ֹ ׄ ݊ ݂ take me to the lakes ۪ ֹ ᮫

"Ahh, AQUELE Anderson?!"

O barulho dos duros sapatos de couro se repetia freneticamente, devido ao nervosismo que, em busca de alívio, batia os pés um no outro. Mesmo se quisesse, a ansiedade era muito maior que a vontade de Todd Anderson de agradar seus pais. Foi em direção ao carro, e logo estaria em sua nova realidade: o Colégio Welton. Era o que mais temia, era um dos seus pesadelos durante as insônias das longas noites. Ir para o colégio onde seu irmão, o grande orgulho da família Anderson, estudou. Indicando cada vez mais que seus pais ainda esperavam que o mais novo fosse como Jeffrey, seu irmão mais velho. Ora essa, como se Todd pudesse competir com o garoto de ouro, esse que era bom em tudo e destaque natural em qualquer ambiente que estivesse, coisa que o garoto menor, não poderia ser jamais, mesmo que desejasse isso com todas as forças. Todd era até certo ponto um comunal homem de sua família, devido a sua quietude, calma, paciência... mas estava muito além disso, ele era tímido demais, ansioso, e solitário demais. Então, óbvio que atrapalharia em seu desenvolvimento social e como consequência, em praticamente todos os desenvolvimentos que um adolescente normal tem. Todd não parecia poder superar o sentimento de inferioridade que possuía.

Seus duros pais. Não o maltratavam, é claro, sequer era necessário, já que o comparavam com Jeffrey o tempo inteiro. O deixam de lado o tempo inteiro. Não pareciam fazer questão de sua presença nos locais. É como se deixassem claro para quem quisesse observar, eles notoriamente tinham um filho preferido. E nem é imprescindível algum esforço para notar isso.
Eles achavam que o levando para lá, assim como seu filho mais velho, seria resolvido a incapacidade do garoto de se impor, melhorar suas notas e obter mais independência. Como também, como um dos bordões da escola interna, "disciplina", talvez o garoto estando lá, o colocassem nos trilhos até para outro empecilho. Empecilho esse que não era concretizado ainda. Era mais uma... precaução, pois a instituição conhecida como rígida, com toda a certeza daria um jeito num garoto com problemas de fragilidade como ele. Seria capaz de garantir maior força e masculinidade vindo dele, assim garantir uma afeição maior pelo sexo oposto, garantir que será o maior provedor de sua futura família. Para os Andersons, era esse o plano e dessa vez não iria falhar como na última escola, na qual tiveram que abafar a fogueira de um possível escândalo, com uma grande quantidade de dinheiro. Imaginem só, apenas um menino como ele sujar o sobrenome honrado, sortudo e grandioso da família? Jamais permitiram. Eles são incapazes de compreender, por que ele não pode ser como Jeffrey? Como eles falharam abruptamente com Todd? Não importava, era a hora de tentar corrigir o erro mais rápido que conseguissem. Talvez até tirando esse peso de seus ombros durante um tempo, e estavam gratos por isso.

Todd sabia bem que não era o amor e orgulho de sua família, que provavelmente o achavam fraco e insuficiente. O fato dele saber que estavam tentando dar um jeito nele, era agridoce para ele. Eles se importavam com o desenvolvimento dele afinal? Ou era para garantir que nada estragasse o plano de família ideal deles? Ele não tinha certeza, mas sabia que a pressão absolutamente aumentara. Ele estará pisando em solo do maior sucesso que a família dele já vira, e ele não conseguirá superar seu irmão nunca. Sequer poderia escalar o ápice que ele se tornou para tentar alcança-lo. Se Todd tivesse pelo menos uma prova, alguma pista que sua família o amava, independentemente de suas diferenças, estaria feito. Ele com certeza faria de tudo para deixá-los felizes, e seria um bom homem e constituiria sua própria família. Entraria nas trincheiras, escalaria os mais altos montes, daria sangue, ar, pulmões, tudo. Faria de tudo se conseguisse perceber que eles o achavam suficiente. Porém, a única coisa que conseguia perceber deles era que queriam se livrar logo dele. Portanto, não seria extraordinário e incrível, tentaria ser bom, ser básico como ele mesmo era. Agradar o mínimo a eles. Depois, crescer e se formar, tentar ser independente, sem que tenha que dar satisfações para ninguém. Obter sua solitude e ser nem que seja mediamente, feliz.
Bom, para sua mente, ele conseguiria. Não era brilhante ou fantástico, mas era um bom aluno e nessa escola renomada, talvez aumentasse um pouco mais suas notas. Talvez conseguisse que seu pai, sua mãe e seu irmão não o odiassem.
Ainda nesses pensamentos, ouve os passos do Senhor e Senhora Anderson, sem pressa em direção do carro, vendo que o filho já estava lá, apenas seguiram normalmente.

- Tudo certo, filho? Não está esquecendo de nada, não é? - sua mãe perguntou.

- Peguei tudo, mãe. Está tudo certo.

- Ótimo, então estamos indo. Acho que você irá gostar no final de tudo, é um bom colégio. - Disse seu pai para ele.

- É, pode ser.

O homem mais velho presente ligou o carro, e lá se foram os três loiros Anderson para a propriedade Welton. Talvez Todd realmente gostasse de lá no final de tudo. Afinal, o que lhe aguardava?