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"Daddy's gonna buy you a mockingbird
I'ma give you the world
I'ma buy a diamond ring for you
I'ma sing for you
I'll do anything for you to see you smile" - Mockingbird, Eminem.

Aviso rápido: esse capítulo se passa simultaneamente ao anterior, então enquanto os outros acontecimentos ocorrem, esse acontece ao mesmo tempo!

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- É raro você me chamar pra conversar. - Exclamava Gojo, sentado na cadeira da escrivaninha de Megumi, enquanto o moreno estava sentado na cama. Ambos em seu dormitório. - Então, qual o K.O?

Megumi tentava achar palavras para começar, mas não sabia o que dizer. "Estou apaixonado pelo meu melhor amigo, o que diabos eu faço?" não era a melhor escolha de palavras, além do mais, era para Gojo que ele estava se abrindo, não sabia qual seria sua reação exata, e isso o assustava um pouco.

- Não sei por onde começar..- Foi sincero, se encostando na parede da cabeceira de sua cama, com uma feição tristemente perdida em meio aos seus pensamentos. - Acho que eu estou apaixonado, e não sei o que fazer com isso.

Gojo o encarou por um tempo, surpreso, mas não em choque. Parte dele já imaginava, Megumi nunca esteve tão "distraído" em relação a outra pessoa antes, e após a chegada de Itadori, ele pôde sentir isso.

- Não sabe o que fazer? - Megumi acenou em negação com a cabeça. - Ora, fale pra ele!

A expressão de Megumi se agitou - ignorando o detalhe de Gojo sequer ter perguntado por quem era - em sua mente por alguns segundos, a idéia de se declarar era como um filme de terror, milhares de situações hipoteticamente assustadoras vieram em pensamentos destrutivos.

- Não! Nem pensar!
- E porquê não?! - O moreno se calou. - Vamos, me dê uma razão. Você é jovem, vive uma vida aonde a qualquer dia pode morrer e ter esse fardo dentro do seu peito, pode perder ele um dia e guardar esse arrependimento pelo resto da vida, Megumi, entende isso? - O mais velho andou até ele e se ajoelhou em sua frente. - Gosta do Itadori, eu sei disso e não preciso que me diga, se o seu medo é tomar um fora, não sei o que está fazendo aqui.

Megumi analisava as palavras de Gojo com calma, frase por frase, vírgula por vírgula antes de começar a falar.
- Eu... não sei como entender direito que eu estou apaixonado. - Sua expressão surpresa foi suavizando e se tornando uma feição de dor e tristeza. - Não sei exatamente entender esses sentimentos, é confuso e agoniante. E não tenho medo que ele me rejeite, tenho medo que me veja diferente depois disso.

Gojo afagou os cabelos negros espetados, descendo a mão para seu ombro, não quebrando o contato visual que acalmava o garoto aos poucos. Desligando seu lado professor e feiticeiro, para o lado que criou Megumi com panquecas queimadas e suco de laranja amargo de café da manhã.
O Satoru que o ajudava nas lições de casa, apenas piorando o trabalho bem feito de Megumi, que escutava Tsumiki falar de suas bobas paixões e via Megumi revirar os olhos toda vez. Seu lado fraternal.

- Acha mesmo que Yuuji te veria de forma diferente, ou só está com medo? - O questionamento afiado fez Megumi se encolher, mas ele escutava com atenção. - Independente do que escolha, tenha em mente que, se contar, não irá se arrepender de guardar isso pra você mesmo, não vai precisar remoer isso no túmulo ou ter uma hipótese de "como seria" se tivesse feito diferente no passado. E se ele te tratar com indiferença, é porque é simplesmente um imbecil.

Após o conselho, Gojo se levantou e se sentou ao seu lado na cama, pensativo em seus próprios erros e arrependimentos do passado. No fim, parece que o amor é o que move feiticeiros, pessoas comuns e todos no planeta. Um sentimento tão universal e sensível, pode tanto ser bonito de se ver quanto destrutivo, e principalmente autodestrutivo.
Megumi soltou um riso frouxo, encostando o corpo no ombro do mais velho, da mesma forma que fazia quando era um garotinho e o sono pesava seu corpo, mas dessa vez, ele não era mais uma criança.

- Parece ter propriedade em falar sobre isso. - Megumi disse baixo, mas Gojo ouvia perfeitamente.
- Pode acreditar.

Um sentimento confortável se instaurou no quarto, a ansiedade de Megumi não o torturava por breves momentos e os arrependimentos de Satoru não o devoravam internamente em agonia. Um momento de paz para ambos, seja como professor e aluno, pai e filho, um simples adulto aconselhando uma criança ou dois desconhecidos se trombando em uma viela entre ruas pobres e abandonadas pela esperança. Como na primeira vez em que Satoru foi seu apoio.

O moreno pensou em questionar, mas decidiu não comentar sobre a certeza de Gojo de que era Itadori, ou questionar suas experiências passadas. Ele simplesmente sabia o que dizer em certos momentos.

- Me conte se estiver namorando! - Gojo cantarolou, quebrando o silêncio do quarto enquanto se levantava.
- Some logo daqui. - Megumi resmungou. Satoru saiu sorrindo de seu quarto.

Ainda com um sorriso de orelha a orelha no rosto, no fim do corredor Gojo avistava Itadori saindo de um dos quartos, provavelmente de Kugisaki. Ele não diria que era uma das melhores pessoas para ler as emoções dos outros, mas ao analisar em poucos segundos a feição do garoto, tinha uma certa certeza de que se tratava do mesmo assunto que conversara com Megumi.
Lhe dando um sorriso bobo, Satoru apenas saiu andando, torcendo para que o coração de ambos se encontrem em união.

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Pequena observação que eu reparei apenas quando escrevi esse capítulo: Não me recordo de os dormitórios de jujutsu kaisen são separados por gênero, mas não é muito relevante essa informação, apenas me incomodou e eu gostaria de não ter cometido esse possível erro.

Enfim, obrigada por lerem até aqui, perdão por qualquer erro ortográfico e até o próximo. Abraços!

Querido Diário - ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora