🎨 Capítulo 4

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Quarta-feira. Seria sua sétima aula de desenho de modelo vivo. Nenhuma outra tinha impactado Minho da mesma forma que a primeira, e isso o incomodava. Mesmo que agora soubesse o nome e o número do dono daquela “obra” que o cativou tanto, ele preferiu não entrar em contato. Lee preferiu respeitar a privacidade do rapaz e também ainda estava em negação à atração que sentia, ainda tentava se convencer que era puramente artística.

As últimas semanas tiveram diversos tipos de corpos a serem desenhados. Na terceira semana foi a vez de um corpo altamente malhado, musculoso, definido. Bang Chan, o dono deste corpo, parecia orgulhoso da obra prima que possuía, com certeza fazia questão de exibir aquilo que foi fruto de muito trabalho. Minho o achou familiar, tinha certeza de que já tinha o visto em algum lugar, e então se lembrou: ele era veterano do curso de Música, sempre andava com um notebook e headphones pra lá e cá.

Os modelos das outras semanas consistiam em uma mulher adulta altamente musculosa e definida, um homem jovem super magro e uma mulher mais velha com peso mais elevado. 

Agora, Minho não sabia que tipo de corpo ia ser, apenas imaginou que seria do sexo masculino já que estava seguindo um certo padrão intercalado. No fundo ele queria que fosse Han, ele queria desenhar mais daquele corpo, daquele rosto, daquela aura. Não que os outros corpos não fossem interessantes, cada anatomia tinha sua singularidade e sua beleza, tinha aprendido muita coisa desenhando cada uma, mas algo naquela primeira anatomia lhe tinha preso em uma coleira.

Chegando na sala, dessa vez se colocou em uma tela mais na parte lateral da plataforma. Da última vez que ficou ali foi quando Chan posou deitado de lado para ser desenhado, aquela vez tinha tido bastante trabalho em desenhar cada músculo daquele homem, pois toda a extensão da parte da frente do seu corpo estava virada para si, enquanto um dos braços estava sendo usado para apoiar a cabeça e outro descansando sobre o joelho que estava levantado. Minho não se lamentou pelo excesso de trabalho em comparação a quem tinha ficado aos pés ou à parte superior do modelo, ao contrário, sentiu que foi um dos que teve maior proveito. Suas colegas que ficaram no outro lado talvez não concordariam, a extensão da parte de trás do corpo do modelo era igualmente escultural.

Chegou o momento de apresentar o modelo do dia, a professora fez o mesmo processo de sempre e o modelo saiu do banheiro com seu roupão, um pouco mais confiante do que da primeira vez. Sorriu da mesma forma adorável e simpática quando cumprimentou a todos. Minho já estava fora de si. Seu desejo havia se tornado realidade e agora ele estava nervoso e eufórico. Bom, pelo menos por dentro, por fora ele olhava com admiração e desejo como quem olha seu prato favorito na sua frente e está prestes a devorá-lo. Seus olhos brilhavam, sua boca se abria e suas orelhas já começavam a ficar vermelhas. Era para ser só mais um corpo, mas aquele era o corpo que o havia cativado de tal forma que ele perdia controle de seus sentidos.

Han Jisung, o modelo, foi posicionado de forma diferente dessa vez. De joelhos, suas nádegas ficaram apoiadas em seus calcanhares, suas mãos largadas em seu colo e rosto direcionado a um dos cavaletes à sua esquerda. (referência abaixo)

A noite de Minho seria longa, era em sua direção que Han olhava dessa vez

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A noite de Minho seria longa, era em sua direção que Han olhava dessa vez. O nervosismo se tornou maior que a euforia e o artista se escondeu atrás de sua tela, criando coragem para olhar novamente para aquilo que deveria desenhar.

Por quê?

Minho se perguntava e praguejava por sua falta de controle, suor já começava a ser produzido em seu corpo. Ele ansiava por aquele momento, mas agora que o tinha ele não conseguia se controlar. O peso do olhar do mais jovem, mesmo que não diretamente em si, era algo realmente difícil de lidar.

Após respirar fundo várias vezes e tentar se lembrar de que deveria estar agindo com indiferença, Lee olha ao seu redor e percebe que, novamente, todo mundo já está desenhando enquanto ele tenta se recompor. Claramente todos ali estavam focados em sua tarefa, talvez internamente haja um conflito em cada um, mas com certeza ninguém estava tão afetado quanto Minho.

Em uma última tentativa, o artista tentou imaginar que aquilo já era uma pintura, já era uma obra que apenas ia ser redesenhada, não era real. Olhou novamente para Jisung e evitou olhar em seus olhos, deixaria aqueles "detalhes" por último.

Aparentemente a tática havia funcionado, ele conseguiu iniciar o desenho.

Próximo do intervalo, Minho já fazia as luzes e sombras do corpo de Han, antes mesmo de desenhar sua cabeça. Enquanto olhava para tais detalhes no corpo real e reproduzia em seu desenho, Lee começou a imaginar a sensação de passar seus dedos naquela pele bronzeada, em suas curvas e retas, côncavos e relevos. Estes pensamentos involuntários o desestabilizaram novamente e outra vez precisava se recompor. Porém, para sua infelicidade, em 1 segundo de distração ele encontrou com os olhos de Han, que o encarava naquele momento.

Sua reação automática foi se esconder atrás da tela, como havia feito anteriormente. Se curvou e colocou as mãos nas próprias coxas enquanto respirava fundo, de olhos fechados tentou pensar em tudo menos no modelo. Sem sucesso, ele abre os olhos e se depara com um relevo em seu avental. No momento não quis acreditar, mas inevitavelmente ele sentiu o que era, e sabia que, a partir dali, estava ferrado.

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