O começo

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Quatro Anos Antes

*Elizabeth Martinez*

Eu acho que nunca estive tão ansiosa como agora. Hoje vai ser o meu primeiro dia de aula na Green, em um dos colégios mais bem renomados da Geórgia. E também o meu maior sonho e a minha maior oportunidade de crescer na vida e dar orgulho à minha mãe.

Desde que o meu pai foi embora, quando eu só tinha uns 8 anos, a nossa vida virou mais complicada do que já era. Lembro da minha mãe, Liliane, se humilhando para conseguir um aumento de salário no emprego, porque não dava para sustentar a gente só com aquilo. O aluguel da casa, as despesas e as contas para pagar eram demais só para ela. Mas, ao passar dos anos, nós conseguimos dar um jeito em tudo; na verdade, a minha mãe conseguiu dar um jeito em tudo.

Nós nos mudamos de casa para uma um pouco maior e mais aconchegante que aquela, em um bairro onde não havia tantas crianças barulhentas e vizinhos fofoqueiros. Às vezes, eu até sinto saudades disso, já que vivi boa parte da minha vida naquele bairro perturbado. Mas eu prefiro muito mais aqui, prefiro muito mais a minha nova vida. Nós não precisamos mais nos preocupar com contas ou com o aluguel, ou se vamos sobreviver até o próximo mês; isso finalmente acabou!

E eu sou muito grata à minha mãe e ao seu novo emprego. Agora, ela está trabalhando em um bar como bartender, o que às vezes eu ainda não acredito e até questiono como esse bar pode mudar nossas vidas tão rapidamente. Mas só sei que agradeço todos os dias por isso.

E, além disso, eu ainda consegui entrar na Green. Eu não poderia estar mais feliz. No entanto, poderia jurar que não conseguiria ganhar uma bolsa, já que a prova de seleção é muito difícil e concorrido também. Mas eu acabei passando e, pela primeira vez em toda a minha vida, sinto que tudo finalmente está se encaixando. Tudo o que sempre quis está se concretizando, e às vezes eu fico pensando se tudo isso não passa de um sonho. Mas, se for o caso, eu não quero acordar nunca mais.

— Filha, vamos! — minha mãe grita de longe.

— Já vou, mãe. — Antes de ir, dou uma última olhada no espelho e passo as mãos sobre meu uniforme, que é composto por uma saia preta, uma camisa social branca que carrega uma gravata verde musgo e um blazer da mesma cor, além de um lindo broche escrito "Green" do lado direito.

— Hum, ok, estou pronta. — digo para mim mesma.

Saio de casa já vendo Liliane dentro do carro cinza, e eu ainda não acredito que agora temos uma picape! Eu sempre tive tanta inveja de quem tinha uma, e agora eu tenho. Será que é a lei da atração?

— Não se esquece de colocar o cinto de segurança. — Liliane diz antes mesmo de eu entrar no carro; ela sabe que eu sempre esqueço.

— Tá bom, super protetora. — Entro no carro ainda admirada com ele; não consigo me acostumar com tudo isso.

— E você é super teimosa. Vai, coloca logo. — Ela fala, agressiva.

— Tá bom. — E assim eu faço, antes que leve uma bronca aqui mesmo.

— Então... está ansiosa para o seu primeiro dia?

— Estou bem nervosa, na verdade. — E como eu estou! O frio na barriga está me preenchendo em cheio.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo. Qualquer coisa, eu estou aqui. — Minha mãe me lança um olhar reconfortante, e sinto uma vontade imensa de ficar presa a ele para sempre.

Me Quebre - Bully Romance ❗Onde histórias criam vida. Descubra agora