Se acostumar é difícil.

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Ana, POV.

Se acostumar é difícil. Para todas as pessoas. Quando você mora toda a sua vida em um mundo onde as coisas são "normais", quando você se muda para um mundo onde,

Fantoches falam, você morre repetidamente, você pode ser um esfregão, um pato, ou um pequeno homem amarelo,

As coisas ficam difíceis demais para se acostumar.

E já se passou uma semana. As coisas ainda parecem não ter mudado muito.

O grande homem vermelho, Red, tenta conversar comigo de vez em quando. Ele parece animado em ter alguém novo, algo novo. De vez em quando, ele me olha pelo canto do olho, e eu retribuo, fazendo o mesmo se assustar e desviar o olhar como se estivesse fazendo algo de errado. Eu satisfaria a curiosidade dele respondendo todas as suas perguntas sem problemas, mas é tão difícil para mim iniciar uma conversa quanto é para ele.

O carinha amarelo, Yellow, é tão baixinho quanto eu. Eu poderia carregar ele nos braços como se fosse um grande cachorro, isso se eu não fosse tão fraca. Ele é tímido comigo, mas eu o observo com os outros dois; sempre ativo, curioso, e nem sempre cuidadoso com as palavras. Ele realmente se comporta como uma criança, e isso não é um xingamento. Eu já dei umas boas risadas das idiotices dele, e isso alivia toda a pressão que eu sinto por estar aqui.

E então, Duck. Qual o problema dele comigo? Vai fazer uma semana e meia que eu estou aqui, e esse cara continua me tratando como se eu desprezasse todos lá. Sim, eu acho tudo isso estranho. Mas quem não acharia?

Eu estou presa em no meu desenho de infância. É um pouco difícil agir como se fosse apenas mais um dia tranquilo num domingo.

Ah, e ainda não vimos um professor.

Os outros parecem chateados por isso? Mas por quê? Eu pensei que os professores eram os tais que nos matariam brutalmente? E eles sentiam saudade disso. Isso me fez perceber que ficar presos aqui realmente afetava eles.

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Narrador, POV.

A

humana estava sentada na sala, passando as páginas de um livro da qual ela havia achado. Ela franziu a testa, um olhar confuso em seu rosto. O livro era " ". E havia " " nele.

Exatamente, nada.

As folhas eram tão brancas quanto as nuvens cômicas que estavam no céu. Ela deixou a cabeça se inclinar para um lado em confusão, e então olhou ao redor, vendo uma caneta convenientemente pousando no chão a frente dela. E isso a assustou um pouco.

Ela pegou a caneta, voltando à capa do livro em branco, e escrevando na superfície inapropriada para tal ação.

"Diário".

Parecia auto-explicativo o suficiente. Ela levou um segundo susto em poucos minutos quando a porta foi aberta inesperadamente, e seu olhar rapidamente caiu sobre o homem vermelho que a encarava de volta com surpresa.

– ... Eu te assustei? – Ele perguntou, culpa em sua voz enquanto dava um passo para trás, pronto para sair do cômodo caso fosse avisado de que estava incomodando. Mas ao envés, foi recebido com um sorriso nervoso da menina, que estava tão sem graça quanto ele.

– Não! Quer dizer, sim. Mas não é sua culpa. Eu me assusto fácil de qualquer jeito... – Ela respondeu, e desviou o olhar, encarando o chão. E o homem retribuiu com a mesma ação.

E silêncio caiu sobre a sala.

Seria mais fácil conversar sobre algo se eles realmente tivessem feito algo nessas semanas, e não apenas evitado um ao outro. Isso é o senso comum a se fazer quando o clima está tão pesado, certo?

Red estava pronto para sair da sala, agarrando a maçaneta e dando um passo para trás novamente, mas dessa vez foi parado.

– Calma! – Ele rapidamente voltou seu olhar para Ana, que estava de pé e com o livro em mãos. – Você... Quer escrever? Ou desenhar? Eu sou boa em desenhar, posso te ensinar um pouco. – Ela ofereceu com um sorriso amigável, e o outro presente na sala não pode deixar de se surpreender.

Escrever? Desenhar? Coisas novas naquele lugar, certamente.

Ele se aproximou timidamente, se sentando na sua própria poltrona e encolhendo as pernas, sem graça. A menina puxou uma cadeira para perto, deitando o livro no colo de Red, e o entregando a caneta.

O mesmo hesitou, sem ter certeza de que conseguiria fazer algo. E a humana percebeu o olhar de incerteza. Ela sorriu, levando a própria mão para o pulso do homem, fazendo a ponta da caneta manchar o papél branco.

– Eu sei que você está incerto. Tudo bem, todos começamos assim. Nem sempre temos certeza se somos capazes, mas o importante é tentar. – Ela falou, as palavras simplesmente saindo da mente e rolando pela língua. O homem parecia surpreso, mas concordou mentalmente, os olhos vagando pela folha limpa.

– Você provavelmente já passou por muitas coisas, não? Tente representar uma delas aqui. – Ela completou, e ele hesitou. Com um suspiro, ele começou a desenhar, um rabisco confuso e estranho.

A garota ergueu uma sobrancelha, reprimindo a risada que ousaria sair de sua garganta

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A garota ergueu uma sobrancelha, reprimindo a risada que ousaria sair de sua garganta.

– Não entendi... – Ela afirmou, inclinando a cabeça para o lado enquanto pegava o livro e o trazia para mais perto.

– É porque uma vez Duck morreu, então nós fizemos um de mentira. O verdadeiro voltou, teve uma confusão e... – Ele parou por um momento, pensando na catástrofe que foi aquele dia. – ... Matamos um deles. Não sabemos se foi o falso ou o verdadeiro. Mas não importa muito, os dois eram a mesma coisa.

Enquanto Red dava sua explicação, Ana estava com os olhos arregalados, encarando o rapaz, boquiaberta. Ela piscou algumas vezes, olhando para o nada.

– Eu só espero que não aconteça nada parecido comigo... – Irá.

Ele deu uma risada sem graça em resposta, e o clima pesado voltou na sala, os dois com os olhares para lugares diferentes.

– Foi mesmo um dia estranho. – Yellow opinou, sua voz soando atrás dos dois, entre eles, dando um susto em ambos.

– Porra! De onde você veio?! Você é tão pequeno que sequer te virmos passar pela porta?! – A humana questionou, ofegante, levando a mão ao peito. Red fazia o mesmo, encarando o pequeno homem com olhos arregalados.

– Sinto muito... Eu só queria avisar que o novo professor chegou.



















A humana e Red compartilharam olhares, os olhos da garota arregalados, e ela ficou pálida por um momento. Provavelmente o coração dela errou uma batida.

– ... Quem chegou...?












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⏰ Última atualização: Jul 18, 2024 ⏰

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