Capítulo 2

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A voz de Mitsuri me acordou.

-Shinobu Kocho, tira sua bunda dessa cama e vá salvar seu GPA. Pelo amor de Deus, se eu deixar um cara jogar fora meu amuleto acadêmico assim, eu nunca ouvi o final de tudo.

Eu fiz um som desdenhoso de debaixo do edredom antes de espreitar para ela.

-Que amuleto acadêmico?

Com as mãos nos quadris, ela estava enrolada em uma toalha, fresca do banho.

-Há! Há! Muito engraçado

Funguei, mas não me mexi.

-Eu estou indo bem em todas as minhas outras matérias. Não posso simplesmente reprovar nessa?

Sua boca caiu aberta.

-Você se ouviu?

Eu estava ouvindo a mim mesma. E eu estava tão indignada com meus sentimentos covardes quanto Mitsuri, se não estivesse mais. Mas o pensamento de me sentar perto de Douma para uma hora de aula, três dias por semana, era insuportável. Eu não podia ter certeza de que o seu recente status de solteiro significaria em termos de flertes abertos ou contatos, mas seja o que isso significasse, eu não queria encará-lo de frente. Imaginar os detalhes foi ruim o suficiente.

Se ao menos não tivesse o pressionado a fazer uma aula comigo neste semestre. Quando nos registramos para as aulas de outono, ele perguntou por que eu queria fazer Economia, um curso não obrigatório para o meu diploma de Educação Musical. Eu me perguntei se ele tinha percebido, até então, que era onde iriamos acabar. Ou se ele tinha sabido.

-Eu não posso!

-Você pode e você vai!- Ela roubou o edredom. -Agora se levante e entre naquele chuveiro. Eu tenho que chegar na aula de Francês a tempo ou Monsieur Bidot vai me questionar sem misericórdia no passé composé. Eu mal posso fazer o tempo passado em Inglés. Deus sabe que eu não posso fazer isso en français a essa maldita hora da manhã.

Cheguei fora da sala de aula exatamente às 09h00min, sabendo que Douma, habitualmente pontual, jábestaria lá. A sala de aula era grande e inclinada. Deslizando pela porta de trás eu o reconheci, sexta fila no centro. A cadeira à sua direita estava vazia, a minha cadeira. Dr. Gyomei tinha passado pela sala um mapa de assentos na segunda semana de aula, e ele o usava para anotar presença repreender seu olhar para longe do corpo dele, perfeito e inacessível.No primeiro ano, tivemos Inglês pré avançado juntos. Ele se concentrou em mim desde o primeiro dia de aula, mostrando seu sorriso de covinhas em minha direção antes de tomar o seu lugar, convidando-me para participar de seu grupo de estudo, perguntando sobre os planos para o meu fim de semana e, finalmente, tornando-se uma parte deles. Eu nunca tinha sido tão confiantemente perseguida. Como nosso presidente de turma, ele era conhecido por todos, e ele fez um esforço conjunto para se familiarizar com todos. Como atleta, ele era um acréscimo para o time de beisebol. Como estudante, sua situação académica era dez por cento superior. Como membro da equipe de debate, ele era conhecido por argumentos conclusivos e um recorde imbatível.

Como um namorado, ele foi paciente e atencioso, nunca me pressionando muito além ou muito rápido. Nunca esquecia meu aniversário ou o aniversário de namoro. Nunca me fez duvidar de suas intenções para nós. Uma vez que ficamos "oficiais", ele mudou meu nome, e todo mundo fez o mesmo, inclusive eu.

-Você é minha Kochozinha!- Ele me disse, fazendo referência à esposa de Akaza Hakuji, seu xará e idolo pessoal.

Ele não tinha parente. Seus pais eram apenas estranhamente políticos, e também tinham divergências um com o outro. Ele tinha uma irma chamada Daki e um irmão chamado Gyutaro.

Três anos se passaram desde que eu tinha deixado de ser Shinobu, e eu lutava diariamente para recuperar a parte original de mim mesma que eu deixei de lado por ele. Não era a única coisa da qual eu tinha desistido, ou a mais importante. Era apenas a única que eu poderia recuperar.

Easy - GiyuShinoOnde histórias criam vida. Descubra agora