Ⅶ. Conexão

6 1 0
                                    


— Espero não estar atrapalhando... — Disse um James que parecia estar meio alterado, seu cheiro era uma mistura de alcool, perfume caro e cigarro.

Minha cara era total surpresa, não o esperava ver mais, não que eu não quisesse, porém não era algo esperado. Ele estava vindo aqui a três noites seguidas, conversávamos, mas nunca saímos daqui deste quadrado.

— Não está atrapalhando nada, só não te esperava. Na verdade, não esperava mais te ver. — Falei verdadeiramente enquanto dava passagem para que ele entrasse.

Mordi meu lábio inferior um pouco mais nervosa do que eu gostaria, enquanto trancava a porta pensava no que falar, não consegui entender este nervosismo crescente, talvez não poder cumprimentar ele com um selinho para quebrar o clima contribuísse fortemente para isso. Me virei e ele me encarrava curioso, seu rosto era um misto de risada contida e duvida.

— Então quer dizer que a garota veneno usa pijama de desenho animado quando pensa que ninguém vai visita-la? — Disse se aproximando de mim.

— Desenho animado? Não, isso aqui é a ultima moda em Paris, não soube? — Cruzei meus braços em frente ao peito. — Eu esperava que estrelas do rock conhecessem mais sobre as maiores tendencias atuais.

Explodimos os dois em seguida numa risada conjunta. Antes que ele pudesse falar lago, emendei a conversa o convidando para comer comigo.

— Quer jantar comigo? Acabei de fazer algo e tem o suficiente para nós dois.

Ele assentiu com a cabeça e logo estávamos sentados sobre a minha cama, apenas a luz fraca e amarela da cozinha iluminava o restante. Hoje era sexta e o barulho abafado dos bares e eventos das proximidades ecoavam pelo ambiente. Na primeira garfada senti o quão ruim estava o macarrão, parecia uma massa insossa de farinha e molho. Estávamos tentando comer, mas novamente havia uma tensão entre nós.

— Posso te falar uma coisa? Sem ofensas? — Disse James, engolindo a seco e com dificuldade o macarrão ruim e talvez mal cozido. — Esse é o pior macarrão que eu já comi na vida.

— Eu sei! Mal da pra engolir essa gororoba. — Respondi, sorri divertida tentando não transparecer a sensação de estranhamento.

Ele pegou o garfo e se forçou a comer, comia devagar e sofrendo ainda mais. Eu fazia o mesmo, focada no prato, tentei encarrar os locais do quarto ao redor. Algo em mim estava crescendo, mesmo sem saber direito o que era, eu sabia que precisava frear, mas como frearia se ao mesmo tempo que sentia medo gostaria de aproveitar mais e mais?

— Posso te levar a um lugar amanhã? — Ele disse com um sorriso daqueles que a gente sente as borboletas no estomago começarem a criar vida.

— Onde você quer me levar?

— Em um lugar diferente, você vai gostar. Eu resolvi passar o resto das férias da turnê aqui na cidade, então tenho dois meses e muito tempo para aproveitar. — Me disse enquanto se aproximava um pouco mais.

Ambos abandonamos o macarrão e ficamos num silêncio esquisito, o ambiente não era desconfortável para mim, mas algo ali estava me deixando nervosa. Eu estava ansiosa para que pudéssemos fazer algo além de sentar nessa cama e falar ou transar.

— Como você vai fazer para que os paparazzis não te persigam, ou insinuem coisas? — Perguntei curiosa. — Você é famoso mundialmente e eu acho que nenhuma revista local sabe que você está ainda no País.

— Estou muito bem assessorado e a banda inteira resolveu ficar, então torna tudo mais fácil pra gente, não pra assessoria, porém os anos de estrada deixou a gente bem mais esperto.

Acordes de Amor Sob o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora