1° Night

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Cat Noir POV

   A brisa gelada da noite batia contra meu rosto enquanto me locomovia rapidamente saltando entre os telhados dos prédios de Paris, a altura não me assustava, e eu almejava alcançar logo a sacada de Marinette, considerando que dessa vez eu realmente demorei para chegar, já que a patrulha durou bem mais do que eu gostaria. Apesar de nossas batalhas estarem bem menos constantes, no último mês eu visitava a Dupain-Cheng pelo menos duas vezes na semana, após nosso beijo as margens do rio, decidimos que seja lá o que estivermos tendo, precisávamos ir com calma, e de alguma forma isso ajudava a diminuir a culpa de conhecer Marinette como um cívil, estar apaixonado e usar a máscara para poder estar com ela, já que ela atualmente me recepciona melhor como Cat Noir do que como Adrian Agreste.

E apesar de termos nos beijado trinta dias atrás, pouquíssimas foram as vezes nessas visitas que trocamos algum tipo de contato romântico, na verdade, nunca passaram de selinhos eventualmente, normalmente em minha hora de ir embora, estava utilizando desse tempo para conhecer Marinette melhor, e cada minuto que passo com ela tenho certeza que fui muito idiota de não reparar antes que ela me amava como cívil, já que suas expressões e demonstrações de constrangimento não são discretas; reparei nisso todas as vezes que me aproximava demais ou soltava algum comentário sobre sua aparência — que muito me agradava — logo no começo das visitas, agora, com mais tempo em que estamos nos vendo raras são as vezes que consigo ver Marinette constrangida, o que mostra que ela se sente confortável comigo, não é? Então isso é um ótimo jeito de provar que não estou fazendo nada errado… Eu acho.

Como de costume, parei na varanda de frente para a de Mari, roubando uma rosa vermelha e saltando para sua sacada, segurando a flor entre meus dedos, desci as escadas em direção ao seu quarto pelo alçapão costumeiro, não pedindo permissão, já que normalmente nesse horário eu chegava, e ela costumeiramente me esperava vestindo seu pijama, as vezes costurando algo, outras vezes assistindo um filme, mas nunca dormindo. Quando finalmente alcancei com o olhar Marinette, pude vê-la com seu celular no ouvido, aparentemente no telefone, ao me ver ela levou o indicador para frente dos lábios, pedindo silêncio, concordei com a cabeça, levando a rosa até ela, que sorriu meigamente, a pegando e colocando em um vaso, que agora já estava repleto de rosas iguais, me surpreendia sua sensibilidade em sempre guardar e cuidar de todas as flores que lhe presenteei desde que começamos a nos encontrar, e agora, elas se tornaram uma decoração em seu quarto.

Com os pensamentos longe, não me dei conta de quando ela terminou a chamada telefônica, guardando o celular na mesa lateral, ao lado das rosas, e sorrindo de canto pra mim.

— Demorou hoje, gatinho. - Reclamou brincalhona, sentando em sua escrivaninha, mantendo o bom humor em seu rosto, suspirei alto, me aproximando um pouco de sua estatura, mas não o suficiente para estarmos realmente próximos.

— A patrulha foi demorada, tivemos que acalmar um senhor irritado por ter se esquecido onde colocou seus óculos. - Expliquei a história para Mari, que riu indiscreta da situação, me tirando também uma risada baixa.

— Imagine se ele é akumatizado? - Indaga mantendo a graça em sua voz, me fazendo arquear a sobrancelha, sabendo que não viria algo sério daquilo. — Eu sou o senhor dos olhos, e posso encontrar qualquer coisa com meus óculos de supervisão! - Ela faz sua melhor imitação de akumatizado, com uma voz grave forçada e expressão exagerada, acentuando muito bem com seus braços e mãos o que ela dizia, em gestos rápidos e fortes. Meu humor era quebrado, então não consegui me segurar sem soltar uma alta gargalhada, ainda bem que Mari era talentosa com desenho e costura, porque ela seria uma péssima atriz.

— É… - Soltei ao limpar uma fina lágrima no canto do meu olho, após a sessão de risos, me aproximando para sentar ao seu lado na escrivaninha, notando ela se afastar um pouco para me dar espaço. — Sem querer dar uma de gato curioso, minha princesa… Mas com quem falava no telefone? - Pensei em não perguntar aquilo, não querendo invadir sua privacidade, mas a curiosidade foi mais forte.

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