Capítulo 5

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Chegamos em Paris no meio da tarde. Havia pessoas para nos ajudar com as bagagens e não demorou para estarmos dentro de um táxi a caminho do hotel.

Eu estava encantada com a cidade e mantinha um sorriso enorme enquanto tinha o rosto grudado na janela e tentava lançar o olhar por toda a extensão do trajeto. Miranda permanecia em silêncio ao meu lado, assim como fez durante boa parte da viagem. As poucas palavras que trocamos foram sobre a sua agenda. Me assustei quando ouvi a sua voz:

"Primeira vez em Paris?"

Lancei um sorriso em sua direção e senti meu rosto ficar quente, provavelmente estava corando.

"Sim. Dá para notar, não é?"

Era estranho e animador conversar com Miranda. Eu sabia que ela detestava conversa fiada, mas talvez estivesse se esforçando para não ficar extremamente entediada ao meu lado, afinal, passaríamos uma semana inteira juntas.

"Em pouco tempo você se acostuma." - e então pegou o celular e ignorou a minha presença o restante do caminho.

O hotel escolhido por Miranda era fabuloso e precisei me segurar para deixar o meu entusiasmo sob controle.

"Aqui está a sua chave, senhorita Priestly. E a sua é esta aqui, senhorita Sachs." - disse um homem ruivo e alto da recepção - "As demais informações sobre os nossos serviços de quarto poderão ser encontradas nas acomodações. O elevador fica à direita. Esperamos que tenham uma ótima estadia."

"Muito obrigada." - respondi ao homem simpático.

Miranda já caminhava a passos largos na direção indicada pelo recepcionista. A segui lentamente, minha intenção era deixá-la entrar no elevador para que eu pudesse pegar o outro. Todos sabiam que Miranda usava o elevador sozinha.

De dentro do elevador, Miranda me encara aborrecida.

"O que você está esperando, Andrea? Você sabe o quanto adoro lentidão."

"Ah, eu pensei que você gostaria de subir sozinha, devo sub..."

Minha chefe suspirou, revirou os olhos e respondeu em voz baixa:

"Andrea, pelo amor de Deus, entra no elevador."

Entrei apressada e me coloquei ao lado de Miranda. Mesmo tomando o cuidado em me manter distante da minha chefe, fui envelopada pelo cheiro do seu perfume que se espalhava pelo pequeno ambiente. O cheiro de Miranda era indecifrável e pertencia somente à ela, diversos nomes do mercado de luxo tinham desenvolvido fragrâncias especialmente para a rainha de gelo, mas diziam que ela escolheu a Dior como sua marca registrada. O perfume não era doce, tão pouco cítrico, mas continha notas de frescor e poder. Típico de Miranda.

Quando chegamos no andar, notei que os nossos quartos ficavam literalmente um ao lado do outro. Miranda realmente levou a sério a possibilidade de eu ser responsável por atrasos.

"O jantar começará às 20h. Nos encontramos no lobby às 20:30." - Miranda olhou no relógio em seu pulso - "Temos quatro horas para descanso e nos preparar. É o suficiente."

"Certo. Precisa de algo neste momento?"

"De um banho de banheira, apenas. Até mais tarde, Andrea."

Entrei no quarto e me joguei na cama. Deus, eu estava exausta. Minha cabeça estava doendo por estresse e cansaço. Resolvi fazer o mesmo que a editora e liguei a banheira, enquanto enchia de água, fui dar atenção à mala de roupas que Miranda mandou entregar em casa. Assim que abri o zíper, comecei a investigar as roupas que estavam dentro da bagagem e meu coração foi parar na boca.

Miranda Priestly não apenas separou roupas de grife para que eu vestisse, como também lingeries que facilmente custavam três meses do meu salário. Fiquei vermelha só de imaginar que a própria Miranda pensou em mim vestindo peças como aquelas. Seguindo o que me disse, havia etiquetas com descrição de data, evento e horário. Para a ocasião de hoje, um vestido preto de alças finas e que provavelmente ficaria colado ao meu corpo, fora o escolhido. Além disso, um conjunto de lingerie na mesma cor também compunha o traje.

