Oliver Fletcher- Capítulo 2

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Entrei no meu apartamento e fechei a porta atrás de mim, soltando um suspiro pesado. O dia tinha sido um turbilhão de emoções e informações. O caso de Victoria Blackberry estava tomando um rumo que eu não esperava. A última noite na festa de casamento me deixou com mais perguntas do que respostas.

Eu me joguei no sofá, ainda sentindo o cheiro do perfume dela no meu terno. Fechei os olhos e me lembrei da última vez que a vi: seus saltos da Prada, a calça de linho preta e o sobretudo bege. Os óculos escuros escondiam seus olhos, mas não sua presença imponente. Ela sabia como entrar em uma sala e comandar a atenção de todos. E a minha mais do que qualquer outra pessoa.

Por mais que eu tentasse, não conseguia tirar Victoria da cabeça. Não era só a atração física – embora fosse inegável –, mas algo mais profundo. Ela não era apenas uma chefe da máfia; havia uma complexidade nela que me intrigava. A maneira como lidava com as situações, a calma calculada que demonstrava, me fazia questionar tudo que eu achava que sabia sobre ela.

Meu telefone tocou, interrompendo meus pensamentos. Olhei para a tela e vi que era um de meus chefes, o Diretor Alan Hayes. Atendi na terceira chamada, tentando afastar a distração que Victoria tinha causado.

- Fletcher, precisamos conversar. Agora.

- Sim, senhor! - respondi, sentindo um frio na espinha. Algo no tom dele me dizia que isso não ia ser bom.

Pouco depois, eu estava na sede do FBI, sentado na frente de Hayes em seu escritório. Ele me observava com um olhar penetrante, como se tentasse decifrar meus pensamentos.

- Eu sei sobre você e Victoria Blackberry. -  ele começou, indo direto ao ponto.

Engoli em seco. Não era exatamente uma surpresa que ele soubesse, mas a maneira direta com que ele abordou o assunto me deixou nervoso.

- Senhor, eu....

- Não me venha com desculpas, Oliver! - ele interrompeu. - Eu sei que você a encontrou na festa. E sei que há mais entre vocês do que você está admitindo.

Minha mente corria, buscando uma maneira de explicar sem incriminar a mim mesmo. Mas antes que eu pudesse falar, Hayes continuou.

- Eu deveria demitir você por isso. - ele disse, sua voz fria. - Mas vou dar uma chance para você se redimir.

Ele se recostou na cadeira, cruzando os braços.

- Quero que use essa... proximidade com Victoria para nosso benefício. Aproveite a aliança que parece estar se formando. Investigue-a mais a fundo. Descubra tudo que puder sobre as operações dela, seus contatos, seus planos. Traga informações valiosas, e consideraremos isso uma missão de infiltração.

Fiquei em silêncio, processando as palavras dele. Era uma proposta perigosa, mas recusá-la não era uma opção. Hayes não estava pedindo, estava ordenando. E recusar significaria o fim da minha carreira – ou pior.

- Sim, senhor. - respondi finalmente. - Vou fazer o que for necessário.

- Boa escolha, Fletcher. -disse Hayes, um leve sorriso aparecendo em seu rosto. - Mas lembre-se, um passo em falso e você está fora. E não haverá outra chance.

Saí do escritório dele com um peso nos ombros. A missão já era complicada, e agora tinha se tornado ainda mais. Eu precisava estar perto de Victoria, mais perto do que já estive, sem que ela suspeitasse de minhas intenções reais. Cada interação, cada palavra, teria que ser calculada cuidadosamente.

Enquanto dirigia de volta para casa, não conseguia parar de pensar na última noite. No jeito que ela me olhou, no toque de suas mãos, no beijo que trocamos. Havia uma conexão ali, algo real. Mas agora, precisava manter a cabeça fria e o coração ainda mais frio.

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