casa assombrada

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Naquele imenso espaço
jazia o vazio 
de anos remansado,
suplicando por um abraço,
de alguém que nunca veio.

A maciez empoeirada
de um móvel estragado,
enfeitava a madeira 
com madeixas brancas e finas,
representando sua sina.

Fadado ao temporal 
aguado de dias frios,
deixado de canto,
amansando um bichano 
que às vezes brotava para observar. 

Se em algum momento aparecia,
o vento não ouvia,
o farfalhar do grito mudo 
que estrondava a estrutura 
depois da meia-noite 
quando tudo estava escuro.

Sentia saudade 
do cheiro de café da dona,
que a enfeitou de amarelo, 
e cobriu de afeto 
as paredes manchadas.

Mas volta e meia ela voltava,
para ver se o gato miava,
depois dele ter ido embora 
a cinco anos atrás
pela solidão que asfixiava.

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