O abismo entre nós - Capitão Nascimento

Isso é bom?

Roberto não era tão ruim quanto eu pensava. Ele era cabeça dura, claro, mas no fundo tem um bom coração.
Apesar das nossas diferenças, conseguimos chegar a um acordo, onde ele mudaria as abordagens do Batalhão dele e eu não publicaria críticas tão duras contra ele.

Roberto acabará de sair do meu escritório e eu decidi ir jantar.
Em casa coloco um vestido soltinho e um chinelo havaianas no pé, ninguém tem o direito de me julgar, observo as cuecas no meu armário, acabei um relacionamento longo a poucos dias, Rodrigo esqueceu suas coisas aqui e garanto que foi uma desculpa pra vir buscar. Enfim, pego minhas chaves e dirijo até meu restaurante favorito, o “Kabana 's”. Ficava ali perto de Copacabana, e o pessoal que trabalha lá já são meus amigos.

Estaciono meu Porsche que ralei tanto pra conseguir.

—Oi, Boa noite! Preciso de 1 mesa – Cumprimento a moça que no crachá de identificação diz Raissa.

—Olá, Bem vinda! Pode ficar à vontade e escolher – Sorriu educada.

—Obrigada.

Dou uma olhada no salão e minha mesa preferida está vazia, me sento e tiro uma foto da vista. A praia está linda, devia ter trazido biquíni.
Faço meu pedido, salmão grelhado.

Enquanto meu pedido não chega entro no Twitter, nos tópicos mais falados está ‘‘BOPE”, a discussão só aumentava e estavam pedindo o afastamento do Capitão Nascimento, fizeram até um abaixo assinado. Rolando mais as postagens encontrei um perfil que pedia a minha exoneração do cargo de deputada, segundo ele eu não estava fazendo meu trabalho direito e só espalhava ódio.

Soltei uma risada sincera, puta que pariu essa pessoa acha mesmo que as minhas falas são de ódio, e não a conduta da PMERJ.

O bar começou a ficar mais movimentado, observei as pessoas do ambiente e encontro um olhar que eu conhecia bem, Roberto. Surpresa em encontrá-lo ali, quer dizer… eu sempre venho aqui e nunca percebi ele, será que ele vem aqui sempre?

Ah não, droga… ele está vindo em minha direção, disfarcei olhando para o cardápio. ‘Tô parecendo uma colegial boba, mas ele é realmente atraente, um corpo não tão definido, mas alto, forte e largo… uau.

—Athena, que surpresa encontrá-la aqui – Ditou com aquela voz grossa, autoritária que molha a calcinha de qualquer uma.

Olhei para cima como quem não quer nada

—Roberto! Surpresa digo eu… – Sorri meio envergonhada sobre meus pensamentos.

—Está esperando alguém? – Sorriu – O namorado?

Sorri sem graça, por que ele quer saber se tenho namorado?

—Ah não, não. Eu só vim jantar, aproveitar essa noite bonita… sozinha – Prolonguei a última palavra, queria deixar claro que não tenho namorado.

Roberto assentiu e se sentou à minha frente.

—Bom, então vou fazer companhia a você. O Rio de Janeiro é perigoso, ainda mais para moças bonitas que estão sozinhas. – Falou tudo isso com um sorriso cafajeste no rosto bonito dele…

Sorri com o elogio.

—Como posso recusar isso… eu já pedi salmão, você gosta?

—Gosto do que você gostar. – Falou sem rodeios.
Nossa, ele tá querendo mesmo em…

—Bom, eu gosto de respeitar os direitos de cidadãos – Brinquei com ele

Roberto soltou uma risada gostosa, balançando a cabeça e escorou-se sobre as mãos me olhando.