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"Maybe it's a blessing in disguise (I sold my soul for you)
I see my reflection in your eyes"
- Reflections, The Neighbourhood

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"Durante os anos da minha vida, nunca realmente havia sentido algo diferente, como paixão ou coisa assim. Normalmente algumas crianças tem "paixonites" infantis, gostam de alguma garota ou garoto de sua sala, ficam com vergonha, os pais brincam ou repreendem, essas coisas. Acontecia com frequência na antiga escola em que eu estudava, lembro de quando Tsumiki se viu gostando de um garoto de sua sala, eu não poderia dar menos importância.
Toda vez ela retornava o assunto sobre o garoto, eu revirava os olhos e fechava a cara, não me obrigaria a ouvir aquela baboseira. Sinceramente, me arrependo de ter sido grosso dessa forma com ela, mas agora não tenho como me desculpar.

Nunca vi esse sentimento como algo relevante, na realidade, me via incapaz de me enturmar com a maioria das crianças por conta disso, e seguindo essa linha de ser 'a pessoa diferente', querendo ou não, se você não faz parte da grande massa eles irão te olhar torto. Aprender a me defender cedo foi algo crucial.

Quando Gojo entrou na minha vida não mudou muita coisa, me recordo das vezes que ele brincou com Tsumiki sobre algum garoto que ela gostasse, ela sempre se envergonhava e ria. Ainda me lembro de sua expressão, era um sorriso torto sem graça, o rosto vermelho e os braços encolhidos, apesar da timidez ela estava feliz de certa forma, Gojo não era o tipo de adulto que repreenderia ela por algo idiota assim.
Eram bons momentos, me trazia genuína felicidades ter algo minimamente parecido com uma família.

Ele tentava ser responsável, mas falhava miseravelmente algumas vezes, quando ele se sentou conosco para aquele tipo de conversa, eu só me retirei da sala. Eu não precisava ouvir, não queria escutar, não me serviria de nada, era inútil.
Segui com o mesmo pensamento imutável durante todo a vida, mas algo me fez questionar as minhas crenças, alguém.

Talvez se eu tivesse escutado aqueles conselhos idiotas de Satoru quando era mais novo, eu teria recepcionado de uma forma mais sútil o estrondo que foi Itadori Yuuji em minha vida, ele foi... especial, ele é especial, ele tem algo, um inexplicável brilho e chama dentro de si, ele naturalmente é alguém que atraí outras pessoas.
Quando me aproximei dele, apenas o entendia como uma pessoa boa, mas após um tempo, missão atrás de missão juntos, treinos e dias livres, as coisas podem ser interpretadas de uma outra forma.

Ele destruiu uma casca enorme de espaço pessoal e proteção que eu mesmo criei desde cedo, ele me tirava sorrisos, me tirava rubor, conseguia me deixar a vontade, despertava algo por dentro que eu não sabia o que era, mas tudo nele fazia com que eu quisesse me aproximar. Ter ele por perto é uma benção, meus olhos nunca esconderam, ele é uma luz que nunca para de brilhar, a força dentro de sí é tão resplandescente como um diamante polido, me deixa triste não poder passar horas ao seu lado, me faz querer gritar aos quatro ventos que eu quero ele por perto.

Pela primeira vez na vida, eu havia criado uma afeição diferente por alguém, algo provavelmente unilateral, mas era alguma coisa que eu não entendia, mas aparentemente eu estava apaixonado, pela primeira vez na vida.
Acreditei por muito tempo que grande parte desses sentimentos românticos não existissem dentro de mim, não com mulheres pelo menos.

Mas existia com Itadori Yuuji. Com ele existia tudo, eu era capaz de presenciar emoções que nunca pensei que fossem florescer em meu peito. Meu coração bate mais forte toda vez que o vejo, minhas mãos soam, me sinto entorpecido, meu rosto ruboriza e eu sinto ele esquentar, é como uma droga estranhamente boa.
Talvez fosse uma loucura, mas eu queria poder, talvez, beijar ele."

"Beijar",um gesto tão simples envolvendo toque de lábios entre pessoas ou superfícies, algo comum entre amantes. Megumi nunca havia experienciado algo desse tipo.
Pensar na possibilidade de realizar esse ato, anteriormente, seria destoante de seus pensamentos sobre relações entre pessoas, mas agora parecia seu mais puro dejeso sobre alguém, talvez fosse a primeira vez que ele genuinamente ansiava por alguém, mas não um alguém qualquer, era um garoto.

Para Megumi, estar apaixonado por um homem não fazia diferença, ele já percebera desde muito cedo que sua atração era restrita apenas as figuras masculinas, mas essa paixão começava a ser problemática quando ela é por Itadori.

"Garotas altas e de bunda grande..." - Megumi murmurou em desgosto, se apoiado em sua escrivaninha, onde seu diário estava depositado, agora fechado e trancado com uma pequena chavinha.
O moreno se afastou e relaxou as costas na cadeira de couro, repensando na fatídica frase de Yuuji sobre o seu tipo. Ele não ligava para suas preferências, mas a parte "Garotas" o entristecia, mesmo que ele não deixasse aparente.

Yuuji não gostava de homens, ao menos até aonde Megumi sabia, seus comentários relacionados aos seus gostos eram sempre focados no feminino, nunca existiu ambiguidade em sua fala. Megumi e Itadori eram incompatíveis.
Pensar em beijar ele após essa pequena reflexão permaneceria para ele próprio, em seus sonhos, apenas em seus pensamentos solitos e em hipóteses nunca realistas.

Ao menos era o que Megumi gostaria de acreditar, queria conseguir crer que iria por um ponto final em seus sentimentos bobos e unilaterais, mas apenas ver a presença de cabelos rosa perto dele, seu coração acelerava, o rubor em seu rosto era visível e a vontade de o puxar para algum canto e encostar ambos os lábios apenas aumentava. Não seria errado, não havia nada de errado em seu desejo, Itadori era apenas o garoto que ele gostava, não tinha motivos para se cruxifcar por conta disso.

"Ele jamais iria querer algo assim, eu não sou uma mulher, afinal." - Tentava se conformar em sua mente, mas em todas as noites seus pensamentos voltavam para Yuuji.

Frustrado, ele guardou seu diário na gaveta de sua escrivaninha, se levantou da cadeira e se deitou na cama, colocando seus fones de ouvido no máximo e se perdendo em meio as vibrações sonoras, como se a música pudesse limpar sua angústia e ansiedade, não resolveria seus problemas mas era uma distração.
Quanto mais longe sua mente estivesse de Itadori, melhor seria para ele.

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Essa história irá tratar do meu headcanon do Megumi Gay, então caso você não goste/se incomode/encha o meu saco com outro hc, sugiro que se retire! Dessa forma você me poupa e se poupa de estresse.

Obrigado por lerem até aqui, me perdoem por qualquer erro ortográfico e até o próximo.
Abraços!

Querido Diário - ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora