Ísis Vitória.
Rocinha, Rio de Janeiro.Não sabia bem aonde tava me metendo, lembro do Vini me falando pra não ir na onda do tal Cicatriz mais foi só eu beber dois goles do copo batizado da Karine que minha cabeça viajou mais que o normal.
Tava andando com ele no meio da praia pra um lugar que ele disse que era suave de ficar pra pegar uma brisa em paz.
Eu sabia que tava sendo doente em confiar de ir pro meio do nada com um desconhecido que eu mal conhecia e só sabia de um detalhe, o querido é traficante.
A gente tinha subido um barranquinho e tinha um banco no meio do nada, aqueles banco de praça mesmo.
Ele parou olhando pro mar antes de virar de novo pra mim e sentar balançando a cabeça pra eu sentar do lado dele.
Cicatriz: cê sabe bolar?
– sei né.
Cicatriz: vai saber po, tem patyzinha que chega em mim querendo comprar bolado já.
– e você acha que eu sou patyzinha?
Olhei pra ele e percebi ele me analisar por inteira e parar a atenção na minha tatuagem do braço.
Cicatriz: sei não mina mais tem jeitinho de andar, falar e usar essas roupa de riquinha.
– sou bem cuidada ué, mais acho que realmente hoje em dia eu sou uma patyzinha.
Cicatriz: cê é de onde? da favela aqui eu tô ligado que tu não é.
– eu era lá da Penha mais minha vida deu uns nó e agora eu tô na Barra.
Cicatriz: boto fé mermo, então cê é das quebrada também.
– você sabe como é, quem nasce favelado pra sempre vai ser, fica na alma.
Vi ele sorrir balançando a cabeça enquanto concordava e dichavava a maconha na palma da mão.
Cicatriz: cê é doida, mó carinha de princesa, toda perfeitinha e mete um chora agora e ri depois no braço pra todo mundo ver.
– tem um palhaço no seu braço que da pra ver de longe.
Cicatriz: eu sou procurado de anos já, ficha grande, foragido, nem da minha favela eu saio então da nada.
– acho que minha katrina é pior que as máscaras no braço.
Ele parou o que tava fazendo e me encarou procurando por outra tatuagem todo curioso.
Levantei na frente dele, virei de lado mexendo na fenda do vestido e senti meus pelinhos arrepiando com o olhar dele que passou pelo meu corpo inteiro antes de parar na tatuagem.
Cicatriz: caralho mina, cê é maluca mermo, já foi do movimento?
Dei risada balançando a cabeça em negação e sentei de novo pegando a seda da mão dele e bolei direitinho mesmo com a visão toda embaçada.
– profissional ta vendo?!
Mostrei o beck pra ele vendo ele analisar e concordar com a cabeça me jogando o bic.
Cicatriz: vamo legalizar esse ai então.
Sorri e coloquei na boca acendendo o isqueiro e puxando a fumaça.
Dei um dois e passei pra ele enquanto pegava meu pod e tragava vendo ele fazer o mesmo com o baseado.
Cicatriz: tem quantos anos? parece ser novinha.
– quantos que você acha?
Ele balançou os ombros encarando o mar na nossa frente.
Cicatriz: 17, 18?
– é foi quase, 19 e você?
Cicatriz: 26, velhão já.
– nem é tanto.
Ele me olhou entregando o beck e eu fui tragando sentindo minha garganta queimar e quando eu comecei a tossir devolvi pra ele.
– tinha que saber onde a Karine ta.
Peguei meu celular vendo que não tinha nenhuma notificação dela, entrei no whats e a última hora que ela tinha visualizado era 2:34 agora já era 3:47.
Cicatriz: a mina que ta com o Gibi?
– é, tenho que voltar pra pousada com ela.
Cicatriz: que pousada que seis tão?
– uma ali em São Conrado, não lembro o nome mais é do lado de uma sorveteria.
Cicatriz: to ligado na qual é, dono de lá já foi morador da minha favela.
– ele contou a história da vida dele pra nois, super gente boa.
O baseado já tava na minha mão de volta e tava só a pontinha, meu corpo já tava dando sinais da brisa e minha mente voltou a viajar.
Tentei evitar de olhar pro tatuado do meu lado porque se eu olhasse pro rosto dele uma única vez ia começar a brisar era nele.
O vento que batia em mim ardia como fogo e me arrepiava por inteira me fazendo sentir frio e calor ao mesmo tempo.
Cicatriz: ta tremendo mina?
– friozinho, me chama de Ísis.
Cicatriz: vem aqui po, esse frio que cê ta sentindo é só brisa, chapou legal em.
Ele me puxou pra mais perto dele e passou o braço por mim me abraçando, não sei como mais ele tava quente e meu corpo parou de tremer mesmo ainda sentindo frio.
Cicatriz: vou dar um salve no Gibi pra ele trazer sua prima aqui.
Concordei com a cabeça fechando os olhos sentindo minha cabeça pesar.
Ele mandou um áudio pelo celular mais pelo visto a mensagem nem chegou e eu já senti vontade de matar a Karine.
Ele pegou um radinho de baixo da camisa e apertou alguma coisa lá fazendo sair uma voz.
Gibi: qual foi porra?
Cicatriz: já fudeu tempo bastante po, trás a mina aqui no banquinho agora que a loira quer a prima dela.
Dei risada sem querer e ele guardou o negócio me apertando mais.
– loira?
Cicatriz: Gibi tem problema pra lembrar do nome dos outros, se eu falasse teu nome ele nem aqui vinha.
– Gibi, pior que ele parece um mesmo quando eu olhei pra ele eu quase saí de perto.
Cicatriz: Gibi é o mais de boa pra tar perto.
_________
VOCÊ ESTÁ LENDO
Terra de Ninguém.
FanfictionComplexo do Alemão, Rio de Janeiro. Quando nós dois fica junto acaba os estresse, os problemas desaparece e você flutua, nós dois ficamos tão leve. Não sei se você sabe mas a gente sabe, nossa vibe combina e tu querendo ou não virei uma cena, desse...