LARA

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Eu sei que alguém está aqui

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Eu sei que alguém está aqui.

O quarto está silencioso, mas o acesso à varanda está aberto. Escuro, apesar das luzes residenciais de Madrid se manterem acessas pela madrugada. Não há nenhum vestígio de presença na linha retilínea que contém o lounge acompanhado de um pole dance idêntico ao da área de show à minha direita, muito perto do sofá, e nenhum sinal de alguém na cama vermelho-vinho ao lado do pole. LED da cor de sangue sempre se mantendo presente. Os meus ouvidos captam o barulho de água corrente na hidromassagem ligada, com um chuveiro livre de restrições ao meu lado, poucos metros da porta. O frio leve do ar-condicionado ativado. O aroma de um cômodo limpo sobrevoando. Não existem quadros sexuais na parede como nos quartos do andar abaixo, para a minha imensa alegria, já que a maioria consegue ser bem brochante de se ver.

Os homens devem gostar, no entanto. A imagem de uma mulher de pernas abertas não é o tipo de coisa que os desagrade.

Quantos filmes já não mostraram a existência de pôsteres de modelos ou atrizes sem roupa onde eles dormem? Na parede ou no guarda-roupa? Ou, até mesmo, uma foto impressa escondida na carteira? Era quase cultural possuir uma revista da Playboy nos anos noventa e anteriores. Hoje existem sites com vídeos adultos de fácil acesso que podem serem armazenados no celular, e qualquer pessoa também pode faturar com conteúdo pago. Histórias em HQs com os famosos quadrinhos em ilustração já vem de muito tempo, então se junta as antigas revistas adultas.

Por isso, o meu pensamento está mais do que certo. Um quadro explícito no Diamond deve ser um colírio para o sexo masculino.

Quase esqueci que Zoe e Hannah também gostam.

Visualmente ao redor, não há uma pessoa. Não há ninguém além de mim. O espaço entre as quatro paredes escuras está limpo de outra presença humana, e uma música toca baixinho do sistema de som embutido no quarto. O espelho no teto está lá, igual nos motéis. Enorme. Bem acima da cama. Sempre tive curiosidade para saber como é, se de fato consegue ser tão excitante como dizem, e tenho total consciência de que a minha curiosidade oculta vai me levar a lugares que me fazem desconstruir uma parte de mim mesma.

Ou liberar uma parte de mim mesma.

Morrer para nascer.

Se aventurar para descobrir.

Encontrar o lugar certo.

O lugar que faça morrer a minha versão boa e nascer a versão proibida. Ou, apenas, libera-la de vez em quando. A versão que escondo desde adolescente porque nunca tive com quem dividir. A maioria acha tudo isso muito obsceno, os gostos para certas aventuras são classificadas como pecaminosas, e não nego que seja.

Lara • Brahim Díaz e Jude BellinghamOnde histórias criam vida. Descubra agora