Daemon observava os pingos de chuva se chocarem contra o teto solar enquanto ainda acariciava os cabelos de Rhaenyra, que a um bom tempo tinha caído em um sono profundo. Não era um sono leve como o de mais cedo, a presença dele a fez relaxar a tal ponto, que se tornou fácil se entregar completamente ao mundo dos sonhos.
Daemon já podia ir embora, ele sabia, mas encontrava dificuldades nisso. Sentia o corpo quente dela sobre o seu, a respiração calma alinhada a sua, o cheiro extasiante de maçã verde e baunilha que lhe inundava o olfato e a textura macia dos cabelos entre seus dedos... Não queria sair de perto dela. Sentia aquela sensação de quando tinha que acordar às sete e deixar o conforto de sua cama quente para enfrentar o frio matinal. Se desvencilhar dela naquele momento se assemelhava a isso, uma espécie de tortura.
A camiseta de Rhaenyra estava levemente erguida, mas foi o suficiente para os olhos de Daemon caírem sobre a pele exposta um pouco acima do quadril. Sem pensar muito ele desceu lentamente a mão até alí e encostou com leveza, mas quando sentiu a pele macia e quente sob os dedos, seu toque pesou sobre o corpo dela. A mão ansiosa subiu e se infiltrou pela abertura da camiseta, deslizando lentamente desde o meio das costas até o quadril. Daemon apertou os olhos, pressionou o rosto no topo da cabeça de Rhaenyra e respirou profundamente o cheiro dela.
Sentiasse como um dependente químico que ficou tempo demais longe de seu vício. A sensação prazerosa de estar enfim se deleitando de algo que a muito tempo desejava era deliciosa. Mas se viu novamente na linha vermelha que ele mesmo tinha desenhado e imposto a si, estava em cima dela, mas um pouco e a ultrapassaria.
Havia construído esse limite, porque antes de Rhaenyra partir, acabou dando de cara com o perigoso desejo que se escondia sob sua própria sombra.
O sentimento foi sendo construído gradativamente com o passar do tempo, sendo escondido pela consciência culpada, pois ele preferia não ver. Mas chegou o dia em que se tornou óbvio demais para que fingisse por mais tempo. De gota em gota o copo transbordou.
A memória ainda estava nítida em sua mente, ele quase podia ver acontecer diante de seus olhos novamente.Era uma tarde quente de verão, e quando esquentava um pouco na fria Seattle, Rhaenyra não perdia a oportunidade de se convidar para a casa do tio e monopolizar a piscina. Daemon normalmente nunca estava em casa, o trabalho consumia muito de seu tempo, mas era um domingo e Rhaenyra havia insistindo para que ele entrasse na piscina também.
A princípio estava tudo bem. Eles jogaram água na cara um do outro, apostaram corrida, - competição da qual Rhaenyra perdeu todas as vezes - e competiram para ver quem ficava mais tempo em baixo d'água. Nessa última, Rhaenyra pegou Daemon claramente roubando e logo após ficar chocada com a atitude anti-esportiva, ela começou a usar de todos os seus esforços numa brincadeira saudável em que tentava afogá-lo.
Os dois se atracaram na piscina em meio a risadas e xingamentos, Daemon tentando segurá-la e ela tentando empurrá-lo para baixo. Mas então Rhaenyra se cansou, o coração estava a mil, a respiração estava acelerada e o corpo começou a amolecer pela exaustão. Ela se agarrou em Daemon que também não estava muito melhor e os braços se enlaçaram em volta dos ombros e as pernas em volta da cintura, o rosto se afundou no pescoço alheio e a respiração acelerada passou a se chocar continuamente na pele exposta de Daemon. Se sentindo tão cansado quanto, ele a abraçou e se encostou na parede da piscina.
Mas em certo momento, ele começou a tomar consciência da situação quando passou a sentir de maneira nada inocente, o corpo cheio de curvas e seminu colado ao seu. As pernas o envolvendo pelo quadril, a respiração no pescoço que fazia sua pele se arrepiar, e também tinha o fato de que toda vez que Rhaenyra se remexia para se ajeitar melhor em seu colo, ela descia um pouco mais e se esfregava involuntariamente em seu corpo. Ele viu diante de seus olhos que o amor que sentia por Rhaenyra havia se juntado a um infindável desejo que ele fingiu não existir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sagrado Profano | Daemyra
FanfictionEntre a culpa, o passado, o pecado e a paixão, Daemon e Rhaenyra tentam achar entre os céus e a terra, uma justificativa plausível para poderem desfrutar do amor puro que incontrolavelmente nasceu entre eles. Mas diante dos outros, dois pecadores nã...