Capítulo 39

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Estou com tanto ódio, porque ela não contou para ninguém? Porque ela faz isso? Porque com ela?

Não posso acreditar que isso está acontecendo comigo de novo, quais as chances disso? Me recuso a acreditar nisso, pego as coisas com a maior raiva do mundo e taco tudo dentro do carro, não quero falar nada com a Aurora. Ela entra dentro do carro e quando bato a porta com força ela se assusta.

Chego no Dominic, subo pro quarto e começo a bater na parede e quebrar tudo que vejo pela frente. Estou com tanta raiva, raiva dela e da vida estar fazendo isso comigo, quantas pessoas mais vou perder para essa maldita doença?

- CARTER ABRE A PORTA - Ouço Dominic, mas mau consigo ouvi-lo de verdade - VOCÊ TÁ LOUCO? ABRE ESSA PORRA.

Por um momento paro e respiro, abro a porta e Dominic entra com tudo.

- Mas que porra que aconteceu? - Não aguento e começo a chorar, me sento na cama e Dominic se senta ao meu lado - O que aconteceu irmão?

- Aurora está com Câncer - Nessa hora sinto que ele até para de respirar.

Última vez que chorei foi quando ela foi embora e agora sinto uma dor mil vezes maior, nós estávamos tendo um momento tão mágico que estava acreditando que daríamos certo agora e descubro essa bomba, não sei como realmente está o câncer ou qual é, mas o fato de não saber disso e ela esconder esse tempo todo me deixa furioso.

- Hayley - Olho para o lado e ela está parada na porta.

- O que está acontecendo? Aurora se trancou no quarto chorando muito e não me disse nada.

- Vamos para o quarto e eu te explico - Dominic puxa ela e eles saem.

Eu não acredito, não acredito nisso. Ouço Hayley gritar do quarto e chorar, coitada, deve ser mais difícil ainda. Aurora não merecia isso, ninguém merece isso.

Não sei o que fazer nesse momento a não ser chorar e desejar que seja mentira, eu odeio ter que passar por isso de novo. 

Aurora narrando

Simplesmente tudo virou um caos, estava tudo tão bem e andando tão certo e agora estou ouvindo todo mundo da casa chorando por minha causa. Sempre odiei esse tipo de "pena" mas entendo o baque descobrir sobre isso.

Não queria esse choro, não queria desespero, não queria que ninguém descobrisse, que merda que o Carter foi mexer nas minhas coisas? Ele não tinha esse direito.

Ele ficou tão estressado que sentia suas veias pulsando de ódio, eu nunca quis causar mal a ele e sempre acabo causando isso. Será que algum dia nós vamos viver felizes?

Não sei o que fazer agora, penso em ir embora novamente e fazer todos esquecerem desse meu fardo, mas já chega de fugir, eu nem tenho pra onde fugir. Fico sentada na cama e pego um álbum que sempre anda comigo, vejo as fotos de Miguel.

Sinto uma saudade tão grande e como faz tanta falta em minha vida, desde sua morte eu senti que foi arrancado um pedaço do meu próprio coração. Mas eu tentei seguir a vida e mostrar que eu conseguia, que eu mostraria para ele quem me tornei.

Mas eu falhei miseravelmente nessa missão e hoje me encontro sem rumo, doente, com meus amigos e o amor da minha vida em completo desespero por minha causa. 

Espero que aonde ele esteja, me perdoe, me perdoe por isso.

Ouço batidas na porta. Não quero abrir.

- Aurora - Ouço Carter falar baixinho.

Meu coração dispara, ele está passando por isso novamente.

- Por favor, abre - Ele bate na porta de novo e crio coragem para abrir.

Mas fico parada na porta, me lembro de quando eu estava parada para entrar na sala de aula e ele me incentivou a entrar, me incentivou a enfrentar aquilo que era novo. Ele sempre esteve do meu lado.

Abro a porta, ele a fecha e se senta na cama enquanto continuo em pé.

- Me desculpe, me perdoe pelo meu comportamento. Eu entrei em desespero por estar passando por isso de novo, mas agora podemos fazer diferente. Podemos resolver isso juntos, eu não vou perder mais ninguém por essa doença. Só por favor Aurora, não vá embora, fique comigo e cuidaremos juntos disso - Vejo lágrimas nos seus olhos - Eu quero estar com você hoje, amanhã e sempre - Ele começa a chorar.

Me sento ao seu lado e o abraço, choro junto com ele que me abraça com muita força, como se não quisesse que saímos nunca mais desse abraço. E realmente não quero perder isso de novo, quero aproveitar enquanto a tempo tudo que perdi.

Quero ver Hayley feliz com seu casamento e ser madrinha de seus filhos, quero me casar com Carter e ter a festa mais linda do mundo, quero ser dona da minha própria balada, quero ser alguém que meus pais se orgulhem.

Eu passei tanto tempo, tentando, tentando, só que presa no passado. Presa em um passado que eu mesma deixei, sendo que meu passado é meu presente e também o meu futuro. Fugir foi totalmente inútil.

- Me conta sobre tudo? Como descobriu, qual é, como está? - Carter está mais calmo, ainda estou chorando um pouco mas tento dizer.

- Sentia muito desconforto enquanto dormia, dependendo da posição me dava uma dor. Fui ao médico, fiz exames e tive o diagnóstico de câncer de mama. Fiquei em choque no momento, mas meu médico era super atencioso - Suspiro - Como eu iria viajar, ele me passou esses remédios e quando voltasse iríamos dar entrada na quimioterapia e na cirurgia.

Carter segurava sua respiração enquanto falava e quando terminei ouço ele soltando.

- Porque não disse para ninguém?

- Não queria ser um fardo para ninguém e muito menos estragar o casamento da Hayley.

- Aurora, você não é um fardo, você é parte da gente. Sempre estaremos aqui para cuidar de você, eu vou cuidar de você! - Ele se levanta - Amanhã vamos para New Haven, aonde eu trabalho tem vários especialistas renomados em oncologia e eu posso te ajudar, estar do seu lado a todo momento.

Eu merecia isso? Dou risada.

- Do que está rindo?

- Depois de tudo o que eu fiz eu ainda mereço isso?

- Só você ainda não se perdoou Aurora.

E ele sempre está certo, preciso perdoar meu eu do passado. Aurora daquela época não é mais a Aurora de hoje, hoje eu quero viver, hoje eu preciso lutar para viver. Fiz escolhas erradas mas isso não molda quem sou eu ou que é tarde demais, ainda sou tão nova e por mais que esteja passando por isso, ainda posso dar certo. Eu ainda posso, não posso?

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