O Maldito Sim

546 68 63
                                    

13/04/2023 | 21:00 - Pattaya

Point of View - Faye Malisorn

Nunca imaginei que me encontraria tão atordoada. Mesmo tentando me afastar, ainda sinto meu corpo anestesiado. Precisava desesperadamente de um banho. Caminhei pela casa ainda úmida, tremendo de frio. Yoko decidiu não entrar; disse que ficaria um pouco mais, e talvez fosse melhor assim. Finalmente cheguei ao banheiro do meu quarto, tranquei a porta e pude finalmente respirar. Ela tirava meu fôlego. Tirei minhas roupas molhadas lentamente e entrei no chuveiro. Agora só se ouvia o som das gotas quentes caindo pelo meu corpo, trazendo o alívio que tanto buscava. A cada minuto, sentia meu corpo relaxar mais e mais, como se todo peso desaparecesse. A sensação era tão intensa que permiti a mim mesma fechar os olhos. Má ideia. Sua boca, seus olhos, sua pele... tudo vinha à mente. Como a desejei naquela jacuzzi. Seria esse o meu fim? Os pensamentos se intensificaram, recordando seus detalhes, como ela me chamava com sua voz doce e levemente rouca. Isso fazia minha intimidade pulsar. Passei as mãos pelo corpo e desci lentamente, erguendo a cabeça e fechando os olhos com força. Deveria? Não deveria? Deveria? Não. Com certeza não. De volta à realidade, desliguei o chuveiro rapidamente. Não conseguiria fugir de mim mesma, nem mesmo durante um banho. Agora, em frente ao espelho, penteava meu cabelo para trás. Eu realmente iria fazer isso? Me masturbar pensando em Yoko? Eu poderia ser tão baixa a esse ponto?

Estava tão confusa que sentia que poderia explodir. Minha mente era um turbilhão, enquanto na mesa à minha frente permanecia em total silêncio. Yoko havia cozinhado um simples macarrão enquanto eu tomava banho, mas pelo visto, nenhuma de nós tinha fome.

—  Sem fome? - Perguntei, cortando o silêncio. Era o mínimo.

—  Eu que deveria perguntar, Mali. O que houve? Não está bom? - Ela perguntou sem me encarar, olhando para o próprio prato, onde enrolava um macarrão que, sabíamos bem, não comeria.

— Está delicioso. Eu apenas estou com a mente atordoada - Não era novidade, mas ultimamente os dias pareciam estar competindo para ver qual seria pior.

— Sei que pode parecer estranho tocar nesse assunto, Mali, principalmente vindo de mim, mas amanhã à noite é o "grande dia" - Ela fez aspas com as mãos. — E ainda não entendo o que faremos de fato. - Sim, ela avisou. Estava realmente surpresa por ela tocar em um assunto que eu queria evitar, mas ela tinha razão. Precisávamos elaborar nosso plano para poder voltar a ser como éramos antes. Respirei fundo, buscando uma resposta. Afinal, era simples; tudo o que precisávamos fazer se resumia a um simples "Não".

— Bom, amanhã chegaremos pela manhã, nos separaremos para nos preparar como noivas. O plano é: no altar, quando for perguntada, direi "Sim, aceito", e você só precisa dizer que não aceita. Eles precisam pensar que eu realmente quis esse casamento e estou sendo rejeitada. - Não era como se já não estivesse sendo, mas tudo valeria a pena para retomar nossa amizade. Eu já arrisquei tanto que passar vergonha diante de amigos e familiares no altar não se comparava à dor que causei e à que senti.

— Certo, entendi. Mas tenho que admitir, Mali, estou com medo. - Medo? Eu realmente não entendia. Talvez ela estivesse apenas falando da reação das pessoas.

— Não se preocupe. Dará tudo certo, eu prometo a você. Voltaremos a ser amigas como antes, e talvez meus pais desistam da ideia de que eu me case e não tenha que me afastar de você. - Falei, acariciando suas mãos sobre a mesa. Um silêncio pairou entre nós, e nos olhamos intensamente, como horas antes.

— Está tarde! - Puxei minhas mãos na minha direção, olhando para o relógio de pulso e me levantando rapidamente.

— Mali... - Ela me chamou docemente. Ela ainda acabaria comigo assim.

O Maldito Sim Onde histórias criam vida. Descubra agora