Em busca do para sempre

Um encontro

RICHARD

Acordei decidido a falar com Mellyne. As dúvidas e inseguranças da noite anterior ainda pairavam, mas a vontade de vê-la novamente era mais forte. Peguei o celular e, antes que pudesse mudar de ideia, digitei uma mensagem simples:

"Olá, Mellyne. Aqui é o Richard. Gostaria de te encontrar novamente. O que acha de irmos à Biblioteca Sainte-Geneviève? Eu adoraria passar mais tempo com você."

Com o coração acelerado, enviei a mensagem e esperei ansiosamente pela resposta. Não demorou muito para que o celular vibrasse com a resposta de Mellyne:

"Oi, Richard. Adoraria! Que tal às três da tarde?"

Sorri, sentindo uma onda de alívio e alegria. Às três em ponto, estava na entrada da Biblioteca Sainte-Geneviève, um dos lugares mais emblemáticos e históricos de Paris. O edifício imponente, com sua arquitetura neoclássica e vastas coleções de livros, era o cenário perfeito para um encontro especial.

Mellyne chegou pontualmente, e seu sorriso iluminou meu dia. Seus olhos brilhavam, e eu senti uma conexão instantânea novamente.

— Oi, Richard — ela disse, com um sorriso caloroso.

— Oi, Mellyne. Que bom que você veio.

Entramos na biblioteca e fomos direto para uma das salas de leitura mais tranquilas. A atmosfera era serena, com o leve sussurro de páginas sendo viradas e o aroma de livros antigos preenchendo o ar.

Escolhemos uma mesa perto de uma janela, de onde se podia ver os jardins da biblioteca. Conversamos por horas, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Mellyne me contou mais sobre seus estudos de Letras, seus sonhos de se tornar escritora e suas lembranças do pai. Compartilhei com ela minha paixão por livros, minha complicada relação com meu pai e meu irmão, e como nossa mãe era o pilar da família antes de sua morte.

Cada palavra trocada parecia aprofundar a nossa conexão. Mellyne me olhava com uma compreensão e uma gentileza que eu raramente encontrava nas pessoas. Ela fazia perguntas, ria das minhas histórias, e compartilhava seus próprios pensamentos com uma abertura que me fazia sentir verdadeiramente ouvido e aceito.

De repente, a porta da sala de leitura se abriu, e uma figura familiar entrou. Meu coração parou por um momento quando vi Charlotte, minha ex-namorada e antiga amiga. Ela olhou ao redor e, ao nos ver, veio em nossa direção com um sorriso que eu sabia ser problemático.

— Richard! Que coincidência te encontrar aqui! — disse Charlotte, sua voz carregada de uma falsa doçura.

— Charlotte, o que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando esconder meu desconforto.

— Ah, estou só de passagem — ela disse, lançando um olhar curioso para Mellyne. — E quem é sua amiga?

— Esta é Mellyne — respondi, tentando manter a calma. — Mellyne, esta é Charlotte, uma... amiga antiga.

— Prazer em conhecê-la, Mellyne — disse Charlotte, estendendo a mão com um sorriso que não chegava aos olhos. — Richard é uma companhia encantadora, não é?

Antes que eu pudesse responder, Charlotte começou a falar sobre nosso passado juntos, detalhando eventos e momentos que eu preferia manter no esquecimento. Fiquei cada vez mais desconfortável enquanto ela relembrava nosso relacionamento, mas o pior veio quando ela mencionou Raphael.

— Ah, e você sabia que estou namorando Raphael agora? — disse Charlotte, sorrindo com malícia. — Sim, seu irmão e eu estamos bem próximos ultimamente. Ele tem sido uma grande companhia.

Mellyne olhou para mim, surpresa e um pouco confusa. Eu podia ver a sombra de dúvida em seus olhos, e meu coração afundou.

— Charlotte, acho que já chega — disse, tentando manter a compostura. — Estamos aqui para estudar e conversar, então talvez seja melhor você ir.

— Claro, claro — respondeu ela, levantando as mãos em um gesto de rendição. — Não quero atrapalhar. Foi bom ver você, Richard. E prazer em conhecê-la, Mellyne.

Ela se afastou, deixando um rastro de tensão no ar. Olhei para Mellyne, sentindo a necessidade de explicar tudo.

— Mellyne, eu... sinto muito por isso. Charlotte pode ser... complicada. Ela e Raphael... bem, é uma história longa e confusa.

Mellyne sorriu levemente, embora eu pudesse ver a preocupação em seus olhos.

— Está tudo bem, Richard. Todos temos nossos passados. Mas eu gostaria de conhecer mais sobre você, sem as interferências.

Assenti, sentindo uma mistura de alívio e gratidão. Passamos o resto da tarde conversando, tentando esquecer a interrupção de Charlotte. Apesar do desconforto, a conexão entre nós se fortaleceu, e saímos da biblioteca com a promessa de nos encontrarmos novamente.

Eu sabia que o caminho à frente não seria fácil, mas estar com Mellyne me dava uma esperança renovada. Ela era uma luz em meio ao caos da minha vida, e eu estava determinado a proteger essa conexão especial que estávamos construindo.