Em busca do para sempre

Um sentimento novo

A viagem de metrô foi uma mistura de reflexões e sentimentos conflitantes. Enquanto o vagão balançava suavemente, eu me perguntava sobre o que o futuro reservava. Seria Richard apenas um encontro passageiro ou algo mais? A ideia de encontrá-lo novamente me enchia de esperança e uma certa dose de medo. E se ele fosse apenas uma ilusão criada pela minha mente carente de afeto?

Cheguei ao meu bairro e caminhei pelas ruas , os edifícios altos e estreitos se erguendo como guardiões silenciosos da minha história. Quando entrei no pequeno apartamento, fui recebida pelo calor acolhedor de minha mãe e minha irmã. Susy estava na mesa de jantar, com livros espalhados ao redor, e minha mãe estava na cozinha, preparando o jantar.

— Mellyne, você demorou hoje — comentou minha mãe, com um sorriso gentil. — Como foi o seu dia?

— Foi... interessante — respondi, sem entrar em detalhes. Não queria preocupar minha mãe com meus pensamentos confusos. — Conheci uma pessoa nova, um colega de estudos.

Minha mãe ergueu uma sobrancelha curiosa, mas não pressionou. Ela sempre respeitou minha privacidade, e eu era grata por isso.

Jantamos juntas, conversando sobre coisas cotidianas. No entanto, minha mente estava longe, perdida na lembrança de Richard e na corrente elétrica que sentira quando nossos olhares se cruzaram. Era difícil concentrar-me em qualquer outra coisa.

Depois do jantar, fui para o meu quarto, um espaço pequeno, mas acolhedor, com livros empilhados nas prateleiras e fotos antigas nas paredes. Deitei na cama, abraçando meu travesseiro, e deixei meus pensamentos vagarem. O sorriso de Richard, seu jeito de falar, a forma como ele parecia entender-me sem esforço... tudo isso estava gravado em minha mente, como uma canção que não conseguia parar de ouvir.

Os dias seguintes passaram lentamente. Eu continuava com minha rotina de aulas e trabalho, mas sempre com um olho atento, na esperança de encontrar Richard novamente. No fundo, sabia que era uma esperança tola, mas não podia evitar. A lembrança daquele encontro fugaz era como uma faísca que acendia algo dentro de mim, algo que eu não sabia que existia.

Finalmente, numa tarde ensolarada, quando menos esperava, nossos caminhos se cruzaram novamente. Eu estava na livraria local, procurando um presente de aniversário para minha mãe, quando ouvi aquela voz inconfundível.

— Mellyne?

Virei-me e lá estava ele, parado na entrada da livraria, com um sorriso que iluminava todo o lugar. Meu coração deu um salto e senti uma onda de felicidade me invadir.

— Richard! — exclamei, sem conseguir conter a alegria na minha voz. Fiquei com vergonha ao perceber que estava corada

Ele se aproximou, e novamente senti aquela conexão intensa. Era como se todos os meus medos e dúvidas sumissem na sua presença.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando manter a compostura.

— Estava procurando um livro para um projeto — respondeu ele, olhando para a pilha de livros na minha mão. — E você?

— Estou comprando um presente para minha mãe — expliquei, sentindo-me subitamente tímida. — O aniversário dela é na semana que vem.

— Que coincidência — ele sorriu. — Posso ajudar? Sou ótimo em escolher livros.

Passamos a próxima hora explorando a livraria juntos, discutindo nossos autores e gêneros favoritos. A cada momento que passava, eu me sentia mais à vontade com Richard, como se o conhecesse há muito tempo.

Quando finalmente escolhemos um livro, ele me convidou para um café na esquina. Aceitei sem hesitar, ansiosa para passar mais tempo com ele. Sentamos em uma mesa perto da janela, observando as pessoas passarem, enquanto conversávamos sobre nossas vidas, sonhos e medos.