Capítulo 3 - Pensées

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Quando o show terminou, comecei a caminhar de volta para casa. A noite estava tranquila, com uma leve brisa balançando as folhas das árvores e o som distante da música ainda ecoando. Senti uma paz interior enquanto seguia meu caminho, refletindo sobre o dia que tinha sido cheio.

Lembrei-me do garoto novamente. Seu sorriso, o jeito descontraído e o olhar que por um momento pareceu se conectar tão perfeitamente com o meu. Pensar nele me trouxe uma sensação agradável de expectativa e mistério. Embora soubesse que as chances de encontrá-lo novamente eram mínimas, a ideia de um possível reencontro me fazia sorrir.

De repente, uma lembrança específica me veio à mente: a queda que ele levou no meio do parque. A imagem dele tropeçando desajeitadamente, tentando se equilibrar e depois se levantando com uma risada constrangida, era simplesmente hilária. Não pude evitar, comecei a rir sozinha enquanto caminhava. Aquele momento desajeitado, mas humano, tornou-o ainda mais encantador aos meus olhos.

Cheguei em casa ainda rindo, me sentindo leve e feliz. Entrei, tirei os sapatos e me joguei no sofá, ainda sorrindo com a lembrança do garoto e sua queda. Talvez eu nunca o visse novamente, mas aquela lembrança divertida seria suficiente para me fazer sorrir por um bom tempo. E, quem sabe, a vida sempre pode nos surpreender de formas inesperadas.

Minha tia chegou na sala e me viu rindo como uma idiota, era óbvio que havia acontecido algo muito bom e que ela havia estranhado a cena.

— Hanna?? — Perguntou quase rindo.


— Oi, tia! — Me levantei bruscamente com o sorriso ainda estampado em meu rosto.


— Como foi lá?


— Foi legal..


— Sério? Só isso?? Então você tá tão feliz porque?


— Ah tia... Você não sabe. Quando eu estava indo para o festival encontrei um cachorrinho muito fofo no parque, mas aí chegou o dono dele e MEU DEUS! QUE MENINO LIN-DO!!
Ele chegou e pareceu que tudo tinha parado, sabe? — Fiz uma pausa e voltei a dar risada, minha tia não estava entendendo nada.

— Oxi, qual a graça?

— É porque tudo parou, inclusive ele, mas ele parou com a cara no chão.

Ela logo entendeu e caiu na gargalhada comigo.

— Ah tá, agora entendi o porquê da risada. Disse ainda rindo e complementou. — E você falou com ele? Pelo visto ele te conquistou.

— Sim, a gente conversou um pouco enquanto ele se recuperava da queda, mas não perguntei o nome dele.

— Como assim!?!? — perguntou minha tia incrédula.

— Não, eu nem pensei nisso na hora! Fiquei tão distraída com a situação toda que só percebi depois.

— Ah, essas coisas acontecem. Mas quem sabe você não o encontre de novo por aí? A cidade é pequena.

— É, eu pensei nisso também. E, mesmo que não encontre, foi uma boa história pra contar, não é?

— Com certeza! — disse minha tia, rindo novamente. — Mas da próxima vez não pergunta só o nome, tenta pegar o número também, viu?

— Pode deixar, tia. Vou tentar lembrar. — respondi, ainda rindo.

Subi para o meu quarto para tomar um banho. No caminho acabei passando na frente do quarto de Pierre, a porta estava entreaberta e ele dormindo, então entrei discretamente.
Ele dormia como um pequeno anjo, com os cabelos espalhados pelo travesseiro e uma expressão serena no rosto.

Aproximei-me devagar, tentando não fazer barulho, e fiquei observando-o por alguns instantes. Pierre sempre teve essa capacidade de parecer completamente tranquilo, mesmo nas situações mais estressantes. Era uma das coisas que mais admirava nele. Enquanto o olhava, uma sensação de paz tomou conta de mim.

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