    Finalmente entrei na banheira e deixei meu corpo relaxar na água quente. Minha vontade era dormir e acordar apenas quando o meu corpo decidisse que era o momento. Mas, meu celular ao meu lado era um lembrete que em breve deveria estar ao lado de Miranda.

Meus pensamentos se voltaram à "rainha de gelo". O apelido se dava à sua postura, mas também me fazia lembrar do seu cabelo branco como a neve. O cabelo era uma das características mais bonitas de Miranda e que sempre me chamou a atenção, além claro dos olhos e das mãos tão delicadas e... geladas, como eu bem havia sentido horas atrás no avião. Desejei novamente sentir o toque de Miranda na minha pele, então fechei os olhos e imaginei que as minhas mãos pertenciam à ela enquanto percorriam a minha perna direita.

    A atração pela minha chefe não era uma novidade, mas eu a negava e tentava esconder em algum canto dentro de mim pois sabia que qualquer proximidade era impossível, mas passar tanto tempo cercada por Miranda tornava difícil cumprir com a tarefa de ignorar o que sentia. Por sorte, minha passagem pela Runway estava chegando ao fim.

    A mão que estava apenas na parte externa da minha perna, aos poucos adentrava a minha coxa, senti a respiração se tornar cada vez mais pesada e com os olhos fechados, permiti que Miranda tomasse conta do meu imaginário, assim como a sua boca, mãos, cabelos e voz. Finalmente meus dedos tocaram meu clitóris e soltei um pequeno gemido ao fantasiar que a mais velha sussurrava o meu nome e mordia meu pescoço. Estava tão perto.. meu corpo tremia levemente dentro da água e então dou um sobressalto ao ouvir o celular tocando no volume máximo. No visor, duas palavras: Miranda Priestly.

    E se eu ignorasse aquela ligação? Foda-se. Vou ignorá-la. Esperei o celular parar de tocar e respirei aliviada, mas não mais que por 5 segundos, uma vez que imediatamente o aparelho voltou a fazer barulho. Ok, terei que atender.

    Assim que posicionei o telefone no ouvido, Miranda disparou:

"Por que demorou tanto para atender?" - pelo tom já conhecido, estava há pouco de ficar furiosa.

"Eu..." - Porra, minha voz estava péssima, parecia que eu tinha corrido uma maratona - "desculpe, eu estava..."

"Ah Meu Deus, não me diga que está passando mal de novo."

"Não!" - Ela está preocupada comigo? PARA DE SER IDIOTA, ANDY! Claro que não! - "Está tudo bem."

"Você parece sem ar, Andrea, o que você está fazendo?"

"Nada!" - desejei desaparecer dentro da banheira - "estou apenas tomando um banho de banheira e a água está quente demais."

Puta que pariu, por que você falou isso Andy?

Miranda ficou em silêncio por longos segundos me fazendo tirar o telefone da orelha para verificar se ainda estava na ligação. Ela estava.

"Miranda?"

"Por que você disse isso?"

"O que?"

"A banheira. Por que você me contou isso?"

"Você literalmente me perguntou o que eu estava fazendo, Miranda."

Ouvi Miranda respirar mais fundo do outro lado da linha.

"Vamos sair mais cedo para o jantar. Combinamos às 20:30, mas preciso de você no lobby às 20h."

Era incrível como Miranda era capaz de mudar de assunto em segundos e mesmo através do celular, eu conseguia perceber seu esforço para manter uma postura inabalável, por mais desconfortável que estivesse há momentos atrás.

Como de costume, Miranda desligou o telefone antes que eu pudesse dar uma resposta.

Uma Semana em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora