I. O início do verão

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Sunset Bay, Início do verão de 2005.

O sol do início da manhã brilhava ainda timidamente, tingindo o céu de um dourado suave que iluminava o rosto bronzeado de Camila e fazia a água azul-turquesa cintilar como se estivesse salpicada de diamantes. A prancha de surfe repousava entre suas pernas, uma extensão natural de seu corpo, balançando levemente enquanto seus pés se moviam ritmicamente na água gelada. Seus olhos atentos escaneavam o horizonte em busca de uma boa onda, e, finalmente, após mais de uma hora de paciência, ela a avistou. Com movimentos coordenados, seus braços se moveram alternadamente, remando com determinação. Usando as laterais da prancha para impulsionar seu corpo para cima, Camila se ergueu com precisão.

Sentiu a prancha cortar a onda, ganhando velocidade enquanto seu corpo se curvava em sintonia com a prancha durante um habilidoso giro. Seus dedos tocaram a água fria ao alcançar a base da onda, usando o peso do corpo para fazer a prancha subir novamente. Ao alcançar o ponto mais alto, ela se preparou para outra curva, a água salgada espirrando e molhando seu cabelo preso em um forte rabo de cavalo.

Com um sorriso satisfeito, Camila deslizou da prancha assim que a onda se desfez, nadando de volta para a margem. Depois da terapia, seu dia finalmente começara. O som agudo de um assobio invadiu seus ouvidos e, ao buscar a fonte, ela riu ao reconhecer sua amiga Dinah. A loira permanecia de pé na areia, aplaudindo enquanto Camila se aproximava risonha. As duas começaram a caminhar lado a lado, com a prancha de surfe branca, suja de parafina, repousando embaixo do braço da morena.

— Aquela rasgada foi de outro mundo — Dinah comentou.

Camila apenas sorriu e balançou a cabeça em um gesto de modesta recusa.

— Não faça parecer mais impressionante do que realmente foi, mas a água estava uma delícia. Você perdeu.

— Bem, nem todo mundo tem o privilégio de ser a filha do patrão — Dinah respondeu, dando de ombros.

Chegaram à frente do deque do velho bar, o Laguna era uma construção de madeira antiga situada à beira da praia, exalava um charme rústico e aconchegante. O salitre embelezava alguns pontos das grandes vigas que sustentavam o telhado de palha trançada. As paredes desgastadas, pintadas de amarelo desbotado, estavam decoradas com placas de boas-vindas, pinturas marítimas e pranchas de surfe. Mesas de madeira estavam espalhadas pelo deque, chegando até a areia. Camila pisou firme no chão de tábuas, sentindo uma delas ranger sob seu pé.

— O capitalismo é mesmo uma vadia injusta — disse ela, correndo as mãos para a parte de trás do pescoço, onde alcançava o zíper da roupa preta de neoprene que vestia.

— Nem me fale — a voz grave de Lucas surgiu quando ele passou pelas duas garotas, carregando cadeiras de madeira sobre a cabeça. Desajeitadamente, ele as depositou sobre a areia e virou-se para encarar Camila. — Posso saber onde vocês se meteram ontem quando eu tive que fechar o bar sozinho?

Dinah lançou um olhar cúmplice para Camila, que agora terminava de abotoar o short jeans sobre o biquíni azul. As duas contiveram o riso antes que Camila se dirigisse a Lucas.

— Tínhamos um compromisso inadiável — ela deu de ombros.

— Que coincidência — Lucas disse em tom irônico, cruzando os braços em frente ao torso. — Hoje é quinta-feira, o que significa que as chances de vocês me terem deixado sozinho para assistir The OC na TV são bem altas.

Dinah colocou a mão sobre o peito dramaticamente, provocando um sorriso discreto em Camila.

— Lucas Scott, nunca mais nos acuse de algo tão baixo.

Corrente de retorno | CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora