Destino entrelaçados : O amor que surpreendeu o coração

O encontro na madrugada

Me chamo Stenio, sou advogado há quase sete anos e tenho trinta e um anos de idade. Moro sozinho e atualmente não estou em um relacionamento. Minha filha, Isadora, de cinco anos, muitas vezes assusta as mulheres que conheço, o que dificulta qualquer relacionamento duradouro.

Não me considero viúvo, pois nunca fui casado com a mãe de Isadora. Tivemos um namoro breve que resultou na gravidez dela. Infelizmente, ela faleceu durante o parto. Lembro-me claramente do dia em que cheguei em casa com um bebê nos braços, sem estrutura para recebê-la, pois Isadora ficaria na casa da avó materna, que tinha todos os recursos necessários para o bebê.

Corri freneticamente em busca de ajuda, mas a família da mãe de Isadora me fechou as portas. Consegui uma licença paternidade prolongada no meu emprego de dois anos, onde fui apoiado sem hesitação pela empresa de advocacia. Amigos do trabalho foram essenciais, trazendo fraldas, lenços umedecidos e todo o suporte necessário. Como pai de primeira viagem, estava perdido, mas contei com a ajuda indispensável da minha mãe, Laís, uma amiga da empresa, Haroldo, e Creusa, minha fiel escudeira desde a infância, que agora me auxilia com Isadora em casa.

Cinco anos se passaram e posso afirmar que sou um bom pai para minha filha. Minha vida melhorou consideravelmente desde então, com uma rotina bem organizada e preparado para qualquer emergência.

Isadora é o oposto de mim em muitos aspectos. Ela é uma criança alegre, que acorda cedo com um sorriso no rosto, acredita em fadas, adora espalhar purpurina pela casa, dançar, cantar e me incentiva a correr todas as manhãs.

Estamos nos mudando para o Rio de Janeiro, nossa cidade natal é Curitiba. Recebi uma proposta para abrir meu próprio escritório com amigos que mudaram suas vidas para me ajudar. Aceitei a oportunidade, comprei uma casa na cidade carioca e nos mudamos. Trouxe comigo Creusa e minha mãe, que ficará um mês para ajudar Isadora a se adaptar.

No início, Isadora chorou muito, sentindo falta de casa, da escola, dos amigos e do balé. Confesso que cheguei a considerar voltar atrás, tamanho era seu sofrimento.

Minha mãe me ajudou com a matrícula na nova escola, aula de balé, plano de saúde e consultas com a psicóloga, enquanto eu me ajustava ao novo trabalho. No começo, saía cedo e voltava tarde, uma época difícil.

Certa noite, cheguei em casa tarde e cansado, surpreso ao encontrar Isadora acordada assistindo TV.

— Filha, não está tarde para assistir TV? — Verifiquei meu relógio e olhei para ela, que veio até mim pedindo colo.

— Papai, boa noite! -  Achei que aconteceu com a Isadora. — Minha mãe estava na poltrona ao lado do sofá onde Isadora estava.

— Ela insistiu em esperar por você para dormir! — explicou minha mãe. Senti um pouco de culpa; era tarde e Isadora estava exausta, já apoiada no meu ombro.

— Estava com saudades, papai! - Aquela frase, quebra o meu coração e eu aliso minha mão nas costas da minha filha.

— Eu também, meu amor. Me perdoe por demorar. - Do um beijo no rosto de Isadora.

— Papai, não demore mais para chegar, tá? - Ela me faz o pedido olhando em meus olhos. 

— Não demoro. Hoje você dorme com o papai, está bem? Mãe, se quiser ir para cama, pode ir. Eu me ajeito aqui, pode ficar tranquila.

...

 Me chamam de Helo, Lou, Dra., Doutora, Delegada, mas meu nome é Heloísa Sampaio Savoia. Sou filha de dois delegados: Helena Sampaio Savoia e Hugo Savoia Galaretto, um italiano convicto que não se curva diante de ninguém; acredito ter herdado isso dele, já que o sangue italiano corre forte em minhas veias. Minha mãe, brasileira, não fica atrás quando o assunto é firmeza. Trabalho na mesma delegacia que eles, sendo a delegada mais jovem e, consequentemente, a menos respeitada. Meus pais me desafiaram ao me colocar em turno oposto ao deles, o que torna difícil vê-los durante a semana, mas saber que posso acompanhar o crescimento da minha irmã mais nova, Lara, de 10 anos, me acalma.