Chapter One

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Hannah colocava todos seus gizes de cera em uma fila, do mais escuro ao mais claro. Toda vez que um deles rolava os saía do lugar, começava tudo de novo.

- Hannah...? - Sua mãe se aproximou da menina devagar. - Já está na hora de ir para cama. Não quer ir dormir?

A mulher sorriu e segurou no braço de pequena.

Hannah gritou e puxou seu braço. Balançou seu corpo para frente e para trás, fazendo barulhos com a boca.

- Hannah, olha aqui. - Apontou para um grande relógio feito de EVA na parede em frente da mesa.

Lá tinha toda a rotina da garota, uma rotina que devia seguir todos os dias sem exceções.

Hannah continuou a colocar seus gizes enfileirados, nem olhou para a mulher. A mãe pegou um dos gizes chamando a atenção de Hannah.

A garota arregalou os olhos, gritou e bateu na mesa.

- Olha. - Encostou o giz no relógio, sabia que assim a filha olharia. - Já são oito e meia, hora da Hannah ir dormir.

- Oito e meia! - Gritou, dando tapas na mesa.

- Isso, oito e meia. - Entregou o giz na mão da menor.

Hannah raramente falava por si só. Geralmente apenas repetia o que ouvia. Sua primeira palavra foi aos sete anos quando viu um comercial de pasta de dente e repetiu a palavra "sorriso". Sua mãe ficou tão feliz em ouvir a filha falar.

- Vem com a mamãe agora?

A menor apertou seu giz contra o peito e levantou-se. Andou até o quarto. Deitou na cama e começou a estalar a língua no céu da boca.

- Minha pequena, você tem que colocar o pijama antes de dormir.

A mais velha foi até a mesinha que tinha no quarto da menina e pegou um cartão que continha um desenho de uma menina vestindo um pijama lilás.

Hannah levantou e foi direto para seu armário. Pegou a farda do colégio e vestiu. Sua mãe sorriu e foi ajudar a pequena.

- Isso é a farda do Colégio, não serve para dormir. - Apontou para um cartãozinho na porta do guarda-roupa.

Esses cartões eram espalhados por toda a casa para ajudar na rotina de Hannah.

Sua mãe tem todo esse cuidado desde os cinco anos de Hannah, quando foi diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Antes dessa notícia, a mulher achava que Hannah era simplesmente mal educada e que precisava ser disciplinada. Não tinha paciência para os surtos (que achava que era uma simples birra), não levava a filha para shoppings nem mercados pois sabia que iria passar vergonha com a menina jogando os produtos no chão.

Quando o diagnóstico foi dito para a mais velha, sentiu seu chão cair, não sabia o que faria dali para frente. Algumas vezes, tinha pensado em deixá-la em um lugar com pessoas de experiência para cuidar da sua querida filha mais nova. Mas não o fez. Procurou ajuda com especialistas, aprendeu a lidar com a menina e agora está tudo bem.

Quase tudo.

Hannah sofria bullying por ser autista. Alguns alunos esbarravam nela de propósito apenas para ver sua reação.

- Pequena... Essa não é a sua. - Disse ao ver Hannah deitar na cama da irmã mais velha. - É a caminha da Manu.

- Manu, Manu, Manu... Cadê Manu?

- Ela já deve estar chegando. Não se preocupe.

Continuou a repetir baixinho o apelido da irmã.

A porta da frente foi aberta fazendo Hannah sorrir, sua irmã havia chegado. Manuella entrou no quarto e foi surpreendida com o grito animado da irmã.

- Oi, pequena. - Riu. - Como foi seu dia, uh? - A loira sentou em sua cama e olhou para a mãe. - Deixa que eu fico com ela, mamãe.

A mais velha assentiu e desejou boa noite para as filhas. A loira trocou de roupa e sentou de volta na cama.

- Vamos dormir? - Sorriu.

- Não.

Manuella riu.

- Não está cansada?

- Não.

Manuella deitou na cama, a loira olhou para a janela do quarto e observou as estrelas no céu escuro.

- Estrelas. - Apontou. - Gosto.

- Sim, pequena, elas são lindas como você.

- Lindas como você. - Riu.

A maior sorriu e deu um beijo na bochecha da irmã. Hannah continuou a observar as bolinhas brilhantes no céu. Manuella suspirou e andou para a janela e fechou as cortinas. Sabia que a irmã podia ficar horas observando as estrelas se não fizesse algo. Hannah gruniu e abriu as cortinas de volta.

- Hannah, não! já são nove horas, você já devia estar dormindo. - Fechou novamente.

Hannah esticou os braços para abrir novamente, mas sua irmã agarrou suas mãos.

Enid arregalou os olhos e puxou suas mãos. Se agachou e colocou as mãozinhas no rosto enquanto murmurava palavras desconexas.

Manuella ajoelhou-se na frente da mais nova, tentando convencê-la de ir dormir. Quando conseguiu acalma-lá, sorriu e suspirou aliviada.

A mais nova deitou em sua cama e se cobriu dos pés a cabeça.

- Boa noite, Nana.

- Boa noite, Nana. - Repetiu.

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Crayons - Billie Eilish x S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora