5

178 18 33
                                    

"In my mind, when she's not right there beside me
I go crazy 'cause here isn't where I wanna be
And satisfaction feels like a distant memory
And I can't help myself
All I wanna ever say is, "Are you mine?'"
- R U Mine?, Arctic Monkeys.

.•° ✿ °•. °•. ✿ .•°

Como se as motivações de ambos fossem entrelaçadas nas mãos do destino, a semana de Yuuji começou igualmente agitada. O mesmo não teria sossego até sexta-feira de noite.
Era normal que no verão o índice de maldições aumentasse, mas naquele mês especificadamente parecia que a turbulência dos casos havia piorado em comparação aos anos anteriores, praticamente ninguém da escola estava com tempo sobrando graças as maldições.

Para sua sorte, as missões da semana seriam feitas junto a Nanami e Ino, ajudaria a manter sua cabeça no lugar e seus pensamentos estariam focados em bater em espíritos amaldiçoados e exorcizar, sem nenhum moreno exageradamente bonito ao seu redor para o distrair com seu charme e beleza exorbitante.
Ao menos era o que ele pensava, no primeiro dia tudo ocorreu bem, mas nessa terça a saudade de passar sua rotina mundana ao lado de Megumi estava o fazendo viajar, além do entendimento de seus próprios sentimentos após a proximidade da última sexta. Não conseguia focar e em certos momentos acabava atrapalhando no percurso de Nanami, que estava começando a perder a paciência.

Após terminarem de eliminar as maldições de um prédio em área comercial, Nanami puxou Yuuji para um canto isolado longe de Ino - que descansava despreocupadamente em uma lanchonete - para um conversa séria.

- Não está focado. - Não era uma pergunta, Itadori só pode abaixar a cabeça e sentir o sermão que iria vir. - Seu corpo trabalha por costume em lutar, mas sua mente e pensamentos estão em outro lugar, se continuar assim vai acabar se machucando gravemente, temos três dias de missões ainda para concluir, se não me disser o que está acontecendo vou pedir uma substituição na escola.
- Não! - Itadori gritou por impulso, automaticamente retomando sua postura, ele não podia ficar parado enquanto a temporada de maldições estava fervendo. Encarando o olhar firme de Nanami, derrotado ele se viu sem saída além de tentar explicar. - É bobagem, são problemas sentimentais, não vou deixar interferir de novo, então não tem que me substituir!

Nanami o encarou em silêncio por alguns minutos, processando uma resposta e algumas possíveis alternativas de motivos para Itadori estar agindo de forma descuidada nos últimos dias.
Soltando um suspiro pesado, a única conclusão possível veio na mente do loiro.

- Está apaixonado? - As palavras atingiram Itadori como flechas. Estático, com os olhos arregalados, a boca comprimida, rubor leve em suas bochechas e as sobrancelhas para cima. Se fosse um interrogatório, ele se entregaria facilmente. - Não precisa responder.
-.. Como? - A expressão totalmente confusa e sem jeito de Yuuji se desfez quando Nanami colocou uma mão em sua cabeça, acariciando seus cabelos levemente.
- É totalmente normal para jovens nessa idade se apaixonarem, é curiosamente mais comum no mundo Jujutsu do que deveria. - Tirando a mão do cabelo de Itadori, viu a expressão do menor suavizando aos poucos enquanto ele escutava com atenção. - Querendo ou não, sentimentos fortes são os que mais nos motivam para qualquer coisa, paixão e amor são pilares, é bom que você esteja se permitindo sentir. Entretanto, se isso fizer você se distrair em meio das missões, vou ter que te deixar de fora, tanto para o seu próprio bem quanto para o dos outros, um ataque distraído pode te ferir e ferir um companheiro, então se atente a isso. Lembre-se que não tem que se culpar por sentir, é o que nos faz humanos, entendido?

