Capítulo 8: O Encontro no Meio do Caos

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A manhã começou como qualquer outra para Carolina. Ela estava ansiosa para o atendimento na comunidade, algo que sempre a enchia de propósito e energia. O sol brilhava alto no céu, e os sons da comunidade começavam a preencher o ar. Crianças corriam pelas ruas, e as pessoas começavam a abrir suas barracas e lojas.

Carolina ajustou sua mochila nos ombros e sorriu para Dona Marta, uma das líderes comunitárias, que a recebeu com um abraço caloroso.

— Bom dia, Carol! Pronta para mais um dia de trabalho?

— Sempre, Dona Marta. Vamos começar.

Elas começaram a montar a tenda de atendimento na praça central, onde Carolina forneceria consultas médicas e apoio às famílias da comunidade.

— Eu prometo de dedinho a você que não vai doer tá? E como recompensa a tia vai te dá 1 barra de chocolate — Lá estava Carolina, tentando conversar ao pequeno menino que se encontrava ali com medo de tomar uma das dezenas de vacinas que estavam atrasadas. Tudo estava correndo bem, até que, do nada, o som de tiros ecoou pelas ruas estreitas.

O pânico se espalhou rapidamente. As pessoas começaram a correr, gritando e buscando abrigo. Carolina sentiu seu coração acelerar, e seu primeiro instinto foi proteger aqueles ao seu redor.

— Todos para dentro! — gritou, ajudando as crianças a entrarem em uma casa próxima.

Os tiros se intensificaram, e Carolina percebeu que estava no meio de uma situação muito perigosa. Ela começou a correr pelos becos, tentando encontrar uma rota segura. Seu coração batia descontroladamente, e a adrenalina a fazia seguir em frente, mesmo com o medo paralisante.

De repente, ela se viu encurralada em um beco sem saída. Os passos pesados dos policiais se aproximavam rapidamente, e ela sabia que precisava pensar rápido. Ela olhou ao redor, desesperada, procurando uma saída. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, foi cercada por policiais armados.

— Mãos para cima! — gritou um dos policiais, apontando sua arma para ela. Junto dele tinha mais três, sendo um carregando um cachorro na coleira que parecia que tinha desejo de devora - lá

Carolina levantou as mãos, tremendo. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto enquanto ela tentava explicar que era apenas uma enfermeira, mas o pânico em sua voz dificultava a compreensão de suas palavras.

— Por favor, eu só estou aqui para ajudar! — implorou, sentindo o desespero tomar conta.

Um dos policiais, mais alto e com uma expressão severa, se aproximou. Quando seus olhos se encontraram, algo mudou. Ele a reconheceu.

— Carolina? — a voz de Ruan era cheia de surpresa, mas logo se transformou em frieza.

Ela olhou para ele, surpresa, e então a realização a atingiu. Ruan, o homem que ela não via há anos, estava ali, diante dela, em uma situação que ela nunca poderia ter previsto.

— Ruan? — sua voz falhou enquanto o alívio e a surpresa se misturavam.

Ruan baixou a arma imediatamente, mas manteve a expressão dura.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou, sem disfarçar a irritação na voz.

— Eu... eu estava atendendo a comunidade, mas então os tiros começaram, e eu... eu só queria ajudar, mas fiquei presa aqui — explicou Carolina, ainda tremendo.

Ruan soltou um suspiro impaciente, olhando ao redor como se estivesse avaliando o tempo que estava perdendo.

— E você achou que correr para os becos seria uma boa ideia? Você sempre teve um talento especial para tomar as piores decisões, não é? — disse ele, cruzando os braços.

Carolina que antes estava totalmente acuada, sentiu a resposta que estava na ponta da língua, sair automaticamente pela sua voz

— E você queria que eu corresse pra onde? Se de um lado tinha vocês e do outro o tráfico? Voar não era a alternativa — O tom irônico saiu como um deboche para Ruan, que não aceitava receber aquele tipo de tratamento

Carolina sentiu seu rosto corar de vergonha e raiva ao mesmo tempo. Ela se endireitou, tentando manter a compostura.

— Eu só queria ajudar as pessoas daqui. Não sabia que acabaria no meio de uma operação do BOPE.

Ele revirou os olhos, claramente impaciente.

— E agora estou aqui, tendo que cuidar de você. Ótimo.

— Você está ajudando por que quer. Não te pedi! — Mais uma vez ela sentiu sair da sua boca palavras que não deveria

Ruan fez um sinal para os outros policiais baixarem as armas, mas a irritação em seu rosto era evidente. Ele pegou o braço de Carolina com um toque brusco, puxando-a para seguir seu caminho.

— Vamos te tirar daqui antes que você cause mais problemas. Fique perto de mim e não saia do meu lado, entendeu? — ordenou, sem sequer olhar para trás. Apertando ainda mais o braço dela

Carolina assentiu, sentindo uma mistura de emoções — raiva, humilhação e uma ponta de tristeza. Enquanto Ruan a guiava pelos becos, ela se perguntou como alguém que conversou com ela em um dia, se mostrou totalmente diferente no outro.

Eles chegaram a uma área segura, onde os outros policiais estavam organizando a evacuação dos civis. Ruan soltou a mão de Carolina assim que chegaram, como se estivesse se livrando de um fardo.

— Obrigada, Ruan. — disse ela, tentando esconder a decepção na voz.

Ele apenas acenou com a cabeça, o olhar distante.

— Só faça um favor a todos e não se meta mais em situações assim. — E, sem esperar resposta, virou-se e começou a dar ordens aos seus homens.

Algo dentro de Carolina estalou. Ela respirou fundo e deu um passo à frente, decidida a não deixar as coisas terminarem assim.

— Ei, Ruan! — chamou, sua voz firme e desafiadora.

Ruan se virou, surpreso pela ousadia dela.

— O que foi agora, Carolina? — perguntou, cruzando os braços.

— Você não tem o direito de está me tratando assim — começou ela, a raiva borbulhando. — Eu estava aqui tentando ajudar essas pessoas, fazendo meu trabalho, quando fui pega no meio de algo que eu não tinha controle. E você, ao invés de mostrar um mínimo de compaixão, só me trata com arrogância e desprezo.

Ruan ergueu uma sobrancelha, claramente desafiado.

— Complicações como você são a última coisa que eu preciso em uma situação como esta. Eu tenho uma operação para conduzir e vidas em risco. Desculpe se não fui cordial o suficiente para você.

Carolina deu um passo à frente, sem recuar.

— Você pode estar estressado, mas isso não te dá o direito de me tratar como um problema. Mas também, não esperava nada vindo de um policial arrogante que só enxerga o próprio umbigo — Falou sabendo que aquilo não era totalmente a verdade, mas deixou a raiva a possuir

Por um momento, a máscara de arrogância dele vacilou, e algo suave brilhou em seus olhos. Mas foi apenas um instante.

— Espero que agora você saiba onde não deve se meter, Carolina. — E, sem mais uma palavra, ele se afastou.

Carolina ficou ali, seu coração batendo forte, enquanto assistia Ruan se afastar. Ela sabia que aquele reencontro tinha mudado algo dentro dela, e não de uma maneira que ela esperava. Mas uma coisa era certa: ela não iria deixar que ninguém a tratasse daquele jeito.

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⏰ Última atualização: Jul 17 ⏰

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