Rosamaria POV
Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando eu achei que me mudar de estado com uma criança de oito anos ia ser uma boa ideia, e isso porque eu ainda estou no processo de organizar nossas coisas para a mudança e ainda nem comecei a jornada que ia ser nossa viagem de carro. Enquanto organizo e separo nossos pertences em categorias eu percebo que desde que eu me tornei mãe eu não consigo simplesmente me desapegar das coisas da minha filha, e com isso eu estou tendo uma dificuldade tremenda em separar o que iria conosco para Minas Gerais e o que ia ficar na casa dos meus pais aqui em Nova Trento. A oportunidade de ir para BH novamente surgiu algumas semanas atrás quando eu me encontrei com a Bruna, atual fisioterapeuta do Minas Tênis Clube, em uma conferência. Ela ficou surpresa ao me reencontrar e eu ainda mais que ela ainda lembrava de mim. Eu tinha 19 anos a última vez que coloquei os pés naquele clube, então eu nunca imaginei que quase nove anos depois ela ainda lembraria de mim.
Durante o nosso reencontro ela me contou como todas do clube haviam ficado tristes e surpresas com a minha escolha em parar minha carreira ainda tão jovem. Como só algumas pessoas sabiam o real motivo, e ela sendo da comissão médica, era uma das que sabia, acho que muitas não entenderam até hoje o que aconteceu. Passamos um bom tempo conversando sobre o período que eu fiquei longe do esporte, sobre minha filha, e a minha nova profissão. Eu acabei entrando na faculdade de fisioterapia quando Júlia, minha filha, tinha um ano e com a minha experiência no esporte acabei conseguindo oportunidades de estagiar em clubes de diferentes esportes em Santa Catarina. Mas quando eu me formei eu sabia que iria trabalhar com o vôlei, não tinha jeito eu amava aquele esporte.
Eu estava me tornando uma profissional bem renomada e respeitada no meio, tanto que eu estava palestrando no congresso onde encontrei com Bruna. A proposta de mudança para Belo Horizonte surgiu menos de uma semana depois do nosso encontro. Ela me informou que estava grávida e que não iria conseguir acompanhar o time durante a próxima temporada, então eles necessitavam de uma nova fisio para assumir a posição. A princípio, eu hesitei afinal eu estaria mudando minha filha para longe de tudo e todos que ela conhecia, porém a possibilidade de crescer na profissão foi algo que me motivou a aceitar a proposta, até porque, eu consegui convencer a minha melhor amiga da faculdade, Naiane, a ir comigo. Além de minha amiga da faculdade, ela era minha parceira no instituto de vôlei de Nova Trento, e eu fiquei triste de levar comigo a única pessoa que eu confiaria em continuar o nosso trabalho ali. Mesmo um pouco triste de estar abandonando o nosso projeto eu não poderia fazer diferente pois eu só iria se eu tivesse um suporte para me ajudar com a minha filha, afinal quando eu fosse viajar com o clube ela teria que ficar com Naiane.
A vida sempre dá um jeito de organizar tudo, tanto que Naiane acabou conseguindo uma posição de fisioterapeuta dos times de base do Minas, então iremos trabalhar lado a lado, mas ela não tinha o compromisso de viajar, assim podendo me ajudar com a Júlia.
"Mamãe!" Eu ouço antes de sentir minha filha me abraçar forte ao me ver depois que chegou da casa de sua avó.
"Oi filha! Como foi com a tua avó? Ela tá na cozinha?" Eu pergunto enquanto aproveito daquele abraço apertado que ela me dava. Ela se afasta para poder me olhar enquanto fala toda empolgada, e eu consigo ver que ela precisava tomar banho pois estava suada de tanto brincar.
"Aí mamãe foi muito legal! A vó me levou na praça pra eu brincar e depois eu fiquei jogando bola com as crianças e depois ela me levou pra lanchar, e depois-" Eu a interrompo quando vejo que ela não iria respirar antes de terminar de me contar tudo que ela tinha feito naquela tarde com a minha mãe.
"Calma Júlia, respira antes de continuar." Eu falo olhando para minha filha. Ela era tão parecida comigo que às vezes até me assustava. Ela respira fundo e logo continua a falar.
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You told me to try
FanficDepois de uma mudança repentina em sua vida, Rosamaria teve que abandonar o vôlei antes mesmo que sua carreira pudesse decolar, mas mesmo assim aquela temporada que ela jogou profissionalmente lhe marcou profundamente. Oito anos depois ela reencontr...