Capítulo 2 : A Escola

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O dia começava cedo para Sofia. Os primeiros raios tímidos do sol que invadiam as frestas da janela do pequeno quarto era o sinal para levantar, preparar- se e ajudar os irmãos mais novos a aprontarem-se para a escola. Juntos, eles embarcaram num onibus público que os levava até a Escola Municipal Mario Quintana.

Sofia gostava do trajeto, observando as ruas ganharem vida, imaginando a história das pessoas que passavam por ela. Chegando na escola, se despedia dos irmãos que passavam o dia no pavilhão dos estudos integrais. Eles ficavam na escola até às cinco da tarde. Esta foi uma alternativa encontrada pela mãe para que eles pudessem ter um local seguro, longe das ruas e das más influências do bairro, além de receberem alimentação fresca e de qualidade. Sofia estudava apenas no turno da manhã, porque naquele bairro, não existia este projeto para adolescentes.

Ao atravessar o portão da escola, Sofia sentia um calor familiar.La ela se encontrava com seus amigos inseparáveis: Dina e Bento. Dina, com sua personalidade efervescente, sempre a animava. Mesmo tendo passado por todas as escolas particulares da cidade e brigado com todos os diretores, Dina optou por estudar na escola pública, contrariando os desejos de seus pais ricos. Ela adorava a Escola Municipal Mario Quintana e adorava seus amigos que estudavam lá.

Bento por outro lado era introspectivo. Ele costumava ficar imerso em livro ou jogando no celular, mas com Sofia e Dina ele se permitia relaxar um pouco. E então, havia Irene. Sempre cheia de energia, ela saltava para abraçar Sofia com força, trazendo consigo notícias astrológicas sobre a lua, signos e o movimento dos planetas.
- Sofia, você não vai acreditar, Mercúrio está retrógrado de novo! - dizia Irene entusiasmada.
Sofia ria, contagiada pela alegria da amiga.

Eles estavam no.primeiro ano do Ensino Médio, na turma Aconchego. Na Escolas Municipal Mario Quintana todas as turmas tinham nomes que remetiam a ações do bem como Esperança, Fé, Caridade e outros. Era um ambiente acolhedor onde Sofia se sentia completa.

Naquele dia, após se acomodarem na sala de aula, Dina já estava planejando a próxima brincadeira, enquanto Bento olhava tudo com seu olhar crítico, mas secretamente se divertia com as travessuras das amigas. Sofia, entre risos e conversas, se sentia verdadeiramente feliz. Na escola, com seus amigos, ela podia esquecer as preocupações do mundo lá fora.

E assim as manhãs de Sofia passavam rapidamente cheias de risos, confidências e aprendizados. Cada um deles, com suas personalidades distintas, contribuía para que a amizade fosse única e especial. Mesmo Bento, que parecia mais sério, se abria para as brincadeiras de Dina e as viagens astrais de Irene, ainda que não acreditasse em nada.

A escola era o refúgio perfeito para Sofia, um lugar onde ela podia ser só uma adolescente, rodeada por amigos que a amavam,a compreendiam, mas nem de longe imaginavam a realidade que ela vivia. E isso a fazia acreditar, ainda mais, que a vida pode ser boa, basta olha-la usando as lentes certas.

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