Lei De Talião

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Atualmente

*Trevor Baker*

Hoje é dia 21 de agosto.

O aniversário de morte da minha mãe.

Essa data me assombra todos os anos, como um lembrete de que, em algum momento da minha vida, Amélia esteve aqui comigo. Eu odeio me lembrar dela, porque não consigo relembrar dos momentos bons, do seu sorriso ou do amor que sentia por mim, mas apenas da dor e de como o câncer acabou com ela.

Algumas semanas depois do meu aniversário, minha mãe acabou descobrindo um tumor no cérebro. Eu fiquei sem acreditar na hora; isso não poderia estar acontecendo com a melhor pessoa que eu poderia conhecer. Eu até questionei se Deus estava tentando me punir pelos meus pecados, por eu ser uma pessoa desprezível, mas, ao passar do tempo, essa ideia sumiu porque nasceu um broto de esperança em mim.

E isso porque ela parecia melhor; ela havia realmente melhorado. Estava sendo tratada pelos melhores médicos da região e nós estávamos vendo muitos resultados.

Apesar dos remédios serem caros pra caramba, não era um problema para nós, dinheiro nunca foi o problema, mas acho que a única exceção disso foi a quimioterapia. Eu odiei vê-la daquele jeito; sua autoestima caiu muito e, mesmo que que não quisesse demonstrar o quanto estava triste, eu conseguia perceber só pelo seu olhar.

Até pensei em raspar o meu cabelo para fazê-la não se sentir sozinha nesse momento, mas Amélia me conhecia e me impediu antes de qualquer coisa. Mesmo assim, eu me dei o trabalho de lhe comprar algumas perucas, e, embora que achasse algumas engraçadas e esquisitas, ela gostou, porque isso foi de coração, pois sabia que era amada, amada por mim.

Mas as esperanças foram se acabando quando eu vi a minha mãe indo de melhor para pior. Antes, ela não ficava tanto tempo assim no hospital, mas naquele momento, Amélia ficava o dia todo deitada naquela maca, tomando medicamentos fortes todos os dias, e vê-la daquele jeito me matava por dentro e por fora.

Acabou que, em um momento, o grau do câncer havia aumentado e ficava cada vez pior. A quimioterapia não estava ajudando em porra nenhuma, e uma solução que os médicos propuseram foi realizar a cirurgia para a redução do tumor. No entanto, era uma cirurgia muito delicada, pois se tratava do cérebro, e havia uma grande chance de danificar células e tecidos, além do risco de infecção. Mas estávamos perdendo tempo demais, então decidimos ir atrás de fazer a cirurgia.

Entretanto, dessa vez, eu não confiava nos médicos. Eles sempre diziam que tudo iria dar certo, que ela estava melhorando e que ficaria melhor, mas era tudo mentira. Minha mãe não estava nem um pouco melhor e sim pior. Então, mudei de médicos e contratei, por recomendação, médicos excelentes, dos quais eu tinha certeza de que não iriam errar; nenhum deles tinha esse direito.

Eu estava tão confiante naquele tempo, que burro eu fui, porque eles disseram que eu poderia até fazer a cirurgia, mas que o câncer já tinha alcançado o seu grau mais alto, o grau 4, chamado de glioblastoma multiforme, e as chances de sobrevivência estavam muito baixas.

Mesmo assim, eu queria continuar com o tratamento, mas a minha mãe deu um basta. Amélia não queria continuar sofrendo com remédios, com tratamentos que não dariam resultados ou qualquer outra coisa. Ela dizia que gostaria apenas de viver antes que fosse tarde demais, e eu respeitei a sua decisão.

Me Quebre - Bully Romance ❗Onde histórias criam vida. Descubra agora