Distrito

87 17 4
                                    

     Seungmin começava a acordar devagar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Seungmin começava a acordar devagar. Sentia seu corpo doído de tantas horas dormindo na mesma posição. O corpo quente de Chan estava mole e pesado, ele ainda dormia profundamente, abraçado em seu tronco e o rosto perto demais de seu pescoço. Não era ruim - não mesmo -, mas era estranho. Nunca ficou tão próximo de alguém desse jeito, muito menos de uma pessoa que o odiava há pouco tempo atrás.
Tentou se mover minimamente para se soltar dos braços fortes do Bang quando se assustou com Minho abrindo a porta da cabine com força e apressado, o fazendo cair no chão.

- Chan, pelo amor de todos os deuses - o Lee ajudava o meio-elfo a se levantar. - O navio está afundando!

- Me dá mais cinco minutos, por favor... - tentava puxar o corpo de Seungmin para se deitar novamente.

- Capitão, o Distrito vai afundar!

O capitão acordou de uma vez, assustado depois que raciocinou a informação.

- Como assim, Minho?!

- Os reparos que fizemos não foram suficientes - os três desciam para o porão do navio vendo que a água subiu tanto que era impossível chegar nos pisos inferiores. - Quando fomos preparar a refeição a água já tinha tomado quase tudo.

- Precisamos preparar os botes!

- Já estão preparados, capitão - Minho apontava para os botes conectados com cordas. - Providenciamos tudo antes de te acordar.

- Meu baú... - ia se dirigir a cabine quando seu braço foi agarrado pelo Lee.

- Chan, não temos tempo ou espaço para mais baús.

- Mas...

- Pegamos ouro, comida e mapas suficiente.

- Capitão, lembre-se que temos mais pessoas - Changbin ajudava a tripulação a descer do navio. - Se colocarmos mais um baú, teremos que tirar algo ou afundaremos.

- Vão na frente, então... - sentia um nó crescendo em sua garganta. - Preciso fazer uma coisa antes.

Chan foi até sua cabine ouvindo a evacuação do navio. Se ajoelhou com lágrimas em frente de seu baú velho. Ao abrir viu as roupas de sua falecida esposa e filha. Ele guardava todas com muito carinho e cuidado, era apenas isso que havia sobrado de suas memórias.

- Nabi, meu amor... - abraçava um vestido branco, o preferido de sua mulher. - Prometi cuidar de vocês e não consegui cumprir com meu papel de pai e marido... - as lágrimas molhavam o tecido. Não tinha palavras, apenas seus sentimentos que fluíam. - Peço que me perdoe por deixá-las mais uma vez...

O Distrito balançava cada vez mais que afundava, realmente não havia mais nada há se fazer. Chan se arrastou para fora da embarcação que tanto amava. Construiu aquele navio com seu próprio suor, sangue e lágrimas. Amava cada pedacinho de farpa e pano. Sentia que perdia parte de seu coração ao sair de lá sem ter feito nada para tentar reverter a situação.
Olhavam de longe todas as memórias, sentimentos, lembranças, festas, jogos, tudo que viveram e fizeram afundando aos poucos. O mastro quebrando e sendo levado para o fundo do oceano deixou Hyunjin muito abalado. Passou mais dias de sua vida naquela gávea do que em uma cama ou até em terra. A proa se afundando fez com que Jeongin e Changbin se abrassaçem. Toda a cantoria, bebedeira, jogos, conversa sobre as mais belas mulheres haviam sido nela. Jisung e Felix choravam baixo sabendo que haviam perdido sua casa mais uma vez. Minho mesmo triste por perder tudo o que tinha, tinha um leve sentimento de alívio por ninguém ter se ferido e Chan... Christopher não conseguia tirar os olhos da madeira se afogando. Toda a sua vida estava nelas.
Sentou e chorou. Nunca tinha chorado em frente à sua tripulação, não de tristeza. Suas lágrimas doloridas encharcavam sua camisa e deixavam seu rosto inchado e vermelho. Seu peito doía e era difícil respirar. Tentava falar algo, mas não saíam palavras de sua boca. Seus meninos estavam quase em choque, mas respiraram fundo e tentaram dar o suporte necessário.

Olho por Olho | SeungChanOnde histórias criam vida. Descubra agora