Estacionei o carro em qualquer vaga próxima à entrada, não dei muita atenção a esses detalhes, entrei pelo saguão iluminado e branco, do Centro, passei pela recepção e vi Lúcia, a recepcionista se acomodando, havia chegado fazia pouco mais de 15 minutos. Acenei para ela, ela retribuiu.
- Bom dia senhor Van der Bilt. – ela me cumprimentou, olhando rapidamente para a porta e continuou: - A senhora Van der Bilt não veio contigo?
- Não, ela não veio, e talvez ela não precise me acompanhar mais. – Sorri impaciente, enquanto apertava o botão do elevador, que não demorou a chegar, o sino de chegada do grande e moderno elevador deu o sinal de abertura da porta, entre, me olhei no espelho, ajustei a gola da camisa que não era sufocada por uma gravata. Pus as mãos nos bolsos, olhei para Lúcia firmemente enquanto a porta se fechava, eu a olhava, mas não a via.
O elevador subiu, lentamente, para mim aquilo foi o ápice da minha paciência matinal naquelas condições, assim que o sino alertou a chegada ao meu destino, saí, não olhei para o grande relógio na parede como costumava fazer todos os dias. Sentada à mesa em frente à grande sala que um dia fora de meu avó e depois de seu falecimento pertenceu à minha avó, então por fim a meu pai, estava Isabelle, a educada, polida e graciosa francesinha ruiva, com o rosto infestado de sardas e lindos olhos azuis.
Ela também havia se instalado há pouco, olhei para ela enquanto ia em direção à sala, ela parecia esperar mais alguém sair do elevador, eu fingi não perceber.
- Bom dia, Isabelle. – Falei rapidamente desviando o olhar da moça para mim. Enquanto caminhava eu olhei em direção à porta, evitei o contato visual com ela, ainda não estava acostumado a minha nova condição leonina e dominadora, nem poderia.
- Bom dia, Heitor. – Ela respondeu meio trêmula, com a intimidade de quem trabalhava há algum tempo nas empresas Van Der Bilt. Me acompanhou até à sala, fechou a porta atrás dela.
- Pensei que o senhor e a senhora Van der Bilt...
- Ligue para a minha universidade e peça o meu histórico atual, diga que preciso para hoje. Ligue para Frida Garth e diga que poderemos nos reunir hoje antes das 11. – Eu a interrompi educadamente.
- Sim, senhor. Mais alguma coisa? – Respondeu tentando demonstrar-se solicita.
- Reserve um carrinho, vou jogar golfe.
- Quer que mande pegar seus tacos e os do Jonathan em sua casa?
Olhei para ela, aquele era o último nome que eu desejava ouvir, mas não podia evitar. Fiquei enfurecido por um instante, ela certamente percebeu a minha reação, não estava acostumado a sentir-me daquela maneira. Não sabia como lidar precisamente com aquele turbilhão de sentimentos. Respirei fundo como sempre controlando a respiração.
- Só os meus. – não me prolonguei.
Sentei-me na cadeira liguei o computador, a sala era grande e confortável, embora estivesse em um hospital não tinha aparência asséptica, era confortável e arejada, os raios do sol entravam de uma forma precisa que não precisaríamos de cortinas, ou mesmo fechar as janelas para que ele não incomodasse, a vista era linda, ao longe se via toda a cidade, as pontes, os carros lá embaixo, os prédios, um mais alto ao longe tinha uma grande identificação: Centro Médico e Empresarial Edwin Garth.
No computador uma imagem de Aliet na inauguração do Centro, olhei atento por alguns segundos, senti uma fisgada, e algum sinal de arrependimento, meu corpo submisso tentava reassumir o controle, ainda daria tempo de acabar com aquilo, conversar com eles e resolver tudo, talvez me mudar, sair de casa, ou talvez dizer a Aliet tudo que eu sentia, ter atitude e quem sabe isso fosse o ingrediente que faltava para que ela tivesse escolhido a mim e não à Jonathan, e assim ela poderia me abraçar e nos beijaríamos. Ela entenderia tudo compreensiva e afagaria meu rosto.
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Nua e Crua
RomanceDuas famílias ricas, cheias de segredos. É assim que Heitor vê a sua família e a família Garth, mas não seria nada demais, afinal, ele vê assim todas as famílias que já conheceu. Seria assim, não fosse o fato de ter conhecido Próspero e sua irmã Fri...