Piloto

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*Elizabeth Martinez*

Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo de novo.

Por favor, não.
Por favor.
Por favor.

Depois de tanto esforço físico e emocional para aguentar todo o inferno que eu passei, no final das contas não adiantou de nada. Não adiantou segurar as pontas, porque lá estava ele, Trevor Baker, pronto para acabar comigo.

- Há quanto tempo, Liz, senti saudades de você - disse a namorada de Trevor, Grace.

Eu simplesmente fiquei imóvel, eu não sabia o que dizer. Num momento eu estava comendo no refeitório tranquilamente, e em outro Trevor e sua namorada aparecem do nada na minha frente. O que diabos eles estão fazendo na minha faculdade? O que diabos eles queriam comigo?

- O que foi? O gato comeu a sua língua? Relaxa, eu não mordo, ainda.

Nesse momento, eu estava pouco me lixando para Grace, ligava mais para Trevor, que não tirou os olhos de mim desde que me viu. Odiava aqueles olhos escuros com todas as minhas forças, odiava o jeito como ele me olhava, com ódio, nojo, desdém.

Eu nem me importei em ser educada e ir falar com eles, já que eles nunca tiveram a mínima educação comigo. Já fui correndo dali, deixando o meu almoço pela metade na mesa. Enquanto eu saía do refeitório só conseguia ver os olhares das pessoas curiosas tentando entender o que acontecia ali, e era isso que eu odiava: os olhares, odiava a atenção em mim.

Nesse momento, eu só queria ficar no meu espaço, sozinha, sem ninguém, apenas eu e meus pensamentos. Era só assim que eu conseguiria me acalmar. Em pouco tempo, cheguei em frente ao meu dormitório, já que fui correndo, e percebi que tinha algo de estranho nele. Pelo costume, eu sempre deixava a porta trancada, mas dessa vez ela estava apenas encostada. Quando eu abri, não pude controlar o meu choro, o meu quarto estava todo destruído, minhas roupas, maquiagens, espelhos, retratos, tudo que havia lá, estava destruído. Entrei no quarto com muito cuidado, pois tinha vidro por toda parte. Pensei que ia doer mais ter perdido os meus outros bens materiais, já que eu não tinha tantos, mas o que mais doeu foi, na verdade, as fotos. As fotos com minha mãe, a mãe que eu não falava há meses e que nem tinha mais vontade de falar.

Depois de alguns minutos olhando os retratos quebrados que tinham eu e minha mãe, resolvi vasculhar o resto do meu quarto e vi que na minha parede havia um rabisco mal feito tingido de vermelho e nele estava escrito: "Eu estou de volta, r͟a͟t͟i͟n͟h͟a͟". E com isso, eu concluí que só podia ser ele, só ele me chamava assim.

Sem rumo, sem ninguém para pedir ajuda, eu só deitei na minha cama tentando achar uma solução na minha cabeça, uma solução para acabar com aquilo tudo, pois eu sabia que aquilo era só o começo. Talvez fosse melhor eu trancar a faculdade e tentar outra, mas eu sabia que não encontraria uma melhor que a Brown. Eu lutei tanto para conseguir uma bolsa, fiquei dias sem dormir direito, sem comer direito, me matando de estudar para ter essa oportunidade. E então, só por causa de um cretino do meu passado, eu vou largar tudo e fugir de novo? Não, eu tenho que ser forte, tenho que tentar, por mim, pelo meu futuro.

Ele não ia vencer.
Não podia.
De jeito nenhum.

E com palavras encorajadoras, eu me levantei da cama e fui arrumar a bagunça que meu quarto estava. Varri e joguei os cacos de vidro no lixo, também descartei os retratos, com uma certa dor no coração, além de algumas roupas e maquiagens que não eram mais usáveis. Quando finalmente terminei tudo aquilo, me senti aliviada. Apesar de ter perdido a primeira aula da tarde, eu estava tentando relaxar naquela situação desconfortável.

Eu tinha muito medo do que vinha pela frente, mas me fiz acreditar que eu tinha que aguentar, que tinha que me reerguer toda vez que ele me derrubasse. Isso tinha que acabar. Eu tinha que parar de fugir e enfrentar tudo o que viesse de cabeça erguida, porque era exatamente isso que ele não queria.

Me Quebre - Bully Romance ❗Onde histórias criam vida. Descubra agora