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"(Do I wanna know)
If this feeling flows both ways?
(Sad to see you go)
Was sorta hoping that you'd stay
(Baby, we both know)
That the nights were mainly made
For saying things that you can't say tomorrow day"
- Do I wanna know?, Artic Monkeys

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Sábado, 02:30.

Sempre que anoitecia o desespero cantava do lado de fora. Para alguns, por conta de maldições, para outros, por seus próprios demônios internos que eles tentam reprimir, na esperança de que quando fecharem os olhos, os monstros sumirão. Pessoas com esperanças sem fundamento, motivações vazias, se você não encarar o seu próprio abismo ele irá te comer vivo.
Megumi não gostava de pessoas com espírito fraco, talvez por isso gostava tanto de Itadori quanto  de quando anoitecia, todos ficavam mais sinceros, os sentimentos eram mais verdadeiros e suas reais facetas eram demonstradas querendo ou não, era o efeito do luar. A lua brilhava, com esperanças e medos de toda a cidade sendo refletidos de volta para cada um dentro de suas casas. O que é uma pessoa sem espírito? O que existe em alguém sem vontade própria? De quê vale a vida de alguém sem propósito?
Perguntas sem respostas, questionamentos tão vazios quanto as próprias pessoas que recebem tais perguntas.

Novamente, o moreno estava acordado, as poucas horas de sono mais cedo desconfiguraram totalmente seu horário de dormir, e em plena madrugada Megumi estava acesso como um farol em meio ao mar. Tentando guiar o caminho para um barco que ele nem sequer sabia se chegaria em seu destino. Preso em seus devaneios, perdido na varanda da cozinha enquanto tomava um chá de hibisco que havia feito para aliviar a ansiedade de seu peito, tentando encontrar a sua própria luz, o próprio farol que o guiará em suas decisões. Se ele sequer existir, já que Megumi navegava sozinho, seguindo o luar.

Estava um silêncio completo na escola, aparentemente todos - exceto Megumi - estavam dormindo, afinal, a maioria dos feiticeiros ainda teriam missões a cumprir pelo período da manhã. Agradecia aos céus por poder descansar no final de semana, mesmo que não valesse tanto se o seu sono continuava péssimo.

Mesmo que Megumi estivesse detonado devido a semana cheia, apenas aquele cochilo de pouco mais de duas horas fez seu sono ir embora, resultando nele acordando no meio da madrugada, e após minutos rolando na cama tentando dormir novamente, ele desistiu e decidiu ao menos fazer um chá para acalmar seus nervos. Tentou escrever, falhou, rasgou a página e largou o diário em cima da mesa, nada fazia sentido em sua mente naquele momento, todos os seus pensamentos se voltavam para as últimas semanas e dias, nunca esteve tão decidido quanto naquele momento, o único momento em que ele não poderia fazer nada, pois Itadori provavelmente estava dormindo
Ainda preso em sua mente, Megumi sentiu uma energia diferente se movimentar entre os corredores, alguém estava se aproximando, provavelmente outro com um péssimo sono que resolveu ir a cozinha.

Megumi não se deu o trabalho de virar para ver quem era, afinal, a porta de vidro da varanda estava fechada e quem quer que estivesse lá, saberia que não estava sozinho. Bebericando sua xícara de chá, ele apreciou o gosto amargo do hibisco descer quente pela garganta, aos poucos acalmando seus nervos, definitivamente era seu chá favorito. Alí, sendo agraciado pela luz da lua e pela gélida brisa que fazia seus cabelos baixos se moverem, de olhos fechados apenas sentindo o cheiro de seu chá e das árvores ao redor do complexo da escola, Megumi se sentiu em paz.

Até a porta de vidro ser aberta e todo o seu silêncio ser quebrado.

- Fushiguro? - A típica voz que fazia suas pernas tremerem, que ao recitar seu simples sobrenome, fazia seu coração errar uma batida. Nem grave nem aguda, um timbre mediano e extremamente calmante de se escutar.

Querido Diário - ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora