[PARTE 1] A vida é o que acontece...

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A campainha fez você pular do sofá, o alívio enchendo seu peito. Enquanto caminhava até a porta do apartamento, você escutou o som de uma risada e ela te fez sorrir. Finalmente o seu coração estava em casa. Ao abrir, você encontrou um homem e um menino parados na porta, ambos com sorrisos enormes no rosto.

Mamá! — exclamou o menino, se jogando em seus braços enquanto ria.

— Oi, meu amor — você respondeu, dando um beijo em nos cabelos castanhos — Como você tá? Eu senti tanto sua falta.

— Eu também senti sua falta, mamá — ele murmurou, a cabeça aninhada em seu esterno e as mãos apoiadas firmemente em suas costas, como se estivesse prendendo você entre os braços. Depois do que pareceu uma eternidade longe dele, a última coisa que você queria era soltá-lo.

— Como foi sua semana? — você perguntou.

— Foi bom — respondeu o menino, virando a cabeça para o homem atrás dele — Andei muito de bicicleta, não foi, papá?

Você olhou para o par de olhos castanhos semelhantes aos do seu filho. O homem à sua frente tinha uma expressão terna e suave. Uma das mãos segurava as alças de uma mala de mão que você havia arrumado para o garoto e a outra estava enfiada no bolso da calça jeans escura. Ele parecia exatamente o mesmo de sete anos atrás, quando você o conheceu durante um evento da Richard Mille.

Você já trabalhava como designer para a marca de relógios há alguns anos e ganhou a reputação de criar algumas peças especialmente ousadas. Naquela noite, você comemorava o lançamento de sua mais nova criação, o RM 19-02, o primeiro com a tecnologia automática da marca, com uma flor de magnólia que abria e fechava conforme o movimento do mecanismo interno.

Ver as pessoas encantadas com sua criação e elogiando os pequenos detalhes era incrível, mas tudo virou ruído de fundo quando um homem incrivelmente bem vestido parou para olhar a peça na vitrine. Você já tinha visto o rosto dele antes, mas não conseguia lembrar o nome dele.

— Esse é seu, certo?

— O quê? — você perguntou, parte confusa com a imprecisão da pergunta dele e parte cativada pela suavidade do sotaque dele.

— O design. É seu?

— Sim, é meu.

Ele sorriu.

— Imaginei.

— Por quê? — você disse, erguendo uma sobrancelha para ele.

— É bonito como você.

Em pouco tempo, você descobriu que ele se chamava Fernando e era um amigo de longa data do próprio Richard Mille, o que significava que ele não era apenas um convidado comum na festa. Enquanto vocês dois continuavam conversando, ele começou a falar sobre carros, mas você já tinha parado de prestar atenção há muito tempo. Os lábios dele eram muito mais interessantes para você do que as palavras que saíam deles.

Acabar na cama com Fernando parecia inevitável. Mais tarde naquela noite, você não se importou com as marcas em seu pescoço ou com o volume de seus gemidos. Você não se importou com o quão forte ele segurou seu cabelo ou como seus quadris batiam nos dele. Você não se importou quando ele murmurou algo sobre a camisinha, as palavras passando batidas na névoa pós-orgasmo que nublava a sua mente.

No entanto, três meses depois, você percebeu que talvez devesse ter se importado um pouco mais.

A situação toda de ligar para Fernando e depois aparecer na porta da casa dele em Lugano com um teste de gravidez positivo na bolsa fazia você se sentir como se estivesse em uma daquelas séries dramáticas ruins. Você estava totalmente preparada para ele te humilhar e dizer que não poderia ter sido ele, que ele nunca teria engravidado uma mulher qualquer numa transa casual. Um buraco se formou em seu estômago enquanto você se preparava para o inevitável processo de paternidade que teria de abrir quando saísse dali.

[FERNANDO ALONSO] One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora