Capitão Park, só de ouvir esse nome você já poderia sentir arrepios. Porém já fazia mais de noventa anos que ninguém se preocupava com isso, já fazia décadas que o capitão estava morto.
Pelo menos era isso que todos acreditavam, até mesmo o caçador...
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Bem, eu não queria ser alguém que se apega a pessoas e coisas, queria apenas viver minha vida sem a preocupação de que teria mais um motivo para estar vivo, além de puramente a mim mesmo, mas assim que aquele par de olhos cruzou o meu caminho, assim que meu cérebro processou a ideia de que ele existia, foi inevitável não me apaixonar. Olhar para eles me fazia questionar se o céu ficava mesmo lá em cima, aqueles olhos haviam se tornado o meu mundo inteiro.
Ser alguém apaixonado é perigoso. É assustador. Na maioria das vezes acaba com a gente de um jeito surreal, não é nada legal e foi exatamente o que aconteceu comigo. Mas não esperava que uma única pessoa fosse capaz de ser responsável por absolutamente tudo, desde meu humor pela manhã, até o modo como passaria a noite, eu simplesmente perdia a linha de raciocínio em apenas ver ele e eu tenho certeza que ele acharia isso tão idiota e ridículo, mas eu poderia admirá-lo por horas e mais horas, poderia o dizer o quanto o amo em todos os segundos de sua vida sem me cansar. Poderia parecer covardia, mas quando se trata dele, nunca acho palavras que parecem ser boas o suficientes, parece que o ar me falta.
Tudo dependia dele, estava apenas orbitando ao seu redor, esperando uma brecha para sanar minha vontade de estar ao seu lado, de tocá-lo e a maior vontade que tive ao por os olhos neles, que era a de poder beijá-lo, sentir seus lábios colados aos meus e tê-lo em meus braços e não soltar nunca mais, poder desfrutar de apenas uma vez a sensação de chamá-lo de meu. Foi natural conhecer seu coração e me sentir completamente a vontade em poder entregar o meu como recompensa, foi como deveria ser, só que um pouco melhor de tudo que já cheguei a imaginar.
Porém, nunca cheguei a ter quase nenhum desses privilégios, parecia estar fadado a apenas olhá-lo de longe, todavia, isso já me bastava, se o meu destino era apenas assistir, faria isso de bom grado.
Eu o amaria até o último adeus, como um devoto. Com sua alma, que mesmo distante, me assombra, me fazendo lembrar que um dia estaremos juntos, mesmo não tendo a certeza de que o encontrarei do outro lado, até porque demônios jamais chegaram a ir para o paraíso e eu, bom, não tenho certeza se mereço nem um, nem o outro.
Ele desperta o melhor e o pior em mim, ele é o meu paraíso e o meu inferno, é o meu dia e a minha noite, é o que me mantém vivo e ao mesmo tempo o que me mata, meu antídoto e o meu veneno. Mesmo não sendo capaz de dizer um simples "eu te amo", sigo do seu lado, apesar de qualquer coisa, eu ainda quero ele.
Tinha de ser ele.
E se você é um jovem normal e até mesmo espirituoso demais, que está lendo isso e acha que no final das contas tudo terminará bem e que vai dar certo, beleza. Continue seu caminho. Eu de verdade, queria ter seu otimismo e acreditar que tive o meu felizes para sempre.
Mas de algum modo, se você se reconhecer em um capítulo ou outro, se sentir alguma coisa estranha por dentro, como a sensação de milhares de borboletas dançando em seu estômago e a leve palpitação no peito, talvez você seja como eu e possa se sentir exatamente como eu me senti quando aquele garoto, meio doido, tagarela, até meio idiota e sem vergonha, cruzou meu caminho.
E uma vez que você põe os olhos nele é impossível de se esquecer, ele fica no seu céu para sempre, fica marcado no seu coração, em alguma parte dentro de você, ele bate como uma onda nas pedras, como ele fez comigo.
É apenas uma questão de tempo antes que você se veja caidinho por ele e comece a sentir algo incomum, foi intenso e foi mágico eu diria, algo tão sagrado e difícil de substituir.
Mas não se iludam, nem tudo é o parece e eu descobri isso da pior maneira, colocando algo que nem eu estava sabendo que estava em jogo, deixando que meu coração fosse quebrado em dezenas de pedaços por alguém que jurei ser o amor da minha vida, mas que com o tempo se mostrou ser o demônio que sempre desconfiei que era, tive que aprender como viver essa dor e também a como odiá-lo da maneira que ele sempre mereceu. Mas não digam que eu não avisei.
