Capítulo 7

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POV ANDREA

Felizmente o evento com os patrocinadores foi tranquilo e pude cumprir com o meu trabalho ao lado de Miranda sem causar problemas. Porém, houve momentos que me chamaram a atenção. Não pude deixar de notar os olhares que a mais velha me lançou ao decorrer da noite, olhares que provavelmente fariam o meu sono ser impraticável.

Miranda fez questão de me manter por perto o tempo todo, mesmo durante conversas com pessoas importantes para a Runway e sua própria carreira. Ousava até mesmo a dizer que ela não queria me perder de vista. Quando finalmente ela disse que estava na hora de irmos embora, suspirei aliviada, estava ansiosa para me deitar na cama enorme que me esperava no hotel.

O caminho no carro reservado especialmente para Miranda até o nosso hotel foi silencioso. Minha chefe estava tão cansada quanto eu, então quando deitou a cabeça contra o banco do carro e fechou os olhos, caiu no sono. Com uma Miranda adormecida ao meu lado, me permiti admirá-la. Me perdi por alguns minutos no seu rosto, passando pelo nariz, sobrancelhas, queixo e finalmente parei o olhar em sua boca, os lábios estavam levemente pintados por batom vermelho. Olhei então para as suas mãos, na direita havia um anel prateado com uma pedra verde, aquela foi a mão que que há algumas horas atrás estava me tocando. Quando voltei meu olhar novamente ao seu rosto, fui surpreendida por um par de olhos azuis me encarando e fiquei sem ar. Antes mesmo que eu pudesse tentar me explicar, o motorista falou algo em francês e minha chefe respondeu:

"Merci, passez une bonne soirée."

    Claro que ela sabia francês e ficaria dez vezes mais sexy falando o idioma. Havíamos chegado ao nosso destino e Miranda já saía do carro, abri a porta do meu lado e segui atrás dela.

    Os pequenos trajetos do lobby até o elevador, e do elevador até o nosso andar me causaram incômodo. Eu queria explicar que não estava a olhando de uma maneira estranha, mas seria patético falar isso em voz alta, portanto me mantive calada até chegarmos às portas dos nossos quartos.

    "Precisa de mais alguma coisa, Miranda?" - perguntei com a mão na maçaneta da porta, ansiosa para me esconder no meu quarto e fugir do olhar da mulher ao meu lado.

    Miranda me olhou por longos segundos, até que finalmente pousou nos meus lábios. Não podia ser. Será que todos os sinais que eu achava que eram coisa da minha cabeça, eram reais? Será que...

     "Você é sempre tão prestativa, não é, Andrea?" - sua voz era baixa, porém firme - "Talvez eu precise de algo." - deu um passo na minha direção, invadindo meu espaço pessoal e meus sentidos com o seu perfume. Fechei os olhos para me concentrar em me manter em pé.

    "Miranda..." - Estava difícil encontrar a minha própria voz. Pelo amor de Deus, o que estava acontecendo?

    "Andrea, abra os olhos." - Não soou como um pedido, mas sim uma ordem que não hesitei em obedecer. Ao abrir os olhos, Miranda me encarava de uma forma que eu ainda não conhecia. Me encarava com... Não me atrevi a finalizar esse pensamento.

    "Do que você precisa, Miranda?" - me esforcei para que a pergunta saísse com clareza pelos meus lábios.

"Acredito que você saiba a resposta."


POV MIRANDA

Ao ouvir o tremor na voz de Andrea quando disse que temia me envergonhar no coquetel, imediatamente tentei assegurá-la que confiava em seu trabalho e coloquei a minha mão contra a parte inferior de suas costas. O gesto não foi planejado, tão pouco intencional, mas notei que havia causado certa agitação na jovem.

Andrea pareceu se acalmar ao ouvir minhas afirmações positivas, e logo o medo e a insegurança deram lugar ao que já era característico da minha primeira assistente: competência e seriedade.

Uma Semana em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora