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Sadie Sink POV
17:57 PM

Saindo da delegacia, fiquei observando os carros que passavam em frente. Minha mente parecia ser martelada pelos pensamentos sobre Mattheo. Talvez fosse melhor ter ficado com aquela psicopata do que com ele. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos, e meus olhos se moveram, encarando um vulto no parque à minha frente, aumentando a inquietação que já eu sentia.

Era apenas o garoto de cabelos pretos.

O mesmo deposita um selinho em meus lábios frios.

-- Já terminou de passar as informações? -- Ele pergunta. Assinto. -- Não falou nada de onde fica, certo? -- Desta vez, nego. Me encolho em meu sobretudo preto, tentando me manter aquecida. Durante a tarde, uma leve tempestade de neve havia caído, deixando as ruas congeladas e algumas residências cobertas de um manto branco gelado.

Basicamente, eu estava na delegacia para entregar todas as informações necessárias para que encontrem S/n. Descrevi suas características, os lugares que ela frequentava regularmente. Mas havia um lugar que não pude mencionar. Seu esconderijo. O fato de a casa de Mattheo estar lá também complicava ainda mais a situação. Se revelasse o esconderijo, as autoridades apreenderiam suas coisas junto com as de S/n e perceberiam que ele estava envolvido.

Fomos para a minha casa, e de todas as formas possíveis, eu tentava evitar sua presença por perto. Perto do meu corpo. Me refugiava principalmente no meu quarto, mas sempre que ele tentava se aproximar, eu inventava na hora alguma tarefa na cozinha. A sensação de estar sendo caçada dentro da minha própria casa era sufocante.

Estou cansada disso. Às vezes, me pego implorando para ser sequestrada novamente, só pra me livrar desse doente. Achei que a psicopata fosse a garota que me sequestrou, mas, na verdade, tem sido ele o tempo todo.

S/n Montague POV

Minha cabeça estava quase fora do lugar.

Sempre que pensava em como pegar aqueles dois antes que me entregassem para a polícia, minha cabeça latejava de uma forma que poderia me enlouquecer. Estava tentando me recuperar dos ferimentos, mas sabia que as dores ainda me acompanhariam por um tempo e até mesmo quando eu estiver indo atrás deles.

Neste momento, eu estou sentada em frente ao computador, brincando no sistema que as autoridades usavam.

Havia uma grande lista de ocorrências e históricos, dando uma olhada em todos os nomes que ali estavam. O cursor se guia para o nome Michael Rock, um garoto jovem de cabelos loiros e olhos bem verdes. Analisando as informações existe um boletim acusando-o de estupro, à uma criança de 10 anos.

Respiro fundo e meu dedo puxa levemente o botão do meio do mouse, rolando a tela para baixo. Outras ocorrências também se tornam presentes, variando bastante. Estupro, porte de armamentos e infrações de trânsito. Ao lado de suas informações, as investigações ainda estavam em ativo.

Esse cara é interessante para me aprofundar em seus erros já registrados, mas que não duvido que outros já cometidos não estão ali por enquanto. Saio de sua página e volto para a lista principal dos acusados, descendo e descendo ainda mais, passando por rostos e nomes, até chegar no mais recente.

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S/n Montague Cecil ------ 01/14/24 - 18:01:36.

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-- Puta que pa- -- Murmuro, encarando a tela. Meu nome estava na lista. Mordo meu lábio inferior e aperto o mouse entre os dedos, sentindo a tensão percorrer todo meu corpo. Abro meu arquivo e arrasto a tela para baixo.

Fui acusada de porte ilegal de armas...? Um suspiro de alívio misturado com frustração escapa de meus lábios. Tudo bem, até que eu tenho pelo menos três armas compradas ilegalmente, mas sério, só isso? Diante de todas as coisas que eu já fiz e matei, essa acusação parece ser uma tentativa de me fazer rir.

Procureo por mais atualizações na lista, mas nada mais aparecia. Deveriam ter me denunciado por sequestro, tortura, assassinato. Tudo o que eu realmente fiz. Mas porte de armas? Um crime considerado leve em comparação. Um sorriso irônico se estampou em meu rosto enquanto fecho o sistema. Meu olhar vagueia pela tela do computador, observando cada ícone.

Entro no aplicativo de notas, mas está completamente vazio. Verifico a lixeira, que também parece vazio. Abro os arquivos e meu cursor se dirige automaticamente para a pasta de fotos. Meu coração acelera quando dou de cara com imagens de Sadie. Franzo o cenho abrindo a primeira foto.

Ela aparece sorrindo, as bochechas levemente coradas, segurando um gato laranja em seus braços. A luz suave da cozinha branca ao fundo, deixa a imagem ainda mais clara.

Passo para a segunda foto e é ela sorrindo para a câmera, debaixo de um cobertor roxo. Seus olhos brilham intensamente. Em suas mãos, uma bacia de pipoca, talvez para uma maratona de filmes? Eu não sei.

A terceira foto foi capturada com flash, e seus olhos brilhavam, as pupilas levemente dilatadas. Seus cabelos ruivos, bem cuidados, voavam com o vento, enquanto as sardas em seu rosto se destacavam. Com o tempo passando, meus olhos acabaram se fixando em seus lábios avermelhados, que pareciam convidativos.

Fecho rapidamente a galeria, tentando processar por que Sadie estaria ali, na coleção de fotos de Mattheo. A galeria do computador dele não deveria ter as imagens dela, e nunca que apareceram ali magicamente.

Mattheo, sem dúvida, estava envolvido em alguma coisa relacionada a Sadie. Não fazia nenhum sentido que ela quase me matasse enquanto eu tentava defendê-la daquele maníaco que estava tocando em seu corpo sem sua permissão.

A polícia já estava no meu pé e procurando por minha cara nas ruas, fato que provavelmente complicaria um pouco mais a situação de procurar eles pela cidade. Mas para mim, isso não era nada impossível. Eu conheço aquela cidade com a palma da minha mão, e sempre encontro um jeito de escapar.

Bom, de madrugada, eu me divirto.

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Mó cólica, senhor.

CAPÍTULO NÃO REVISADO!
(Pequenininho, eu sei.)

Silêncio Gélido - Sadie Elizabeth SinkOnde histórias criam vida. Descubra agora