🎨 Capítulo 2

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O dia seguinte havia chegado e, por algum motivo, Minho estava preso ao anterior. Sentia satisfação pelo trabalho que tinha feito, claro, mas havia em si uma espécie de tristeza; uma tristeza por ter finalizado o desenho, pois ele ainda queria estar envolvido no processo de fazê-lo, e também sentia que um ângulo só não era o suficiente, ele queria mais.

A semana se passou e outra aula com modelo vivo chegou; porém, conforme a professora havia avisado, dessa vez seria um corpo feminino. O estudante de arte havia se redimido com a matéria, a primeira aula lhe causou ótimas impressões, então estava empolgado de qualquer forma.

Bom, pelo menos até a aula em si.

A modelo era linda e tinha um corpo muito bonito, na verdade um corpo invejável. Suas curvas eram na medida e tudo em si era proporcional, simétrico. Sua pele, diferente do modelo anterior, era branca, tão branca como o papel. Seus lábios eram de um rosa claro e um formato cheio, como os de Angelina Jolie. Seu cabelo era de um loiro-dourado, liso com leves ondas nas pontas. Ela parecia satisfeita consigo mesma, exalava confiança e sensualidade.

Minho reconhecia toda a sua beleza, aquela obra lhe agradava, mas não lhe encantava da mesma forma que a anterior, faltava alguma coisa, mas ele não sabia o quê e também não entendia o por quê, já que ali tudo parecia perfeito, perfeito até demais.

A aula terminou e ele admirou sua obra concluída, era como se ele tivesse desenhado uma deusa. A professora que passava pela sala pra olhar os trabalhos estava derramando elogios a todos, e não foi diferente com Lee Minho. Ele ficou satisfeito com os elogios e saiu da aula com a sensação de missão cumprida, como da última vez.

No dia seguinte algo começou a lhe incomodar: estava ainda pensando nas particularidades e na sensação que foi desenhar o primeiro modelo. Ele não entendia. "Por que não estou pensando na modelo de ontem? Na aula de ontem?" "Por que só consigo pensar nele?"

Minho então se lembrou que nem mesmo as batidas do seu coração eram as mesmas. De repente se assustou com seus próprios pensamentos, com suas próprias sensações, com as reações de sua própria anatomia. Claro, ele não havia pensado naquele modelo sexualmente, mas tinha algo que fazia seu coração bater muito mais forte. Ele não queria admitir que estava atraído por ele.

Embora só tenha se relacionado com moças, Minho sabia que provavelmente era bissexual. Já aconteceu algumas vezes de se sentir atraído por homens também, mas ele sempre fugia da forma que podia e tentava ignorar esse fato. Vindo de uma família conservadora, ele não queria decepcionar seus pais mais ainda. Já bastava ter escolhido um curso que, na visão deles, não tinha futuro.

Com esses pensamentos em mente, começaram as suas noites mal dormidas.

[Na universidade]

— O que vai fazer no fim de semana? - Jeongin pergunta enquanto Minho enche sua garrafa de água meio distraído.

— Ah, provavelmente... estudar e passar um tempo com os meus pais. - o artista responde depois de um breve silêncio.

— Não quer dar um rolê com o bonitão aqui? Poderia me usar como objeto de estudo enquanto a gente... SÓ QUE NÃO PELADO

Minho força uma cara de nojo e diz: — Eu não tenho interesse algum no seu corpo de qualquer forma - dá uma olhada de cima a baixo no amigo e depois continua — O que você quer fazer?

— Então, eu estava pensando de a gente ir naquele barzinho...

— Aquele barzinho que tenta imitar pub e tem cerveja cara? - o mais velho bebe um gole da água.

— É...

— Só se você pagar o que eu beber - Lee solta para seu amigo junto com um sorriso felino desafiador.

Art Sense • MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora