Capitulo 3: Encontro e Conflitos

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Aquele dia, como tantos outros, começava com uma ação violenta. O sol mal havia nascido quando a equipe do BOPE se reuniu na base, preparando-se para mais uma operação de alto risco em uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro. Ruan, como sempre, estava no comando, revisando o plano com a frieza e a precisão que lhe eram características. Cada movimento, cada ordem, era executada com uma precisão militar que não deixava margem para erros.

A missão era clara: capturar um dos chefes do tráfico que estava se escondendo na favela, responsável por uma série de ataques violentos nas últimas semanas. Informantes haviam dado a localização exata, e a operação precisava ser rápida e letal. Ruan, com sua determinação de ferro, sabia que falhar não era uma opção.

Equipados com armamento pesado e coletes à prova de balas, os homens do BOPE se infiltraram nas vielas estreitas e escuras da comunidade. O silêncio era quebrado apenas pelo som abafado de passos cuidadosos e a respiração controlada dos policiais. Ruan liderava a equipe, seus olhos constantemente varrendo o ambiente em busca de qualquer ameaça.

Conforme avançavam, a tensão no ar aumentava. Cada esquina virada, cada porta arrombada, era um passo mais perto do alvo. Ruan mantinha o foco, lembrando-se do juramento que fez ao seguir os passos de seu pai. Para ele, essa não era apenas uma missão; era uma guerra pessoal contra o crime que havia tirado a vida de seu herói.

Chegaram ao local indicado, uma casa simples, escondida no labirinto da favela. Ruan sinalizou para seus homens se posicionarem, preparando-se para a invasão. Em um movimento sincronizado, arrombaram a porta e entraram, as armas prontas para disparar.

O interior da casa estava mal iluminado, e a adrenalina corria pelas veias de Ruan enquanto seus olhos se ajustavam à escuridão. De repente, um movimento no canto do quarto. O traficante, desesperado, puxou uma arma, e o mundo pareceu desacelerar por um instante.

Ruan não hesitou. Com um movimento rápido e preciso, ergueu sua arma e disparou. O som do tiro ecoou pela sala, e o traficante caiu ao chão, a arma escorregando de sua mão. O treinamento de Ruan e sua determinação inabalável haviam prevalecido mais uma vez.

— Alvo neutralizado — ele comunicou pelo rádio, a voz firme e controlada. Mas, por dentro, uma tempestade de emoções se agitava. Cada operação bem-sucedida era um passo mais perto de sua missão pessoal, mas também um lembrete constante do preço que pagava por essa guerra.

Enquanto os médicos da equipe verificavam o estado do traficante e preparavam-no para ser transportado, Ruan sentiu uma pontada de algo que não conseguia identificar completamente. Não era arrependimento, mas uma sensação de que, apesar de tudo, essa guerra nunca teria um fim claro. O sangue derramado, as vidas perdidas — eram cicatrizes que ele carregaria para sempre.

Eles saíram da favela com o traficante gravemente ferido, e Ruan não podia imaginar que esse evento o levaria a um encontro que mudaria sua vida para sempre. Ao chegar ao hospital, o criminoso estava sendo levado em uma maca, cercado por policiais e médicos, um tumulto de gritos e ordens. Ele entrou decidido, quase ignorando a equipe de enfermagem, até que seus olhos encontraram os de Carolina.

Ela estava ao lado da maca, com um olhar sério, determinada a fazer seu trabalho da melhor forma possível. Havia algo em seu jeito que o incomodou, uma resistência que ele não esperava encontrar em um ambiente como aquele.

— Você não pode ficar aqui, tem que se afastar — Ruan disse, sua voz firme, mas carregada de arrogância. Para ele, as regras eram claras, e ninguém deveria questioná-las.

— E você acha que pode simplesmente trazer um ferido e sair como se nada tivesse acontecido? — Carolina respondeu, o tom firme, desafiando a autoridade que ele tentava impor. — Ele é um ser humano, e merece o mesmo cuidado que qualquer outro paciente.

A troca de olhares foi instantânea. Ruan, acostumado à obediência, sentiu-se desafiado. Carolina, por sua vez, viu em Ruan não apenas um soldado, mas a encarnação de um sistema que ela sempre combateu.

— Você não entende nada do que está acontecendo aqui — ele retrucou, o orgulho inflamado.

— E você não percebe que a sua missão pode ser parte do problema? — Carolina devolveu, sentindo a tensão aumentar.

O clima entre os dois era palpável, uma faísca prestes a se transformar em incêndio. Enquanto os médicos começavam a trabalhar rapidamente no ferido, Ruan percebeu que estava lidando com alguém que não se intimidava facilmente. Era um desafio que o tirava da sua zona de conforto.

Ali, entre a pressão de salvar vidas e a arrogância de um sistema que ele idolatrava, nasceu uma conexão estranha e imprevisível. O embate de ideais se tornava, aos poucos, uma batalha pessoal, uma atração disfarçada em hostilidade. Ambos estavam determinados a lutar por suas crenças, mas, naquele momento, o destino tinha outros planos.

Com o barulho da sirene ao fundo e a adrenalina correndo nas veias, Ruan sabia que aquele encontro mudaria suas vidas para sempre. E Carolina, por mais que tentasse, não conseguiria ignorar a tempestade que se formava entre eles.

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