esse, ainda era cedo e resolvemos ver outro filme, agora uma comédia, assistimos "O paizão" me peguei rindo das reações de James mais do que ria do filme. Ele me olhava de vez em quando. Quando terminamos, ficamos no estacionamento do cinema durante muito tempo, entre conversas e amassos.

Na quinta-feira, jantamos fora. Em um restaurante chique, diferente de todos os outros lugares, lá eles reconheceram James, haviam reservas, tudo muito discreto, mas algumas pessoas vieram a mesa pedir autografo e uma pessoa tinha até uma maquina fotográfica. James segurou minha mão o jantar quase inteiro e me fez rir quando o macarrão era tão gostoso que fez o meu parecer veneno. Enquanto eu olhava em seus olhos, senti o mundo inteiro desaparecer ao meu redor, ali só existia a gente e nada mais.

Na sexta-feira não poderíamos nos ver, ele tinha compromissos de trabalho e agora todos já sabiam que ele e banda permaneciam no país. Tudo virou uma bagunça e muito se falava em uma mulher misteriosa que estava com ele em um jantar. Haviam fotos e mais fotos minhas em revistas por todos os lados, mas em nenhuma havia meu rosto, o que foi de longe um alivio, pois, em nenhuma delas havia coisas boas sobre a "garota misteriosa". A noite foi lenta e um pouco triste, com poucos dias eu já estava acostumada à sua presença. Quando já estava pegando no sono, por volta das 00hrs, batidas a porta me despertaram, James estava lá, visivelmente drogado e bêbado, mas neste momento, tudo que eu pude reparar era em como ele tinha vindo mais uma vez até mim. Ele mal se aguentava em pé, cheirando álcool e cigarro, deitou na cama falando coisas desconexas e do mesmo jeito que chegou, dormiu.

E assim, sem nenhuma palavra dele, eu me iludi, criei fantasias de amor perfeito. Os meus sentimentos já me dominavam de um jeito que eu nunca deixei acontecer, eu sabia quem eu era, eu sabia o meu lugar, mas com ele nada disso importava. Eu necessitava sempre de um pouco mais dele.