Itadori se calou por alguns minutos, absorvendo as palavras de Nanami com cuidado. A euforia de entender seus sentimentos ainda estava presente em seu peito, a incerteza da reciprocidade estava o deixando avoado e a ansiedade para compartilhar o que estava em seu peito estava o destruindo, querendo ou não ele se deixou levar. Em meio as missões ele deveria se atentar, mesmo que seu coração esteja batendo forte só de raciocinar que realmente está amando Megumi.
"não tem que se culpar por sentir, é o que nos faz humanos" era algo que ele gostou de escutar, a reafirmação de sua humanidade era algo importante. Após engolir os dedos do Sukuna, para a escola, o alto escalão, certos professores e alunos, ele não passava de um receptáculo de uma maldição terrível, mas, para Nanami, Gojo, Nobara, os veteranos e principalmente Megumi, ele era humano, um ser capaz de sentir, amar e ser amado.
A reafirmação desse status na sua mente o acalmou internamente, levantando o olhar ele abriu um sorriso genuíno para Nanami.

- Obrigado por isso, Nanamin!
Mesmo que pequeno, Nanami abriu um breve sorriso.
- Você é uma criança e eu sou responsável por você, não faço mais do que o necessário. Agora vamos, Ino deve estar esperando. - Com um aceno, ambos caminharam até o local onde o garoto repousava. - E não me chame de 'Nanamin' de novo.

Ao finalizar as missões daquele dia, Itadori deitou completamente exausto em seu dormitório, ainda precisava tomar um banho e comer, mas seus músculos necessitavam de horas de descanso e de sono.
Mesmo cansado, as palavras de Nanami ainda rondavam sua mente, mesmo que ele tenha descoberto sem querer sobre esse sentimento, estava feliz que o loiro tinha a consciência sobre o que ele estava passando, mesmo que eles não fossem tão próximos isso deixava seu coração mais calmo.

O que não durava muito, pois levantando da cama e saindo para a cozinha dos dormitórios, Itadori esbarrou com o motivo de seus surtos recorrentes.
Megumi estava saindo após uma provável refeição noturna, ele vestia roupas casuais - provavelmente para dormir - e seu cabelo não estava no típico penteado espetado, estava baixo e aparentava estar úmido.

Ambos travaram ao se encontrar no corredor, Megumi encarava Yuuji com uma feição surpresa e tímida, com os olhos fixos nos dele. Itadori pelo contrário, percorria seu olhar por toda a extensão de rosto de Megumi, guardando em sua memória a visão dele com o cabelo abaixado, as roupas casuais que mostravam sua clavícula e a expressão surpresa com as bochechas rosadas. Divino, belíssimo, indescritível.

-.. Itadori. - O moreno disse baixo quebrando o silêncio constrangedor, lembrando Itadori que ele estava no meio do caminho de Megumi, impedindo ele de andar.
- F-foi mal Fushiguro! Pode passar.. - Ele se esquivou sem jeito, se encostando na parede enquanto observava o garoto passar e parar alguns centímetros a frente.
- Obrigado. - Itadori o encarou confuso, trazendo uma leve irritação ao rosto de Megumi. - Por sair do caminho, idiota.
- Ah! Não foi nada, tenha uma boa noite Fushiguro. - Disse sem jeito.
- Você também.. vê se descansa. - Itadori o respondeu com um aceno e um sorriso, Megumi se virou e seguiu andando para seu quarto.

Itadori sorria sozinho agora, para si mesmo após essa interação idiota. Era genuinamente engraçado como ele ficava sem jeito perto de Megumi, amava realmente aquele garoto.
A visão de seu cabelo baixo não sairia tão cedo de sua mente. No momento em que ambos estivessem livres, ele confessaria seus sentimentos.

.•° ✿ °•. °•. ✿ .•°

Compensando o capítulo curto anterior, escrevi um mediano.
Talvez o próximo seja o último, não gosto de enrolação ^^
Como sempre: perdão por qualquer erro ortográfico e obrigada por ler até aqui, abraços!

Querido Diário - ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora