Terra de Ninguém.

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Ísis Vitória

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Ísis Vitória. - 19 anos
São Conrado, Rio de Janeiro.

....5, 4, 3, 2, 1....

Karine: feliz ano novo caralho, esse ano é todinho nossooo. - pulou na minha direção e a gente se abraçou pulando juntas.

- feliz ano novo nega, te amo irmã.

Levantei a mão com o copão de gin e olhei pro céu vendo as cores dos foguetes iluminarem a orla inteira.

Mesmo tentando evitar foi impossível segurar as lágrimas, só Deus sabe o tanto que meu coração aperta em perceber que eu consegui sobreviver ao caos que minha vida tinha se tornado durante todo esse ano.

Fé que 2025 vai ser meu ano de cura.

Dei uma tragada no meu pod e abracei o resto da galera que tinha vindo comemorar junto, gente pra caralho mais era disso que eu gostava, assim eu conseguia tirar o sentimento de solidão de dentro de mim.

Karine: vão acender uns rosh lá na pedra, bora? - voltou pra perto de mim depois de abraçar todo mundo e eu olhei pra trás vendo um povinho indo na direção de onde ela fica

- porque lá? muito longe vei.

Karine: muita droga né gata olha ao redor e vê o tanto de polícia que tem por aqui.

- cê quer ir mesmo? - ela balançou a cabeça concordando toda animada e eu revirei os olhos. - então vamo.

Nós avisamos pros nossos parentes que iriamos dar umas voltas e que daqui a pouco a gente voltava pra pousada e eles já bêbados nem deram importância.

Era gente pra porra nesse lugar e pra passar no meio de todo mundo foi um sacrifício infernal, derrubei metade do meu copo e rezei muito pra não apanhar por tar derrubando sem querer nas pessoas porém o tanto que minha visão tava embaçada não era normal.

- se a polícia brotar lá a gente mete o pé, nem que se enfie dentro do mar e morra afogada.

Karine: mais a gente nem deve nada sua louca, o máximo que a gente vai fazer é dar umas puxada nuns beckzin, normal.

Essa porra de pedra ficava num canto isolado, poucas pessoas iam por ser quase na entrada da Rocinha e é difícil ter gente com coragem de vir pra cá já que é nesse lado da praia que o povo do morro fica.

A mudança na personalidade das pessoas iam mudando a cada passo que eu dava, um jeitinho mais largado e animado com certeza vinha do povo daqui.

E depois de andar por quase 15 minutos a gente chegou na tal pedra, era uma pedra enorme que ficava no meio da areia e ao redor dela tava lotado de gente.

Karine: caralho que tanto de homem gostoso é isso?! - me olhou animada e eu sorri soltando a fumaça do pod.

Homem gostoso, era literalmente a definição desse lugar, parecia a porra do paraíso.

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