CAPÍTULO 08

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Sugo o líquido através do canudinho de papel, o que dificulta um pouco mais, mas sinto o gosto gélido e refrescante do suco de abacaxi refletir no meu paladar, doce e suave, descendo e umedecendo minha garganta

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Sugo o líquido através do canudinho de papel, o que dificulta um pouco mais, mas sinto o gosto gélido e refrescante do suco de abacaxi refletir no meu paladar, doce e suave, descendo e umedecendo minha garganta.

" Quando os homens da lei grampeia, o coro come toda a hora, miserável, vou apertar, mas não vou agora, e se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora..."

A música do Bezerra da Silva é entoada pelo grupo de samba, enquanto a batucada explode com o som das palmas e das vozes entrelaçadas no ambiente. Ergo meu olhar e vejo duas mulheres de pele retinta: uma delas, com um turbante na cabeça e um sorriso largo, samba com as costas das mãos apoiadas na cintura, enquanto a outra, de pele negra mais clara, sorri e grava a amiga.

- Tu pode ser minha Mary Jane. - Afasto o canudinho dos meus lábios e passo a língua em seguida enquanto engulo o suco. - Homem-Aranha é o super-herói que eu mais gosto. Daí você pode ser minha Mary Jane. No meu próximo aniversário, pedi pra mamãe fazer uma festa com os desenhos dele, e eu vou me vestir de Homem-Aranha pra você. - Bernardo diz.

E instantaneamente, meus lábios se curvam em um sorriso e vejo suas bochechas cheias ganhando um tom avermelhado enquanto ele encolhe a cabeça entre os ombros.

- Posso sim, não vejo problemas. - comento, e sinto os dedos do meu namorado largando minha cintura. Franzo o cenho e ergo o pescoço, virando sobre o ombro e vendo ele erguer a mão por trás da cadeira branca de plástico onde estou acomodada. Ele se levanta, afastando as costas da mesa e deixando a latinha amarela com o símbolo da Brama em cima da mesa. - Vai aonde? - investigo, cerrando os olhos.

Ele olha para o meu rosto e gesticula com a mão, como se estivesse dizendo que já volta, enquanto aproxima o aparelho perto do ouvido.

Sinto seus lábios beijando o topo da minha testa, sobre a manchinha branca. E meu corpo estremece, mas de raiva; é a segunda vez que ele atende o celular longe de mim. Nunca fez isso antes, nunca teve problemas em atender o celular na minha presença, assim como eu. Puxo minha atenção para baixo, soltando o ar, e levo minhas mãos à altura da saia, ergo um pouco minha bunda da cadeira, ajustando o pano no meu corpo, descendo mais pela barra da saia. No processo, viro meu rosto quando sua voz reverbera em meus ouvidos.

- Posso mandar minha tia Ângela te buscar, minha Mary Jane. - Um sorriso brota em meus lábios e passo a mão sobre seu cabelo cortado, sentindo a textura pinicar a palma da minha mão.

- E você manda em mim desde quando? - questiona Ângela, sua voz ressoando entre os lábios reprimidos enquanto ela ergue o iPhone prata, gravando um story do seu look.

- Fazendo favor, tia Ân. - Ele resmunga e desce da cadeira, puxando-a mais para o meu lado, quase sentando em cima de mim. Bufo uma risada, observando ele se acomodar na cadeira, deixando um vão enorme ao lado da Ângela, Bernardo ergue seus dedos e pegando três batatinhas fritas, passando ketchup antes de comer.

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