Quando o show terminou, comecei a caminhar de volta para casa. A noite estava tranquila, com uma leve brisa balançando as folhas das árvores e o som distante da música ainda ecoando. Senti uma paz interior enquanto seguia meu caminho, refletindo sobre o dia que tinha sido cheio.
Lembrei-me do garoto novamente. Seu sorriso, o jeito descontraído e o olhar que por um momento pareceu se conectar tão perfeitamente com o meu. Pensar nele me trouxe uma sensação agradável de expectativa e mistério. Embora soubesse que as chances de encontrá-lo novamente eram mínimas, a ideia de um possível reencontro me fazia sorrir.
De repente, uma lembrança específica me veio à mente: a queda que ele levou no meio do parque. A imagem dele tropeçando desajeitadamente, tentando se equilibrar e depois se levantando com uma risada constrangida, era simplesmente hilária. Não pude evitar, comecei a rir sozinha enquanto caminhava. Aquele momento desajeitado, mas humano, tornou-o ainda mais encantador aos meus olhos.
Cheguei em casa ainda rindo, me sentindo leve e feliz. Entrei, tirei os sapatos e me joguei no sofá, ainda sorrindo com a lembrança do garoto e sua queda. Talvez eu nunca o visse novamente, mas aquela lembrança divertida seria suficiente para me fazer sorrir por um bom tempo. E, quem sabe, a vida sempre pode nos surpreender de formas inesperadas.
Minha tia chegou na sala e me viu rindo como uma idiota, era óbvio que havia acontecido algo muito bom e que ela havia estranhado a cena.
— Hanna?? — Perguntou quase rindo.
— Oi, tia! — Me levantei bruscamente com o sorriso ainda estampado em meu rosto.
— Como foi lá?
— Foi legal..
— Sério? Só isso?? Então você tá tão feliz porque?
— Ah tia... Você não sabe. Quando eu estava indo para o festival encontrei um cachorrinho muito fofo no parque, mas aí chegou o dono dele e MEU DEUS! QUE MENINO LIN-DO!!
Ele chegou e pareceu que tudo tinha parado, sabe? — Fiz uma pausa e voltei a dar risada, minha tia não estava entendendo nada.— Oxi, qual a graça?
— É porque tudo parou, inclusive ele, mas ele parou com a cara no chão.
Ela logo entendeu e caiu na gargalhada comigo.
— Ah tá, agora entendi o porquê da risada. Disse ainda rindo e complementou. — E você falou com ele? Pelo visto ele te conquistou.
— Sim, a gente conversou um pouco enquanto ele se recuperava da queda, mas não perguntei o nome dele.— Como assim!?!? — perguntou minha tia incrédula.
— Não, eu nem pensei nisso na hora! Fiquei tão distraída com a situação toda que só percebi depois.
— Ah, essas coisas acontecem. Mas quem sabe você não o encontre de novo por aí? A cidade é pequena.
— É, eu pensei nisso também. E, mesmo que não encontre, foi uma boa história pra contar, não é?
— Com certeza! — disse minha tia, rindo novamente. — Mas da próxima vez não pergunta só o nome, tenta pegar o número também, viu?
— Pode deixar, tia. Vou tentar lembrar. — respondi, ainda rindo.
Subi para o meu quarto para tomar um banho. No caminho acabei passando na frente do quarto de Pierre, a porta estava entreaberta e ele dormindo, então entrei discretamente.
Ele dormia como um pequeno anjo, com os cabelos espalhados pelo travesseiro e uma expressão serena no rosto.Aproximei-me devagar, tentando não fazer barulho, e fiquei observando-o por alguns instantes. Pierre sempre teve essa capacidade de parecer completamente tranquilo, mesmo nas situações mais estressantes. Era uma das coisas que mais admirava nele. Enquanto o olhava, uma sensação de paz tomou conta de mim.
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Passaporte do Amor
RomanceAos 16 anos, Hanna tinha uma vida comum até seus pais decidirem mudá-la para uma pequena cidade na França sem explicação aparente. Nessa nova realidade de mistérios e segredos, ela cruza o caminho de um rapaz que desperta seu interesse. Entre os seg...