/Izuku's POV/
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O pano de prato é branco com listras azuis.
Eles são iguais ao que sempre foram. Por vezes esses lampejos de normalidade me apanham, como armadilhas. O comum, o costumeiro, um lembrete, como um chute. Vejo o pano de prato na mão de Kyoka, ela está estendendo-o ao lado da pia. É completamente fora de contexto, e prendo a respiração. Para algumas pessoas, de algumas maneiras, as coisas não mudaram tanto assim.
Os panos de prato não mudaram.
Ela apanha a cesta da minha mão.
- Eu trouxe laranjas. - arrisquei.
- Não te dei vales para isso. Como conseguiu? - Ela me indaga, pondo as compras sobre a mesa.
- Foi como um desconto. Eles descontaram devido ao nome do comandante.
- Não está se achando demais por ser Aia dele, né? - Pergunta, como se estivesse insinuando.
- Não...não é isso. Eu só vi as laranjas lá e as trouxe. Achei que... - Balanço a cabeça. Saio do meu raciocínio. Desisto de dar satisfação para ela. Ela nunca foi gentil comigo.
- Achou que?
- Esqueça. - cruzo as mãos e saio da cozinha. Mas antes de entrar no corredor, viro os calcanhares e olho para ela. - Não se se esqueça do meu banho, daqui a duas horas. - Digo, como uma ordem. Kyoka me olha, com a cara de nojo que ela sempre teve de mim. Mas ela não revida. É o dever dela.
Aliás, eu sou fértil, sou uma casta acima da sua. Querendo ou não.
Subo as escadas, após passar pelo corredor sombrio. Aguardo lá para que Kyoka venha e me trate como uma de suas muitas tarefas domésticas. É isso que eu sou para ela: um afazer. É assim que ela me enxerga. Eu sei que é daqui a duas horas, mesmo assim...sinto pressa em nossas ações.
No entanto, escuto badaladas. Rezo para que não sejam três de três.
*Blém blém blém*
Respiro fundo.
*Blém blém blém*
Punhos serrados.
*Blém blém blém*
MERDA!
Quando o sino toca três baladas seguidas por três toques, só quer dizer uma coisa: Um Salvamento.
Rapidamente, troco as minhas botas. Desço as escadas e vou até a cozinha, pronto para recitar a prece do Salvamento. O certo é fazer ela ao Comandante e a Mandame. Mas não sei onde eles estão. Está apenas eu e Kyoka na casa.
- Abençoado dia, fui chamado para...-
- Eu ouvi. - Kyoko me interrompe. - A caminhonete vermelha já está na porta. - Ela é direta, sinto vergonha por isso. Por sorte, fui privado daquela prece ridícula. Eu nem sabia mais como recitá-la.
De repente, a esposa do comandante surge na porta.
- Você é surdo? Os sinos já tocaram! Se apresse! - Ela grita comigo, batendo palmas. Como se eu fosse uma criança atrasada para a escola. - Você já faltou ao último Salvamento. Não quero que as outras senhoras fiquem dizendo que minha Aia não vai aos momentos sagrados. - Continuo a ouvi-la, enquanto me dirijo até os fundos. - Sob o olho dele.
- Sob o olho dele. - Me despeço, então fecho a porta. Vejo Kyoka antes disso, ela está sorrindo, debochando. Então, se despede também.
- Vá com a graça.
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O conto do ômega
Fanfiction[👁️] Sinopse: Após uma grande catástrofe nuclear tornar estéril um grande número de pessoas, uma facção cristã toma o poder com intuito de restaurar o "Reino de Deus". Ômegas férteis são caçados para a categoria de aia, são forçados a engravidar pe...