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Não me lembro da última vez que eu abri meus olhos para ver o mundo como belo. E eu construí uma gaiola para me esconder. Estou me escondendo, estou tentando lutar contra a noite.
Eu me mantenho atrás de uma parede de pessoas e pensamentos, controle mental. E eu seguro uma espada para me guiar. Estou lutando pra sobreviver
— Warrior, Aurora.
· Først ·
O pequeno lobo corria por toda a densa floresta, o riacho ao lado parecia convidativo para uma boa fuga, mas ele não conseguiria nadar com as patas tão machucadas e o corpo tão fraco, era algo impossível. Em algum momento, enquanto fugia dos leões da montanha, o lobinho acabou batendo em duas árvores muito próximas, ele não conseguiu desviar delas por causa da velocidade e agora também tinha a lateral de seu corpo totalmente dolorida, talvez até tenha quebrado algo.
Correu por mais alguns metros, mas suas patas o traíram e o pequeno animal já não conseguia ficar de pé, deitou na neve grossa que maltratava seu corpo ainda mais e escondeu os olhos sob suas patas dianteiras. Ele não queria ver quando os leões estivessem perto o suficiente para estraçalhar seu corpo inteiro.
Quando menos esperava, seu corpo cedeu à exaustão e ele não viu mais nada; ao menos morreria de modo indolor.
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Quando abriu os olhos ele imediatamente se arrependeu, a claridade não era forte, mas as dores em seu corpo eram horriveis o suficiente para ele segurar o grito na garganta e se mexer demais para tentar esquecer onde doía.
— Por favor, pequeno, se acalme ou vai sentir mais dores. — Ouviu uma voz doce dizer, era uma mulher. Ômega, de olhos redondos, não aparentava ser muito velha, mas com certeza tinha mais de quarenta anos. — Sou Narae, Ômega líder da Alcatéia Nattsol, que é onde você está. Estamos preparando chás para ajudar as dores e remédios para seus ferimentos, ainda não está totalmente curado, mas está muito melhor do que quando chegou.
— Como eu vim parar aqui? Como você fala a mesma língua que eu? — Narae sorriu tocando a testa do menor para checar se ainda havia sinais da febre, mas felizmente ele não estava fervendo como antes e o calor de seu corpo agora vinha das peles sobre o ninho feito para ele se recuperar.
— Nattsol acolhe pessoas de todos os lugares, eu e meu alfa viemos do mesmo lugar que você, por isso sei falar sua língua. Qual seu nome, filhote?
— Park Seonghwa. — Ela fez um gesto indicando para ele continuar falando e o ômega obedeceu. — Eu tenho dezessete anos, estava em uma toca com meu pai e minha mãe, fomos atacados por leões das montanhas. Meus pais me protegeram e eu estive fugindo pelos três dias seguintes.
— Certo, meu filho primogênito salvou você antes que aqueles animais terminassem o que começaram. Ele deve vir te visitar quando voltar da caça, nesse inverno os alfas e betas estão trabalhando mais para trazer comida.
— Hans medicin, min dame. (o remédio dele, minha senhora) — Era uma pequena ômega, não aparentava ter mais de dezesseis anos, ela trazia algumas coisas nas mãos, mas Seonghwa não conseguia ver de onde estava.
— Og te, hvornår er den klar? (e o chá, quando fica pronto?) — Narae perguntou. Seonghwa entendia um pouco do idioma, mas vivia na toca com sua mãe e por isso não era tão fluente, mas seu pai havia ensinado um pouco.
— Kommer snart. Undskyldning. (em breve. com licença) — disse antes de se retirar e Narae ajudou o menor a se sentar. — Não ligue para isso, Eliyja não é muito social com pessoas de fora. Depois que você se recuperar e começar a se enturmar com os outros ela vai acabar se acostumar com a sua presença. Agora me ajude a espalhar isso nas suas costelas e pernas, eles te machucaram bastante.
Passar os remédios não foi tão doloroso quanto Seonghwa pensou que seria, os ferimentos se anestesiaram no primeiro contato com a pasta feita pelos curandeiros da alcatéia; ele se lembraria de agradecê-los quando pudesse andar novamente.
— Mãe? — Curioso, Seonghwa olhou para o alfa na porta, mesmo de longe ele parecia bastante alto, os cabelos eram pretos e estavam presos em um meio rabo de cavalo, assim a cicatriz que passava sobre seu olho ficava mais evidente. Começava na metade da testa, passando pela sobrancelha, pelo olho e acabava no meio da bochecha, era tão reta que parecia ter sido feita propositadamente, mas foi em uma caçada. O alfa tentou caçar um urso e acabou quase morrendo no processo, desde então ele se prepara para o dia em que vai conseguir caçar aquele animal. — O chá. A Eliyja estava ajudando Eloi e eu me ofereci para trazer e saber como ele está.
— Ele está bem, não é, Seonghwa?
— Foi você quem me tirou de lá? — perguntou em uma curiosidade carregada de entusiasmo que quase arrancou um sorriso do alfa. — Obrigado por se arriscar e me salvar, eles teriam me matado se não fosse por sua coragem. Pode pedir o que quiser em troca, acredito que minha dívida com você não seja pequena.
— Nesse caso, jante conosco, tem leão para o jantar! — Dessa vez o alfa sorriu e se abaixou para ficar na altura dos olhos de Seonghwa. — Kim Hongjoong, saiba que não há dívidas entre nós, ver sua gratidão é o melhor pagamento que eu poderia ter.
— Um alfa gentil… — Seonghwa deixou o pensamento escapar, mas não se envergonhou.
— Um alfa bem criado! — Narae interrompeu e logo em seguida tirou o alfa do quarto. — Vou te ajudar a se limpar e tirar esse cheiro de sangue que está em você. Queremos saber como um ômega fofo como você, cheira. Aposto que tem cheiro de flores.
Seonghwa sorriu, sabia que seria difícil aceitar que não tinha mais seus pais ali, mas a mulher e aquele alfa pareceram tão gentis que ele se sentia em casa.
Notas finais
Olá!
Gente, essa é a quarta versão de Alcatéia, a fanfic me pertence e eu não permito que NINGUÉM faça adaptação dela, assim como de nenhuma outra história minha.
Sobre alturas:
Essa é uma fic que se passa em território viking, e meu omegaverse é evolutivo, então as alturas são de acorco com a sobrevivência deles.
• Alfas: têm entre 1,80 e 2m. Por serem capazes de lutar contra ursos e demais animais grandes.
• Betas: têm entre 1,70 a 1,80. Não costumam lutar contra animais muito grandes, mas também são caçadores.
• Ômegas: entre 1,60 a 1,70. Caçam animais pequenos (coelhos, raposas).
O Seonghwa é albino! Nessa época o albinismo não era descoberto como alteração genética então eles acreditam que ele é branco (cabelos, cílios, sobrancelhas, pele) por causa do lobo dele que é ártico.
