🎨🎸 Capítulo 10

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Han tinha finalizado seu ensaio, observava a vista de sua minúscula sacada enquanto tomava sua vitamina de banana. Já Lee Minho havia acabado de chegar em seu apartamento e se preparava para seu banho noturno. Este último se sentia inquieto e decidiu tentar resolver logo o assunto que estava pendente.

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Minho: Oi

Minho: Que lugar você prefere que eu te pague o lanche?

Minho: Estava pensando entre a cafeteria que você trabalha ou o bar que você tocou aquela vez

Minho: Mas se quiser pode ser outro local…

Jisung: Oie

Jisung: Pode ser na cafeteria, gosto bastante do café de lá, mas teria que ser na parte da tarde

Minho: Certo, no sábado a tarde você estará livre?

Jisung: Depois de umas 15h, sim

Minho: Tá bem, combinado às 16h na cafeteria?

Jisung: Combinado :)

Minho: :)

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O artista queria conversar mais, mas simplesmente não sabia como fazer isso, por mais que pensasse em algumas coisas acabava achando que seria desinteressante ou inadequado. Ao se dar conta de seu impasse, Lee pensou no quão difícil seria manter uma conversa no dia que se encontrassem e então se arrependeu em não ter sugerido diretamente o bar, pois com a bebida ele teria um pouco mais de facilidade.

Ao pensar isso, ouviu uma voz em sua mente lhe chamando de covarde. Era a voz de Jeongin. Minho estava assombrado pelo que o mais novo havia dito, não esperava que o amigo tomasse um posto de autoridade em sua vida. Em parte, era engraçado: um jovem dois anos mais novo lhe dando lição de moral e lhe ajudando com relacionamentos. Em outra parte era um pouco humilhante, era como se ele tivesse perdido um pouco de sua dignidade. Mas quem não perde um pouco de dignidade quando se apaixona?

Durante o banho teve algumas ideias. Inventou diálogos em sua cabeça e, apesar de uma e outra hesitação, parecia fluir bem. Estava um pouco mais seguro agora com o evento futuro. Suspirou em alívio e então lembrou do desenho incompleto, sentiu uma vontade súbita de terminá-lo assim que saísse do banho. Por mais que estivesse cansado, assim o fez.

Desenrolou e prendeu o papel na prancheta que tinha em casa, e então abriu a foto que havia recebido em seu celular. Arrependeu-se de não ter impresso ela na universidade, mas não era como se fosse um real problema, ele praticamente nem precisava da mesma.

Antes de fazer qualquer traço, observou por um tempo todas as características presentes naquele rosto. O formato de cada uma delas parecia puramente especial e Minho sentia como se tivesse nascido apenas para admirá-las. Olhos, boca, nariz, bochechas, sobrancelhas, maxilar, a forma que o cabelo caía no rosto, tudo parecia perfeito mas não na forma de uma beleza padrão; era como se houvesse algum tipo de tempero especial secreto que o viciava e o impedia de desviar os olhos sem expressar alguma admiração antes.

Embora tenha desenhado com mais cuidado e detalhamento que teria feito durante a aula, o tempo passou rápido. Seu foco e sede pela obra resultaram em uma excelente finalização, motivo de orgulho para Minho. O artista se levantou para ver seu desenho com uma perspectiva um pouco mais abrangente. A peça final lhe inundou com emoções que nem sabia descrever, quase podia sentir algo preenchendo seu peito.

Será que foi assim que Basil se sentiu ao terminar de pintar Dorian?

Lee relembrou um de seus livros preferidos, mas logo se arrependeu de ter correlacionado Han a Dorian, sendo que o último era um jovem arrogante e egocêntrico, voltado à sua aparência. Pelo pouco que sabia, o jovem músico que havia desenhado não era assim.

Na manhã seguinte, Minho foi novamente atingido por uma certa melancolia. Terminar um de seus melhores trabalhos trazia uma vontade de mais, queria desenhar mais daquilo, queria retratar com suas próprias mãos todos os ângulos possíveis daquele jovem, mesmo que desenhos realistas não fossem seu foco.

De repente se sentiu preso. Preso àquilo e a alguém do qual mal tinha trocado algumas palavras. Isso atingiu seu orgulho e o fez ter vergonha de si mesmo. Sua vulnerabilidade veio à tona no momento que se deixou ser afetado pelo outro. Cada um dos poucos momentos que botou os olhos nele haviam lhe alvejado de forma irremediável. Não tinha como voltar atrás, não tão facilmente.

E assim se seguiram os próximos dias: melancolia e culpa.

Pelo menos até seu encontro.

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