capítulo 6

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Já haviam se passado algum tempo, meu avô já havia atendido muitas pessoas. Ouvi casos sobre o ataque no deserto dos lagartos-do-sol. Eu nunca vi nenhum deles, e por mais que sejam chamados assim, os Buzoris normalmente só saem a noite. Tudo o que sei sobre eles é do que ouvi pelos outros. Criaturas violentas que habitam o deserto que estão sempre em bando e que atacam quem estiver na frente, eles não são como nós e o pouco que descrevem é muito confuso.

Os conselheiros opinaram em todos os casos, mas a palavra final sempre é a do rei. Eu fiquei encantada com a justiça, firmeza e calma com que o rei julga suas causas. Pra ele era algo natural ser um líder tão bom. Havia um homem que era o último da fila e agora falava aos presentes.

-Há um homem que me deve muito ouro. Já fazem alguns meses que não me paga. Sempre com a mesma promessa de que vai me pagar e nunca o faz. Não posso simplesmente deixar para lá essa dívida. Sou um comerciante influente de Yaren. Eu dependo disso. Algo deve ser feito!- o homem diz e o vejo claramente irritado com a situação.

-Hmm... O que você acha que deve ser feito? -Escuto meu avô perguntar ao meu lado.

-Bom, meu Rei. O correto seria que o homem pagasse sua dívida. Se não tem ouro, que seja pego dele algo de valor que pague a dívida. Ou então que trabalhe ao homem pra que pague com seus serviços.- Diz o velho de antes, como se fosse algo muito simples.

Se o homem não pode pagar a dívida, como teria algo de valor. O homem certamente tem família, e também não seria justo trabalhar somente para pagar a dívida e não ter como suster sua casa.

-Myshah?- Escuto meu avô me chamar.

-ah.. Sim?- pergunto saindo dos meu pensamentos.

-Eu estava falando com você. O que você acha que deve ser feito? -
Escuto meu avô me perguntar e gelo por dentro. Ele quer que eu julgue esse caso, isso é mais difícil do que eu imaginava ser

-Meu rei...- o velho ia se pronunciar porém vejo meu avô levantar a mão para que ele se cale e me confirmar com a cabeça pra que eu fale.

-Bom...- começo um pouco temerosa. Mas como meu avô sempre disse, um líder não deve vacilar em suas decisões.

-Bom, se um cidadão de Yaren está nesta situação de dívida, é porque houve alguma falha no gerenciamento de contas da cidade. Os relatórios provavelmente não constam tal dívida, por isso o rei não foi informado de tal coisa. Logo a raiz do problema está no representante de Yaren e ele deveria ser contestado. -digo e olho para o velho que me olha com desprezo.

-O senhor é comerciante de quê? -pergunto ignorando Kete.

-Alimento, vossa alteza. Eu vendo cereais e legumes na rua do comércio. Sou um dos comerciantes mais influentes de Yaren.- Diz o homem com orgulho de si mesmo.

-Bom, se o senhor vende alimentos, isso significa que o tal homem tem fome e não tem como pagar por isso.  Ele não o roubou, apenas lhe pediu um tempo para conseguir pagar. Não se deve prender alguém que tem fome. -digo isso e me viro para o meu avô- Acredito que a melhor solução seria pagarmos a dívida do tal homem. Assim a tal dívida seria transferida para o rei e o comerciante não estaria mais em prejuízo. Após isso, os relatórios deveriam ser analisados e o representante convocado para Salwah a fim de prestar contas sobre os relatório.

Todos ficam em silêncio por um momento e fico apreensiva com a resposta final do rei. Vejo que o rei parece pensar e então diz ao homem:

-Assim será feito. Sua dívida será paga, e você avisará o tal homem que sua dívida foi quitada. Raffá? – meu avô o chama e o vejo parado em um canto da sala.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2024 ⏰

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