On Guard | Pitanda

Primeiro Encontro

Fernanda aguardava nervosamente no luxuoso escritório da empresa de fachada daquele homem criminoso e poderoso, esperando para conhecer seu novo cliente. Ela observou os detalhes elegantes do ambiente, consciente da seriedade do trabalho que a aguardava. Os retratos de Rodrigo Marinho nas paredes exibiam um homem de expressão severa e determinada, porém com ar jovial devido as suas vestes e estilo. Fernanda já havia lido o suficiente sobre ele e sua filha, Giovanna, para saber que estava prestes a enfrentar um grande desafio.

A porta se abriu, revelando Rodrigo Marinho acompanhado por seu advogado, apresentado pelo mesmo à ela como Sr. Pizane. Fernanda se levantou com postura invejável e determinação enquanto eles entravam.

"Senhorita Villa!", cumprimentou Rodrigo com uma voz grave e autoritária. "Sou Rodrigo Marinho, mas creio que disso você já sabe, todos nesse país me conhecem muito bem, ou pelo menos acham que conhecem.", disse ele fazendo com que ela anotasse mentalmente em deboche e desdém que aquele cara se achava o 'fodão'. "Enfim, este é meu advogado, Sr. Pizane. Se não se importa, ele vai nos acompanhar para que fechemos acordo em total segurança judicial."

Fernanda fez um aceno de cabeça respeitoso. "Sr. Marinho, é um prazer conhecê-lo e por mim está tudo bem ele nos acompanhar. É um prazer conhecê-lo também sr. Pizane."

"O prazer é todo meu senhorita Villa, mas já que provavelmente seremos colegas de trabalho, pode me chamar só de Pizane, me sinto um velho com esse 'senhor'.

"Certo!", ela respondeu forçando para soar simpática um bom humor que não tinha. Fazia tempo que tinha endurecido com a vida e não esboçava risos fáceis para piadas ou coisas do tipo.

Rodrigo gesturou para que ela se sentasse, enquanto ele e Pizane tomavam seus lugares à mesa. "Indo direto ao assunto, pelo que li na sua ficha entendo que você é especialista em segurança de alto risco. Estou buscando alguém do seu nível, que seja capaz de proteger minha filha."

Fernanda assentiu, mantendo seu olhar firme. "Estou ciente de toda a situação, Sr. Marinho. Tenho experiência em lidar com desafios complexos de segurança máxima, não querendo ser desrespeitosa, mas acho que lidar com uma adolescente rebelde seria até brincadeira de criança para mim."

Rodrigo riu de sua fala, olhou para seu advogado que repetiu o ato deixando Villa um tanto confusa e logo lançou um olhar significativo em direção à porta. "Ela está a caminho, senhorita Villa. Giovanna não é mais uma adolescente, ela já está na casa dos vinte, mas pode ser um tanto desafiadora e tão teimosa quanto uma mesmo, por isso peço que primeiro veja ela além do que possa ter sido informado por terceiros e então decidiremos se fechamos acordo."

Após isso, silêncio tomou conta da sala, Fernanda começou a se qjetjinar onde estaria se metendo, mas não teve tempo de pensar demais ou de refutar o homem, já que a porta se abriu novamente e Giovanna Marinho entrou, sua presença preenchendo a sala com uma energia vibrante e um ar de desafio imediatamente vindo junto dela para Fernanda. Ela tinha cabelos escuros com mechas encaracoladas em tons loiros nas pontas, seus fios estavam caídos sobre os ombros e um sorriso travesso, ou até mesmo petulante, se mostrava presente em seus lábios.

"Você não desiste, né velho? Não precisa se preocupar tanto, eu já disse que sei me cuidar sozinha.", disse Giovanna com um ar de deboche que contrastava com a tensão ao redor dela. "Eu sei me cuidar muito bem, já provei isso quando meti uma bala na cara daquele atirador idiota."

Rodrigo suspirou, trocando um olhar resignado com Fernanda e Pizane. "Giovanna, esta é Fernanda Villa, uma ex combatente da guerra e segurança particular altamente treinada. Seja da sua vontade ou não minha filha, se for da vontade dela, ela será sua guarda-costas daqui para frente."

Giovanna virou seu olhar crítico para Fernanda na mesma hora, avaliando-a de cima a baixo com um misto de curiosidade e desdém. "Uma guarda-costas? Sério, pai? Eu não preciso disso, não quero ninguém agindo feito um fantasma na minha cola, não mesmo."

Fernanda manteve sua compostura profissional, mas seu olhar endureceu ligeiramente. "Com todo o respeito senhor, vou tomar a palavra. Senhorita Marinho, meu trabalho será garantir sua segurança e nada além, independentemente de suas opiniões, seu pai sabe o que está fazendo e assim como eu, sabe a necessidade disso."

Giovanna arqueou uma sobrancelha, desafiadora, notou desde o princípio que essa seria difícil de fazer desistir. "Não gosto da ideia de ter alguém me seguindo o tempo todo. Vou me sentir presa e tendo minha privacidade, que já é escassa, roubada por ela. Como vou ter minha vida pessoal, se é que me entendem, com alguém atrás de mim o tempo todo?"

"Você pode não gostar, mas é necessário.", interveio Rodrigo com firmeza. Giovanna sabia ser bem atrevida quando queria e ele ficava para morrer de vergonha e desconforto com o quão aberta e língua solta ela era sobre alguns assuntos. "Há ameaças lá fora que não podemos ignorar minha filha, a vida não é só as festas e eventos que você adora ir e os... casos de uma noite que tem, sei muito bem que está falando disso e peço que pare, não me interessa saber da sua vida sexual ativa demais pro meu gosto."

Fernanda suspirou internamente, sabendo que a dinâmica entre ela e Giovanna seria mais complicada do que imaginou. "Entendo sua preocupação, senhorita Marinho. Mas estou aqui para garantir que você possa viver sua vida com segurança em locais públicos, pra essas... necessidades humanas, a senhorita terá sua privacidade garantida, não se preocupe."

Giovanna cruzou os braços, um semblante de desafio em seu rosto. Observou Fernanda dos pés a cabeça, notando pela postura, fala e olhar que não vacilava quando a encarava que era uma mulher firme, que seria difícil de afetar. Acabou que quem se afetou com tudo isso foi ela e decidiu se dar por vencida, pelo menos por hora, mas antes de sair não deixou o clima leve, para provocar a agente ela falou: "Veremos quanto tempo você dura, Villa."